Em carta, Palocci pede desfiliação do PT
No documento, que contém quatro páginas, ex-ministro apresenta motivos pelos quais resolveu pedir para sair do partido
O ex-ministro Antonio Palocci enviou nesta terça-feira, 26, uma carta ao Partido dos Trabalhadores (PT), em que pede a desfiliação da legenda. No documento de quatro páginas, endereçado à presidente do partido, senadora Gleise Hoffmann, ele apresenta os motivos pelos quais resolveu pedir a desfiliação.
Palocci, que negocia um acordo de deleção premiada com o Ministério Público Federal, confirma todas as acusações que foram feitas em depoimento ao juiz Sérgio Moro no dia 13 de setembro e ainda sugere que o PT firme um acordo de leniência “reconhecendo as graves falhas e enfrentando a verdade”, afirma o ex-ministro.
“Estou disposto a enfrentar qualquer procedimento de natureza ética no partido sobre as ilegalidades que cometi durante nossos governos, as razões e as circunstâncias que me levaram a estes atos e, mesmo considerando a força das contingências históricas, suportar pessoalmente as punições que o partido julgar cabíveis”, diz trecho do documento.
Na carta, Polocci, que ajudou a fundar o PT, diz que recebeu o procedimento de expulsão com “estranheza”. “Enquanto os fatos me eram imputados e eu me mantive calado, não se cogitava minha expulsão. Ao contrário, era enaltecido por um palavrório vazio. Agora, que resolvo mudar minha linha de defesa e falar a verdade, me vejo diante de um tribunal inquisitório dentro do próprio PT. Qual critério do partido?”, questiona.
No documento, o ex-ministro pergunta ainda até quando os correligionários acreditarão “na autoproclamação do 'homem mais honesto do país' enquanto os presentes, os sítios, os apartamentos e até o prédio do Instituto Lula são atribuídos à dona Marisa?”, em referência ao ex-presidente.
“Quero adiantar que, sobre as informações prestadas (compra do prédio para o Instituto Lula, doações da Odebrecht para o PT, ao Instituto Lula, reunião com Dilma e Gabrielli sobre as sondas e a campanha de 2010), são fatos absolutamente verdadeiros. Situações que presenciei, acompanhei ou coordenei, normalmente junto ou a pedido do ex-presidente Lula. Tenho certeza que, mais cedo ou mais tarde, o próprio Lula irá confirmar tudo isso, como chegou a fazer com o mensalão”, afirma Palocci.
O ex-ministro ainda questiona a relação do PT com seu principal líder. “Afinal, somos um partido político sob a liderança de pessoas de carne e osso, ou somos uma seita guiada por uma pretensa divindade? Chegou a hora da verdade para nós”.
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Foto: Antonio Cruz/ABr e reprodução