
Venda de avião por empresa de RP motiva operação da PF
PF investiga relação de lavagem de dinheiro a avião de Eduardo Campos; 60 mandados judiciais foram cumpridos nesta terça-feira, 21
O avião usado pelo ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB) na última campanha presidencial levou a Polícia Federal (PF) a investigar um suposto esquema de lavagem de dinheiro que atuava em Pernambuco e Goiás e que teria movimentado mais de R$ 600 milhões desde 2010. A operação Turbulência cumpre nesta terça-feira, 21, cinco mandados prisão preventiva contra suspeitos que integrariam a organização criminosa.
De acordo com a PF, a investigação começou a partir da análise de movimentações financeiras das contas de empresas envolvidas na aquisição da aeronave Cessna Citation PR-AFA, que transportava Campos na campanha à Presidência da República. No dia 13 de agosto de 2014, o avião caiu em Santos, litoral paulista, matando sete pessoas, entre elas, o ex-governador.
De acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o avião estava registrado como propriedade do Grupo AF Andrade, de Ribeirão Preto, porém a empresa afirma que repassou a aeronave para o empresário João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho, que emprestou o avião para Eduardo Campos realizar as viagens de campanha.
Em nota, a polícia afirma que constatou que algumas dessas empresas eram de fachada e estavam em nome de “laranjas”. Ainda segundo divulgado pela corporação, as empresas faziam transações entre si e com outras empresas fantasmas – inclusive com algumas investigadas na Operação Lava Jato.
Há suspeita de que parte dos recursos que passaram pelas contas examinadas servia para pagamento de propina a políticos e formação de caixa 2 de empreiteiras. O esquema sob apuração encontrava-se ativo, pelo menos, desde 2010.
Entre as transações, está justamente a do repasse do avião, que teria movimentado R$ 1,7 milhão. Nos documentos da transação, a PF identificou os compradores da aeronave, e esse foi um dos caminhos utilizados pela polícia para iniciar a Operação Turbulência.
Além das cinco prisões preventivas, são cumpridos outros 55 mandados judiciais, dos quais 33 de busca e apreensão e 22 de condução coercitiva. Também foi determinada a indisponibilidade de contas e o sequestro de embarcações, aeronaves e helicópteros dos principais suspeitos.
Os mandados judiciais estão sendo cumpridos em 18 localidades de Pernambuco, entre bairros do Recife e cidades do interior de Pernambuco. Tanto os presos quanto os conduzidos coercitivamente serão levados para a sede da Polícia Federal no Recife. Os envolvidos responderão, na medida de seu grau de participação, pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica.
Foto: Chris Abigail/Agência Brasil