Candidato a vereador e policiais militares são investigados por envolvimento com o PCC em Ribeirão

Candidato a vereador e policiais militares são investigados por envolvimento com o PCC em Ribeirão

Operação em conjunto do Gaeco e da Polícia Militar prendeu cinco pessoas envolvidas com a facção criminosa; Ministério Público não divulgou nome dos investigados

Cinco pessoas foram presas nesta segunda-feira, 9, em Ribeirão Preto, acusadas de envolvimento com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). As prisões fazem parte da Operação Kleptos, fruto de um trabalho em conjunto do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público, e da Polícia Militar. Foram cumpridos sete mandados de prisão e 13 mandados de busca e apreensão contra oito alvos. Os mandados foram expedidos pela Justiça Criminal e Eleitoral de Ribeirão Preto, além do Tribunal de Justiça Militar do Estado de São Paulo.

A investigação também apurou que um advogado do PCC se lançou candidato a vereador e contava com o apoio da facção. "As investigações indicaram a participação de pelo menos um advogado ligado à organização criminosa, que estaria sendo patrocinado por ela para concorrer ao cargo de vereador", declarou o promotor Aroldo Costa Filho. De acordo com os promotores, o advogado teria atuado em processos envolvendo lideranças da facção na região de Ribeirão Preto.

Os nomes dos investigados ainda não foram divulgados pelo MP. 

Foram expedidos mandados de busca e apreensão na casa do advogado, na casa de familiares e no escritório. "Nesses locais foram apreendidos vários documentos, computadores e celulares. Eles serão periciados para verificar se há mais ligações com a organização. E na justiça eleitoral também serão tomadas as medidas, assim que comprovado o seu vínculo com a facção, o registro poderá ser cassado e a posse, caso eleito, impedida", acrescentou Costa Filho. Apesar das buscas, o investigado não foi preso.

Os promotores ainda investigam se a facção ofereceu aportes financeiros ao candidato, a princípio, as investigações apontam que houve o impulsionamento de publicações nas redes sociais, além do apoio explícito de membros da organização criminosa. "Ele advogou em vários processos de lideranças. Estavam impulsionando a candidatura dele e fazendo questão que a população o apoiasse", explicou o promotor do Gaeco Leonardo Romanelli. Nas redes sociais, o advogado aparece em fotos ao lado de pessoas com envolvimento com o tráfico de drogas. Uma outra candidata que também tinha ligações com a organização criminosa teve a candidatura impugnada pela Justiça eleitoral por já ter sido condenada por tráfico de drogas.

Policiais Militares

A Operação Kleptos também encontrou indícios de envolvimento de policiais militares com o PCC. "Da nossa investigação inicial contra o tráfico, surgiram informações do envolvimento de agentes públicos, de policiais militares, com traficantes de drogas ligados ao PCC. E por isso essa prova foi compartilhada com a justiça competente, que é a justiça militar", declarou Romanelli.

Segundo a investigação, houve favorecimento por parte de policiais militares em determinadas ocorrências de pessoas ligadas ao tráfico e à facção criminosa. O caso será investigado pelo Tribunal de Justiça Militar e pela Corregedoria da Policia Militar. Nenhum dos policiais investigados foi preso.

Integrantes e foragidos

Para dar suporte à operação, 75 agentes do batalhão de choque da Polícia Militar foram deslocados da Capital para Ribeirão Preto.  As cinco pessoas que foram presas nesta segunda-feira têm ligações com o tráfico de drogas e com o PCC. Dentre elas, uma que era conhecida como "Mãe do crime", uma das fundadoras da facção na região. Contudo, duas pessoas seguem foragidas: Luma Valeria Rovagnollo, conhecida como "Bella" ou "Penélope", e Wesley Aparecido Eugênio Silva, o "das Trevas". Ambos são integrantes das células "disciplinares" da facção.

Durante as buscas nas residências dos presos, foram encontradas drogas, além de armas brancas que, segundo o Gaeco, são utilizadas nos "tribunais do crime" praticados pela facção. As armas serão periciadas para constara vestígios de sangue nelas. Os envolvidos poderão responder pelos crimes de organização criminosa, tráfico de drogas, corrupção ativa e, eventualmente, crime eleitoral e lavagem de dinheiro.


Imagem: Revide

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