Empresário Fábio Ennor é o novo porta-voz do pacto Global da ONU no Brasil

Empresário Fábio Ennor é o novo porta-voz do pacto Global da ONU no Brasil

A plataforma Walking Together, fundada por Fabio, firmou compromisso com a ONU para atender ao ODS 11 e há 12 anos atua diretamente com municípios de pequeno porte

O empresário Fabio Ennor Fernandes Fernandes, CEO da Walking Together é o novo porta-voz do ODS 11 – Cidades e Comunidades Sustentáveis no Programa Liderança com ImPacto do Pacto Global da ONU no Brasil. A partir da nomeação, o empresário brasileiro assume a missão da agenda do Pacto Global, que é hoje a maior iniciativa de sustentabilidade corporativa do mundo, no ODS que busca tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis até 2030.

 

Recentemente, a plataforma Walking Together, fundada por Fabio, firmou compromisso com a ONU para atender ao ODS 11 e há 12 anos atua diretamente com municípios de pequeno porte, promovendo um movimento contributivo de desenvolvimento sustentável dessas localidades.

 

Quando e como surgiu a ideia de criar o Walking Together?

 

A história do Walking entrelaça muito com a minha história pessoal. Eu nasci em São Paulo e cresci em Ribeirão Preto. Fui para São Paulo empreender e montei uma empresa de importação e exportação de alimentos de um jeito um pouco diferente. Não foquei em dinheiro, mas em me dar tempo livre para fazer o que eu queria, na hora em que eu queria. Virou uma estratégia de vida. Nessa de incentivar o empreendedorismo, começaram a me chamar para fazer palestras – fiz mais de 400 até hoje. Aí a Fundação Getúlio Vargas me convidou para ajudar a coordenar o Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios.

 

Fiquei quase dez anos lá. Quando me casei, em 2007, estava morando em São Paulo e em 2009 minha mulher ficou grávida. A gente falou: “Ah, vamos criar as filhas no interior, né?”. Aí fui parar em Catanduva, cidade dela. Queria saber onde o pessoal falava sobre empreendedorismo, negócio, estilo de vida, criatividade, mas não tinha. Falei: “então vou criar”. E criei um evento para o qual convidei 33 pessoas “gente boa” da cidade e pedi para cada uma levar dois amigos. Começamos a montar um modelo de happy hour com comida, bebida e música boas para movimentar a cidade. O pessoal começou a me pedir para fazer mais vezes e ficou recorrente. A gente junta as pessoas por três grandes motivos: 1) ajudar em causas nobres – quem ajuda é gente boa, né? Então a gente mapeia, identifica as causas nobres. 2) fazer negócios – é legal fazer negócio com gente boa; 3) se a gente não ajudou ninguém, não fez negócio, se diverte junto, entendeu?

 

De que forma a WT atua? Dê exemplos.

 

m dos exemplos: a primeira unidade do Walking que surgiu foi em Cravinhos. O líder chama Luiz Câmara, que tinha duas farmácias, mas se descobriu na oratória com o Walking. Percebeu que os empresários não falavam bem pelas suas apresentações, então montou a escola de oratória Vox To You, que virou a maior do Brasil. Ele é tão grato ao sistema que até hoje coloca na sua sede uma sala “Walking Together”. Outro projeto que nasceu dentro Walking é a ONI, cujo líder é de São Carlos. Ele montou também um modelo de negócios de lojas de conveniência autônomas e hoje já está com 800 distribuídas pelo país. Já mapeamos 400 cidades para a próxima fase e temos um plano para 2 mil cidades.

 

Por que focar em cidades menores de 377 mil habitantes se cidades maiores têm até mais problemas que as pequenas? Justamente porque todo mundo pensa assim. Não só os maiores problemas estão nos grandes centros, mas também as maiores oportunidades, as maiores comunicações, as maiores empresas. Então a gente falou assim: “bom, lá tem muita gente atendida já e vamos fazer um negócio diferente, porque a gente mora no interior. Então a gente quer resolver as causas do interior”. É uma alternativa aos grandes centros.

