Projeto leva arte para adolescentes da Fundação Casa de Sertãozinho
Segundo a professora responsável, o projeto surgiu por acaso e em um momento de descontração dos alunos

Projeto leva arte para adolescentes da Fundação Casa de Sertãozinho

A ação, além de alavancar a autoestima dos garotos, os incentiva a seguir o caminho como profissão

Para ajudar na reintegração dos adolescentes, a Fundação Casa – Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente – de Sertãozinho promove um projeto de ressocialização com os internos. A ação, que é realizada em conjunto com a professora Sandra Cristina Camargo, traz a arte para a vida de meninos que sonham em ser “bem vistos”, novamente, pela sociedade.

Segundo Sandra, o projeto começou por acaso. Ela explica que ao terminar as tarefas em sala de aula, era disponibilizado papel e canetinhas para acalmar e divertir os alunos. Com o passar do tempo, a professora foi percebendo que os jovens tinham talento. “No início, fui deixando eles escreverem mensagens para o Dia das Mães e outras datas, mas, para nossa surpresa, foram aparecendo desenhos uns mais bonitos que os outros", comenta.

Desenho da copaA professora conta que o trabalho alavancou a autoestima dos meninos. Antes do projeto, eles não se sentiam parte da sociedade e não enxergavam um propósito ou importância na vida. “Quando estão desenhando, eles mudam totalmente. Muitas vezes estão, até, cantando, coisa que não víamos antes. Dizem que querem trabalhar com isso, mas, acima de tudo, querem ser o orgulho da mãe", diz.

Para Sandra, o que falta na vida desses jovens é um empurrão e incentivo. “Eu sempre peço a eles que olhem para frente, o que passou tem de servir de aprendizado e lição", conta a professora.

Já a agente educacional e psicóloga da fundação, Silvana Aparecida Gomes, que trabalha para mostrar aos jovens que a mudança é possível, sonha com o dia que não haverá mais a discriminação contra os meninos que passam pelo local. “Quem passa por aqui fica marcado, não consegue se matricular em escolas, nem conseguir empregos. Eu gostaria que entendessem que a fundação é uma escola, e não uma cadeia, aqui não é o fim da linha, e sim o começo de uma nova vida. Já ouvi meninos falarem para mim, 'eu não sou nada', isso é horrível para uma criança dizer", comenta Silvana.
 

Trabalhos expostos
Maria Luiza Domingos, Sandra Cristina Camargo e Lucimara Prudêncio
Os desenhos dos internos ganharam lugares especiais na fundação. A exposição, segundo Sandra, só foi possível graças à ajuda dos colegas do local. “Muitos professores cederam aulas para ajudar a expor os trabalhos. Os materiais que levo tem de passar por revistas até saírem da fundação, se eu não tivesse a ajuda de alguns professores e funcionários, o meu trabalho não terminaria, ganhei amigos e aliados nesse processo", afirma.

Além desses colegas, a professora conta que também contou com o suporte da psicóloga Silvana, da coordenadora pedagógica Maria Luiza Domingos e da diretora Lucimara Prudêncio.

Segundo a professora, os jovens da fundação entraram de cabeça nesse projeto. Para eles, esta é uma maneira de mostrar quem realmente são. Prova disso são algumas frases dos trabalhos de jovens que desejam mudar de vida: 

– “Me sinto muito orgulhoso”

– “É muito bom escutar um elogio”

– “Precisamos mostrar que aqui dentro nós somos humanos”

– “Este dom foi Deus quem deu, e vou aproveitar. Esta é uma profissão que quero seguir, quero ser desenhista”

 


Foto: Leonardo Santos

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