Em média, Ribeirão Preto registra quatro queimadas por dia em agosto
Corpo de Bombeiros atendeu 71 chamados envolvendo queimadas desde o início do mês; somente nesta quarta-feira, 19, são três grandes registros na região
Nos 18 primeiros dias de agosto, foram registadas 71 queimadas em Ribeirão Preto. Foram 3,9 focos de incêndio em vegetação por dia, segundo o Corpo de Bombeiros. O número já é o dobro do que foi registrado em todo mês de julho, quando foram atendidos 91 chamados de incêndio, uma média de 2,9 por dia. Desde o início do ano, foram cerca de 450 ocorrência envolvendo incêndios na cidade.
Somente nesta quarta-feira, 19, são pelo menos três registros de grandes incêndios em Ribeirão e região. Segundo os Bombeiros, as causas do fogo são variadas. Pode ser causado por ação humana, como a queimada irregular para limpeza de terrenos e até bitucas de cigarro. Ainda de acordo com os especialistas, é possível que um vidro, que receba a luz do sol, possa criar um efeito de lupa e queimar a vegetação seca, dando início a um incêndio.
"Devido às características deste tipo de incêndio e às grandes extensões de dano causadas, faltam subsídios para determinar com clareza a causa, entretanto, é possível verificar que quase a totalidade das ocorrências são causadas por ação humana, seja ela criminosa ou não. A cultura de utilização do fogo como forma de limpeza de áreas de vegetação é muito comum, sendo que por diversas vezes este tipo de ação foge do controle atingindo áreas maiores do que as inicialmente pretendidas", declarou o capitão Gustavo Henrique Rissato da Silva.
Por toda a cidade, moradores enfrentam o problema das queimadas. No bairro Ribeirão Verde, desde a quarta-feira passada, dia 12 de agosto, os moradores estão apreensivos com focos de incêndio na Mata Sinhá Junqueira.
Representantes do coletivo "A Mata é Nossa", chamaram a atenção da Câmara Municipal sobre o tema e irão protocolar uma denúncia no Ministério Público sobre os danos causados à vegetação.
Na manhã desta quarta-feira, 19, um canavial nas margens da Rodovia Atílio Balbo foi tomado pelas chamas. A nuvem de fumaça era visível de vários pontos da cidade. Os dois sentidos do quilômetro 2 da Avenida Bandeirantes precisaram ser interditados por conta da fumaça.
Na Rodovia Anhanguera, em Sales Oliveira, também foi preciso interditar a pista nesta quarta. Já na Rodovia Cândido Portinari, próximo ao município de Brodowski, o trânsito foi prejudicado e acidentes foram registrados por conta do fogo.
O capitão Rissato recomenda que os proprietários de terrenos urbanos mantenham as áreas roçadas e limpas, não utilizando de forma alguma o fogo como ferramenta para essa limpeza."De forma geral orientamos à toda população para que não se utilize do fogo como meio de roçada ou limpeza de terrenos e áreas de vegetação cultivadas ou não, tais atitudes trazem graves impactos ao meio ambiente, ao patrimônio e principalmente riscos à saúde e a vida das pessoas", ressaltou.
Queimadas e a lei
Os vereadores Marcos Papa (CID) e Igor Oliveira (MDB) publicaram vídeos nas redes sociais nesta quarta-feira criticando a situação das queimadas, em específico, a que ocorre no canavial da Atílio Balbo.
Segundo a assessoria de Papa, que preside a Comissão do Meio Ambiente, na sexta-feira, 28, será realizada uma reunião com representantes da Prefeitura, Cetesb, Policia Ambiental, Gaema e Corpo de Bombeiros, para debaterem a situação das queimadas.
No dia 21 de julho, a Câmara Municipal dos Vereadores aprovou um projeto que dobra o valor da multa para quem realizar queimada durante a pandemia do novo coronavírus em Ribeirão Preto.
As queimadas queimadas de natureza agrícola, com o intuito de limpar terrenos ou de pessoas que colocam fogo em resíduos já são proibidas em Ribeirão Preto. O projeto de autoria do vereador Alessandro Maraca (MDB), apenas dobra o valor das multas durante o período de pandemia.
A queimada é considerada uma infração grave de acordo com o Código do Meio Ambiente de Ribeirão Preto e a lei nº 1232 de 2001. O infrator pode arcar com uma multa de até 100 UFESPs (Unidade Fiscal do Estado de São Paulo), que equivale a R$ 2.761. Podendo dobrar em caso de reincidência. Caso a lei aprovada pela Câmara seja sancionada, a multa passaria para R$ 5.522 e R$ 11 mil em caso de reincidência
*Matéria atualizada às 16h59 de quarta-feira, 19 de agosto.
Fotos: Assessoria Vereador Marcos Papa / Acervo Revide