 

Em que consiste sua atuação como head global da LIDE e como presidente da LIDE Ribeirão Preto?

O Lide é uma unidade de negócios, uma franquia. Essa [de Ribeirão Preto] é minha e hoje eu tenho um sócio, que é o Marcelo Salomão, do Brasil Salomão & Matthes Advocacia. Nossa franquia acabou virando uma das mais relevantes do Brasil e no cenário do mundo já em 2019. Por causa desse sucesso o Lide Ribeirão reúne hoje mais de 100 empresas. O grupo me convidou para cuidar da expansão global, então eu cuido tanto do fortalecimento das unidades quanto da expansão.


Cite exemplos de atuação do grupo que impactaram positivamente o interior? Um exemplo muito importante é o de São José do Rio Preto, o Lide Noroeste Paulista, que levou o “Favela 3D”, projeto do Gerando Falcões, fundado pelo Edu Lira. O projeto fez um grande programa de transformação da Favela Marte, em Rio Preto. Nós levamos o Edu Lira para fazer uma palestra em Ribeirão, o que desencadeou uma aliança. A prefeitura já tem mapeada a comunidade onde vai ser implantado [projeto semelhante] e estamos agora numa mobilização e empresários para abraçar essa causa.


O que significou sua nomeação como porta-voz do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 11 no Brasil?

Foi um dos momentos mais relevantes da minha trajetória. Encaro como uma grande oportunidade de amplificar o impacto do meu trabalho. Estou totalmente ligado em aproveitar ao máximo isso e levar para as cidades pequenas. As empresas grandes já conhecem ESG (sigla em inglês para ‘meio ambiente, social e governança’) e estão familiarizadas com os ODSs, mas as pequenas e médias não têm esse conhecimento. Então eu vejo isso como uma oportunidade grande para disseminar boas práticas.

 

Fale um pouco sobre seu livro “Quanto Vale o Seu Tempo”. Minha estratégia de trabalhar por tempo e não por dinheiro foi transformadora para minha vida. Conto isso humildemente porque funciona para mim e não necessariamente funcionará para todas as pessoas. Mas alguns insights a gente pode ir compartilhando. É para ser uma provocação no bom sentido, um estímulo à reflexão para uma possível mudança e inspiração para tomadas de atitude. Estou programando já o meu segundo livro, que vai ter o nome de “O Futuro Mora no Interior”. Ele fará um elo entre o interior geográfico e o nosso interior. Isso em primeira mão!

 

E como consegue conciliar todas essas atuações e ainda ter tempo?

Essa pergunta é justamente o ponto central do meu livro. Tempo é uma questão de prioridade. Eu não me envolvo com reuniões, rotinas semanais... está super detalhado no livro. Por isso consigo atuar em tantas frentes, que estão todas andando independente de mim. E, claro, tenho times, sócios e modelos de negócios.

 

Existe algum projeto não realizado ou um sonho a ser realizado em seu horizonte?

Eu tenho um monte de coisas divertidas para fazer pela frente. Entre elas uma série padrão Netflix ou Amazon Prime valorizando a vida e inspirando pessoas do interior. Vou criando coisas diferentes que acho que vão ser legais de curtir. Algumas dão até dinheiro [risos]. Algumas não e tudo bem! Não é pelo dinheiro. Faço para impactar gente. Acredito de verdade que nós estamos na era da generosidade. Tem uma frase que explica bem: “se você não for generoso por caráter, seja por inteligência”. As coisas voltam para a gente. Você quer morar numa casa boa? Ajude na sua casa. Quer morar numa rua boa? Ajude a sua rua. Quer morar numa cidade boa? Ajude a cidade, o país, o planeta. 


Foto: Divulgação

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