Congresso internacional repudia alterações na Cidade Limpa
Durante discussão internacional também foi elaborado documento que rodará o mundo em favor da paisagem urbana
A possibilidade de alterações na lei Cidade Limpa, em Ribeirão Preto, com a permissão de outdoors onde hoje está proibido, chamou a atenção dos participantes do I Congresso Internacional de Paisagem Urbana, realizado em São Paulo no início de dezembro. Eles redigiram uma carta de repúdio à possibilidade de mudança (veja abaixo).
A proposta de mudança está em um projeto assinado por vários vereadores, liderados pelo presidente da Câmara, Walter Gomes (PR). O projeto chegou a ser discutido em audiência pública e colocado na pauta de votações da Câmara, mas acabou retirado. A votação, no entanto, pode ocorrer em 2016.
Segundo o ex-vereador Marcelo Palinkas (PSD), que liderou a discussão da lei em Ribeirão Preto e um dos participantes do encontro, o Congresso Internacional só tinha palestrantes com títulos de doutores e mestres no assunto, como Ferran Ferrer Viana, que foi o responsável pela transformação da paisagem urbana de Barcelona nos preparativos para as Olimpíadas, o doutor e mestre Issau Minami, da USP-SP, entre outros profissionais de Veneza (Itália), Lima (Peru), Bogotá (Colômbia), Rio de Janeiro, Fortaleza e São Paulo.
“O Cidade Limpa de Ribeirão Preto está virando um exemplo mundial, pois conseguiu manter a publicidade exterior mas de uma forma disciplinada. O setor não foi erradicado como aconteceu em algumas cidades. Tanto que foi um exemplo citado por todos os palestrantes do congresso”, disse Palinkas
Para ele, o exemplo serve para mostrar o quão importante é a paisagem urbana de uma cidade para o bem-estar da população. Ao final do congresso foi redigida uma carta que durante um ano vai rodar o mundo, até o próximo congresso, em Barcelona, colhendo assinaturas em favor da Paisagem Urbana.
Repúdio
Veja a íntegra da carta de repúdio assinada pelos participantes do congresso
Carta de repúdio do I Congresso Internacional de Paisagem Urbana
“A lei Cidade Limpa foi uma conquista para a cidade de Ribeirão Preto, fez surgir o que há de melhor na sua paisagem, com a valorização de construções que contam parte da sua história. A implantação em Ribeirão Preto foi também uma prova de que pode-se haver harmonia entre a propaganda e todos os elementos que compõem a paisagem urbana. Foi uma das pioneiras nesse sentido.
No I Congresso Internacional de Paisagem Urbana, Ribeirão Preto foi um exemplo mundial de que a intervenção na paisagem urbana pode transformar nossas cidades de maneira positiva. No entanto, se a lei for afrouxada, Ribeirão Preto corre o risco de servir como um exemplo negativo, sinal de retrocesso e de desrespeito ao direito adquirido pela população a uma paisagem esteticamente mais harmoniosa, que vinha desde então, proporcionando maior bem-estar à população e ainda uma concorrência mais justa entre o comércio.
Manifestamos, portanto, o nosso repudio a qualquer alteração à lei Cidade Limpa de Ribeirão Preto que traga qualquer detrimento ao interesse público e ao bem-estar e à qualidade de vida da população. A paisagem urbana constitui o direito coletivo dos cidadãos e que deve estar sempre acima dos interesses econômicos de particulares.
Palestrantes do 1° Congresso Internacional da Paisagem Urbana - Regina Monteiro (São Paulo), Ferran Ferrer Viana (Barcelona), Cláudia Grangeiro (Rio de Janeiro), Diana Wiesner (Bogotá), Marcelo Palinkas (Ribeirão Preto), Tereza Sandoval (Barcelona), Roberto Zancan (Veneza), Santiago Uzal (Barcelona), Issao Minami (São Paulo) e Sara Madueno (Lima)”.
Fotos: Divulgação
