Dia Internacional do Orgulho LGBTQI+ é celebrado neste domingo, 28

Dia Internacional do Orgulho LGBTQI+ é celebrado neste domingo, 28

Apesar da data, Centro de Referência LGBT, prometido há dois anos para Ribeirão Preto, ainda não saiu do papel

O dia 28 de junho é o Dia do Orgulho LGBT, data celebrada internacionalmente que lembra episódios de violência e homofobia ocorridos em Nova Iorque, em 1969. O episódio conhecido como a "Rebelião de Stonewall", ocorreu após série de batidas policiais em um bar frequentado pela população LGBT, chamado de Stonewall.
 
Segundo relatos históricos, a violência policial fez com que os frequentadores do local se revoltassem e iniciassem uma onda de protestos. No ano seguinte, foi realizada a primeira parada do Orgulho LGBT para lembrar a data. 

Em 2020, em decorrência da pandemia do novo coronavírus, grupos que normalmente organizavam as paradas optaram por realizar transmissões ao vivo nas redes sociais com música, palestras e debates.

Em Ribeirão Preto, a ONG Arco-Íris, responsável pela Parada do Orgulho LGBT da cidade, realiza, desde o início da semana, uma maratona de lives com a discussão de temas importantes à causa LGBT.

"Já discutimos o papel do respeito à diversidade sexual na escola, falando sobre os enfrentamentos e a evasão escolar da população LGBT por conta do preconceito e qual é o papel do estado nisso. Na última sexta-feira, falamos sobre a LGBTfobia e racismo, que a população LGBT negra e pobre sofre. Na próxima terça-feira, teremos uma live sobre o papel da segurança pública no respeito à identidade de gênero. E vamos citar o caso da Luana Barbosa, que ainda não teve justiça.", contou Fábio de Jesus, presidente da ONG Arco-íris. As lives na página da ONG serão realizadas até quinta-feira, 2.

O caso de Luana Barbosa dos Reis citado pelo presidente da ONG ocorreu em abril de 2016. Segundo testemunhas, Luana levava o filho para um curso quando foi abordada pelos policiais. Ela não teria autorizado a revista e exigiu a presença de uma policial. Nesse momento, teriam se iniciado as agressões, as quais Luana tentou reagir.

Ela morreu cinco dias após o espancamento, por conta de uma isquemia cerebral e traumatismo craniano causados pelas agressões. Movimentos sociais acusam os policiais de agirem de forma violenta pelo fato dela ser uma mulher lésbica. Os três policiais acusados de participarem da ação deverão ir a júri popular, mas ainda não há data para o julgamento.

Jesus comenta que apesar da gravidade do momento que a pandemia do novo coronavírus impõe, o período serviu como uma valorosa lição sobre igualdade e amor ao próximo. "Ela veio para unir as causas e as pessoas. Para mostrar que o preconceito não está com nada. Por outro lado, a pandemia também revelou um aumento no número de casos de LGBTfobia, porque muitas pessoas sofrem essa opressão dentro de casa", explica.

Centro de Referência

A data e o aumento da violência doméstica contra a população LGBT, também trouxe novamente ao debate a necessidade de um Centro de Referência LGBT na cidade. Os movimentos sociais aguardam que o projeto saia do papel desde 2018.

No dia 17 de maio daquele ano, foi prometido que a cidade teria o Centro. O local deveria contar com uma equipe para atender os casos de preconceito e violação dos direitos da comunidade LGBT na cidade. Para isso, deve ter o apoio de advogados, psicólogos, enfermeiros e assistentes sociais.

O Centro também teria como função reinserir pessoas marginalizadas na sociedade. Com o apoio de “empresas amigas dos LGBT”, o local encaminharia as pessoas interessadas para entrevistas de emprego. 

Em janeiro 2019, o projeto parecia que iria ser concretizado. Em uma reunião de movimentos da causa LGBT na Prefeitura de Ribeirão Preto, foi cobrado agilidade do prefeito Duarte Nogueira e da Secretaria de Assistência Social na implantação do Centro.

Assinatura do pré-projeto do Centro LGBT em 2019

Na ocasião, o Portal Revide entrou em contato com a Prefeitura de Ribeirão Preto para buscar esclarecimentos sobre o caso. O Executivo respondeu que o responsável por este projeto estava de férias no momento. Jesus comentou que a ele, a administração pública alegou que o atraso para a liberação do projeto são os problemas financeiros decorrentes do rombo no Instituto de Previdência dos Municipiários (IPM)

Em março de 2019, o Ministério de Direitos Humanos, Mulheres e Família autorizou a destinação de R$ 100 mil para que Ribeirão Preto possa ganhar o primeiro Centro de Atenção à Diversidade Sexual.  Os recursos eram provenientes de uma emenda parlamentar do deputado federal Nilto Tatto (PT-SP), e poderiam ser utilizados na contratação de psicólogos, advogados e assistentes sociais. Contudo, o valor ainda não chegou a Ribeirão Preto .

O vereador Marcos Papa (CID) protocolou dois requerimentos questionando o andamento da obra, um em 2018 e outro em 2019. Ele deverá protocolar um novo requerimento sobre o tema próxima terça-feira, 30. Até o momento, ainda não obtiveram uma resposta conclusiva do Executivo.

O Portal Revide questionou o governo municipal sobre o tema, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.

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Foto: Pixabay

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