Em 100 dias, avenida é limpa 5 vezes e continua suja

Em 100 dias, avenida é limpa 5 vezes e continua suja

Coordenadoria de Limpeza afirma que já retirou entulho do local em março, mas lamenta descarte irregular praticado por moradores

Em 100 dias corridos do ano de 2016, a prefeitura de Ribeirão Preto já fez a limpeza da Avenida Senador Teotônio Vilela, em um local próximo à Avenida Renê Oliva Strang, quatro vezes, e a Coordenadoria de Limpeza Urbana já programou a quinta vista para o fim do mês de abril.

A equipe do Portal Revide visitou o local, na Zona Oeste do município, e viu muito lixo pelo local, que vai desde embalagens, garrafas plásticas, papel e entulho. Muito entulho.

A prefeitura informa que a Coordenadoria de Limpeza Urbana realizou a retirada de todo o lixo e entulho das margens dessas avenidas no mês de março. “Infelizmente, o descarte irregular nas imediações ainda é praticado por alguns moradores”, lamenta, em nota, a coordenadoria.

Para o Sindicato das Empresas de Limpeza Urbana do Estado de São Paulo (Selur), a ação do poder público não é o suficiente caso não haja participação da população.

“Já passou da hora de avançarmos para um conceito mais contemporâneo de que é responsabilidade de cada um não sujar as ruas nas quais transita e a cidade na qual vive. Precisamos de um avanço, que implica na mudança de hábitos de todas as pessoas, em casa, na escola e no trabalho”, aponta o presidente do sindicato, Ariovaldo Caodaglio, que acrescenta que essas medidas são decisivas para que as cidades fiquem mais limpas.

O professor universitário e ambientalista Fernando Ortolani acredita que isso se deve mais à falta de consciência, do que inoperância do setor público. “Falta consciência e educação. Não pode ser apenas a responsabilidade do setor público, isso parte do cidadão”, aponta Ortolani.

De acordo com Ortolani, é preciso implantar mudanças nos hábitos dentro de casa. A primeira mudança que ele propõe é que as pessoas se preocupem a separar o lixo para reciclagem – que deve ser enviado ao Ecoponto, e também, disponibilizado para cooperativas de catadores de material reciclável.

Ele também acredita que é preciso ser feito um grande trabalho de educação ambiental, desde a escola, para que as pessoas deixem de jogar lixo nas ruas, o que ele chama de “ética do cuidado”.

O outro ponto seria a adoção da compostagem doméstica, um processo de transformação de matéria orgânica, que pode fazer restos de alimentos se tornarem adubo orgânico. Na compostagem, fungos e bactérias são responsáveis pela degradação de matéria orgânica. O lixo é depositado em um recipiente, onde esses micro-organismos começam a agir, geralmente é usado um acelerador nesse processo, que é orgânico.

“No meu apartamento, que tem 40 m², faço compostagem, é um processo simples, não tem odor, que deveríamos todos fazer. Isso reduz muito o lixo descartado. Só jogo no lixo o papel higiênico”, defende o professor.
 

Fotos: Pedro Gomes

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