Creche pede ajuda para continuar as atividades em Ribeirão Preto
Entidade realiza trabalho para resgatar as brincadeiras do passado, mas luta contra aluguéis e outras contas atrasadas
A dona de casa Geórgia De Simone viu o comportamento dos filhos gêmeos, Thalles e Tiago, de três anos de idade, mudar bastante desde que começaram a frequentar a Creche Esperança do Amanhã, que fica no Sumarezinho, na Zona Oeste de Ribeirão Preto. E mudar para a melhor: os meninos ficaram mais calmos e se interessam bastante pela “escolinha”.
“Muitas mães gostam do trabalho. Eu mesma os deixo lá de ‘olhos fechados’, porque confio no trabalho. Eles eram terríveis, e agora estão bem mais calmos. As crianças voltam para casa felizes”, comenta Georgia. Mas um problema deixa a mãe receosa: as dificuldades financeiras da creche, que corre o risco de fechar, pois não tem condições de pagar o aluguel da casa em que está instalada.
Tanto Geórgia quanto os pais das 20 crianças que são atendidas pela creche atualmente correm atrás de pessoas que possam ajudar a quitar a dívida da creche, que, de acordo com a diretora, é de R$ 3,5 mil, correspondente a dois aluguéis atrasados.
A aflição de ter de fechar a creche, que completa 20 anos em 2017, toma conta da diretora Miriam Alves. Ela lamenta a perda de apoiadores, que eram empresas que deixaram a cidade, ou antigos moradores do bairro que se mudaram ou faleceram. Miriam afirma não conseguir contar com suporte de dinheiro público, já que não consegue juntar toda a documentação necessária exigida para participar de editais, justamente por serem custosos.
Ainda assim, as intempéries não abalam o orgulho da diretora pelo trabalho realizado no local, que ela garante resgatar a criação que os pequenos tinham no passado, com muitas brincadeiras lúdicas – com a ajuda de voluntários -, além de ajudar a preparar as crianças para alfabetização. Ela conta que muitas saem da creche para o ensino fundamental já sabendo ler.
“Trabalhamos leitura, teatro e tentamos resgatar as brincadeiras de antigamente. Hoje as crianças não sabem mais brincar, mas essas brincadeiras ensinam a ter respeito pelos colegas, a dividir as coisas, a ter paciência, e prepara elas para o que vem depois”, explica a educadora, que conta com a ajuda de uma professora e outros cinco voluntários para cuidar das crianças.
Miriam diz que além dos alugueis atrasados, outras contas se acumulam, como água e energia elétrica, e por isso pede para que os interessados visitem a creche para conhecer o trabalho realizado, que tem um motivo muito sentimental para a diretora. Isso porque, a creche foi fundada pela mãe dela, dona Maria Madalena, que hoje sofre com o mal de Alzheimer, mas que entre as lembranças que mais mantém vivas é sobre a creche que fundou.
“Do jeito que está, não vamos conseguir completar os 20 anos. Mas penso, ‘é por um motivo tão pequeno, por causa de R$ 3,5 mil, roubam milhões por aí’. Manter aqui é até uma forma de homenagear a minha mãe”, diz Miriam.
O projeto inicial da creche surgiu para acolher as crianças que não tinham com quem ficar no contra-período de sua vida escolar, auxiliando, assim, os pais e as mães que precisavam ficar o dia todo fora por conta do trabalho. A unidade também tem como objetivo de oferecer um ensino que vai além da subsistência das crianças.
Os interessados em ajudar podem entrar em contato com Miriam pelo telefone (16) 3021-3621, ou conhecer o projeto no local, que fica instalado na Rua Itapetininga, 1099, no bairro Sumarezinho.
Foto: Arquivo Pessoal