Em 2 anos, investimento em urbanismo de RP cai à metade

Em 2 anos, investimento em urbanismo de RP cai à metade

Entre 2012 e 2014 o dinheiro destinado ao planejamento do município diminuiu; Cidade investe menos que municípios do mesmo porte

Em abril, Ribeirão Preto atingiu a marca de 500 mil veículos registrados pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Mas a solução para frear esse crescimento de veículos, é bem menos imponente.

Na cidade, existem 7,2 quilômetros de ciclovias, além de outros 7 quilômetros de ciclofaixa, que são as áreas reservadas aos ciclistas aos domingos. Muito pouco comparado com outros municípios do mesmo porte de Ribeirão, como Sorocaba (580 mil habitantes), que conta com 110 quilômetros de ciclovia, ou São José dos Campos (680 mil moradores), com 50 quilômetros.

A questão é que a quantidade de ciclovias no município poderia ser maior. Por exemplo, a própria prefeitura de Ribeirão Preto chegou a projetar a construção de 30 quilômetros de ciclovias, que interligaria a cidade, assim como a faixa para ciclistas encontrada na Via Norte, que além dos 5 quilômetros de trajeto providenciou o plantio de mais de 40 mil mudas de árvore.

“A atual administração entende a importância das ciclovias para o município. Ciclovia é uma opção necessária, que traz mais segurança, redução de acidentes, além de fomentar a utilização da bicicleta, que oferece diversos benefícios à saúde e ao meio ambiente”, informa a prefeitura.

Mas, esses investimentos têm encontrados problemas, o que breca a quantidade de dinheiro injetado no município em obras de urbanismo, que abrange, entre outros, a implantação de ciclovias. De acordo com levantamento do Observatório Social de Ribeirão Preto, a cidade investe menos do que a média que outros municípios do mesmo porte nesta deficiência estrutural

Os dados mostram que entre 2012 e 2014 a cifra destinada para obras de planejamento urbano caiu de R$ 150 milhões para R$ 70 milhões, montante que equivale a aproximadamente a 4% do orçamento municipal, que, naquele ano, ficou em torno de R$ 2,5 bilhões.

Dos municípios do mesmo porte, no ano em questão, apenas São José dos Campos destinou menos dinheiro para esta área, e Londrina-PR, mantém investimentos equivalentes ao ribeirão-pretano.

Enquanto isso, Sorocaba destinou R$ 440 milhões para obras de urbanismo (20% do orçamento municipal), enquanto Uberlândia-MG aportou R$ 180 milhões, e Campinas, que tem mais que o dobro da população ribeirão-pretana (1,3 milhão de moradores), e destinou cerca de R$ 350 milhões, o equivalente a 8% da receita destes municípios.

Para o Observatório, é preciso que Ribeirão Preto ao menos tenha a mesma quantidade de recursos para urbanismo em comparação com as outras cidades analisadas, e a solução seria um monitoramento da elaboração dos orçamentos municipais, para que essa meta seja atingida.

Para o secretário-executivo do Fórum de Entidades de Ribeirão Preto e Região (Ferp), o engenheiro Cantídio Maganini, a solução para driblar isso pode estar na conversa. Em agosto de 2015, em reportagem especial da Revista Revide, ele apontou que é preciso estruturar um debate e definir quais são as prioridades do município, para que se possa resolver questões como organização dos espaços, e que evitaria conflitos como o que envolve a Catedral Metropolitana com a construção de estações de ônibus.

“Tomemos o caso da Catedral como exemplo. Pode ou não fazer uma estação de transporte público urbano naquela área? Este assunto gerou um grande conflito, pois não há diálogo entre a Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação de Solo com a Lei do Plano Viário”, exemplifica Maganini.
 

Foto: Carlos Natal

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