Contra PEC dos gastos, estudantes ocupam escola em Sertãozinho
Contra PEC dos gastos, estudantes ocupam escola em Sertãozinho

Contra PEC dos gastos, estudantes ocupam escola em Sertãozinho

Mobilização começou na manhã desta segunda-feira, 24, no campus do Instituto Federal de Tecnologia; ao menos 900 escolas estão ocupadas no País

Estudantes do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP), em Sertãozinho, ocuparam o campus na manhã desta segunda-feira, 24. Eles reivindicam a não aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241, que estabelece um teto para os gastos públicos pelos próximos 20 anos, pois acreditam que ela pode sucatear a educação.

Por volta das 5h30, 30 alunos do ensino médio e da licenciatura de Química ocuparam o prédio. A expectativa dos estudantes é de ficar no local pelo menos até quinta-feira, 27, e de conseguir o apoio de pelo menos 120 estudantes.

De acordo com os estudantes, a ocupação é contra o possível sucateamento a educação que a PEC pode acarretar, já que ela congelará os gastos do Governo Federal nos próximos 20 anos, recebendo incremento apenas de acordo com a inflação. “A mobilização é o grande suporte político que temos para lutar contra essa PEC, para evitar que a educação seja deixada de lado”, afirmou um dos estudantes.

Eles afirmam que estão recebendo apoio jurídico e doações de movimentos estudantis, além de voluntários que também forneceram pratos e talheres para as refeições. Mais do que contra a PEC, os estudantes também reclamam da Medida Provisória 746, que reforma a base curricular do ensino médio, que está sendo analisada em comissão no Congresso Nacional.

Uma das propostas da MP 746 é a autorização do “com notório saber”, que permite que professores sem formação específica em determinada área possam lecionar o tema. Esse é um dos motivos de descontentamento dos estudantes do ensino superior, pois eles acreditam que pode desvalorizar mais os professores.

Na última semana, o próprio IFSP publicou nota em repúdio a medida, pedindo que as propostas sejam mais discutidas, além de considerar o conteúdo apresentado pelo Ministério da Educação como “superficial”.

“É urgente explicitar que as questões estruturais cuja revisão faz-se imprescindível para a real mudança da realidade do sistema educacional de nosso país permanecem intocadas. Não são mencionadas, por exemplo, ações e diretrizes aplicáveis à formação de professores e valorização da carreira docente ou mesmo acerca da melhoria das condições de trabalho (físicas ou humanas) em nossas escolas. À percepção de nossa comunidade trata-se, assim, de reforma superficial e, portanto, danosa”, disse a nota.

A proposta de reformulação do ensino médio e a PEC dos limites dos gastos fez com que estudantes ocupassem ao menos 900 escolas, de acordo com a União Nacional dos Estudantes (UNE). O MEC informa que pediu a todos os IFSP’s do País a informarem se há ocupações no espaços, e também a identificação dos estudantes que a realizaram.

O ministério diz que a medida serva para cumprir a responsabilidade legal “de zelar pela preservação do espaço público e de garantir o direito dos alunos de acesso ao ensino e dos professores, de ensinar", aponta.


Foto: Leonardo Santos

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