Lava Jato aponta que Palocci teria recebido até R$ 128 milhões de Odebrecht
Lava Jato aponta que Palocci teria recebido até R$ 128 milhões de Odebrecht

Lava Jato aponta que Palocci teria recebido até R$ 128 milhões de Odebrecht

Juiz Sérgio Moro destaca que pagamentos seriam fruto de acordos que beneficiassem Odebrecht em contrato com a Petrobrás e financiamentos no exterior

A razão para o juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, Sérgio Moro, de determinar a prisão temporária do ex-ministro da Casa Civil e da Fazenda, e ex-prefeito de Ribeirão Preto, Antônio Palocci Filho, é por considerar que Palocci teria recebido propinas de Marcelo Odebrecht, desde 2006, estendendo a relação “por anos”, em benefício dos interesses do dono da construtora.

Moro apontou que a prisão se deu em razão da necessidade de se apurar mais o envolvimento do político com Odebrecht, sob “risco a ordem pública”. Mesmo assim, o juiz aponta que o tempo de prisão temporária – cinco dias, com revisão por mais cinco -, ainda é insuficiente para recolher todo material necessário para denúncia, e por isso, espera que “depoimentos dos investigados joguem melhor luz sobre o mundo de sombras que encobre a sua atividade”, apontou em despacho do dia 12 de setembro.

A justiça acredita que Palocci teria recebido aproximadamente R$ 128 milhões do empresário Marcelo Odebrecht, em matérias da época que ele exerceu o mandato de deputado federal, e que teria influenciado votações que beneficiariam a construtora, já ele era um dos políticos mais influentes do PT no Congresso Nacional.

Moro deu a autorização para investigação da Polícia Federal sobre a participação de Palocci em esquemas de formação de cartel, fraude, corrupção e lavagem de dinheiro, identificando o ex-ministro a partir da apreensão de uma planilha de pagamentos nomeada de "Posição Programa Especial Italiano", de julho de 2012.

“Italiano” seria o codinome de Palocci, dado por Marcelo Odebrecht. Segundo as investigações, a planilha retrataria repasses financeiros para integrantes do PT pelo Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, em forma de doações para campanhas eleitorais. Palocci seria um dos principais interlocutores do partido que receberia o dinheiro.

“Sua importância reflete-se no próprio título da planilha ‘Posição Programa Especial Italiano’", destacou Moro na decisão, que apontou que os documentos recolhidos pela Operação Lava Jato indicam que o empresário enviou mensagens a executivos da empresa informando que ‘Italiano’ havia solicitado uma reunião com ele para entrarem em acordo sobre uma ‘contrapartida’, decorrente do apoio fornecido pelo então deputado para a aprovação de medidas fiscais na Medida Provisória 460/2009 que beneficiaria o Grupo Odebrecht, informou no despacho.

No documento, Moro aponta que as mensagens sugerem solicitação do Grupo Odebrecht ao ex-ministro para que fosse aumentada uma linha de crédito de US$ 700 milhões para US$ 1,2 bilhão, pelo Banco Nacional para o Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para investimentos em Angola, o que poderia resultar em propina de US$ 50 milhões.

O despacho ainda mostra que a Polícia Federal constatou que Palocci teria sido procurado por Marcelo Odebrecht em diversas oportunidades para obter apoio para a obtenção de contratos de construção de navios­sonda para a exploração do Pré­sal.


Antonio Cruz/ABr

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