Homem que esfaqueou idosa em Ribeirão fugiu do tratamento no Paraná, diz família
Em nota, defesa discorda da versão apresentada pelo Ministério Público

Homem que esfaqueou idosa em Ribeirão fugiu do tratamento no Paraná, diz família

Segundo nota divulgada por advogado, Eduardo Liboni Sella passava por tratamento psiquiátrico desde os 15 anos de idade

O administrador de empresas Eduardo Liboni Sella, acusado de esfaquear uma idosa de 65 anos, na Praça da Bicicleta, na Zona Sul de Ribeirão Preto, teria fugido do tratamento psiquiátrico e da família, de Londrina, no Paraná.

Segundo nota enviada pelo advogado da família, Sella foi diagnosticado com esquizofrenia paranoide e recebia tratamento desde os 15 anos de idade, fazendo uso de medicamentos controlados, inclusive.

O pai conta que, no final de 2018, com a piora do quadro clínico de Eduardo, a família optou por ingressar com um pedido de internação compulsória. Nesse meio tempo, Eduardo fugiu. A família afirma que, desde então, não tinha notícias do paradeiro de Sella.

"Infelizmente, Eduardo, em evidente surto paranoide, cometeu o delito em questão, sem ter qualquer consciência de seus atos, fato que já está provado nos autos com os laudos médicos juntados, bem como será corroborado pela perícia judicial que será realizada durante o processo", escreveu o pai em nota.

A nota completa está disponível no final desta matéria.

Mania de perseguição

Em textos publicados no site Quora, assinados por um perfil atribuído a Eduardo Liboni Sella, descreve que ele estaria sendo perseguido por pessoas na rua. "Pessoas na rua vestindo roupas ou tatuagens com caveira e flores estavam constantemente me chamando de louco", consta em uma das publicações.

Para tentar comprovar a suposta perseguição, Eduardo tirava fotos de pessoas na rua com roupas ou tatuagens de flores e caveiras. A maioria, no Centro e na zona Sul do município.

Em outra postagem, o administrador relata que, durante seus 36 anos de vida, raramente entrava em brigas. Porém, nos últimos meses, os confrontos com desconhecidos na rua se tornaram constantes.
 
Denúncia

Na última sexta-feira, 10, a Justiça aceitou a denúncia do Ministério Público e tornou réu o administrador de empresa. Segundo um laudo médico encaminhado pelo presídio, Sella sofre de "esquizofrenia paranoide", além de transtornos mentais e comportamentais, devido ao uso de maconha e álcool.

Segundo a defesa de Sella, ele trata da esquizofrenia desde os 15 anos, mas a doença se agravou nos últimos meses. 

Na decisão da 2ª Vara do Júri e das Execuções Criminais, o pedido da defesa de exame pericial para que seja comprovada a esquizofrenia deve ser analisado em outro processo. 

Isso porque a família de Sella entrou com uma ação em Londrina, cidade onde residem, para que ele seja internado em uma clínica psiquiátrica. O processo foi encaminhado para Ribeirão Preto.

O crime

No sábado, dia 4 de janeiro, Ana Silvia de Almeida caminhava pela  Praça da Bicicleta, na zona Sul de Ribeirão Preto quando foi esfaqueada por Eduardo Liboni Sella.

Segundo apurado, a idosa teria dado "bom dia" ao homem e foi atacada em seguida. Câmeras de segurança em frente à praça registraram o crime.

A mulher foi levada para a Santa Casa de Ribeirão Preto com ferimentos graves e passou por cirurgia. Ao todo, ela levou 12 golpes do homem.

Veja a nota emitida pela família de Eduardo:

Angelo Aparecido Sella, por seu advogado abaixo mencionado, na figura de pai de Eduardo Liboni Sella, vem esclarecer o seguinte:

Que Eduardo Liboni Sella é portador de esquizofrenia paranoide, sendo tratado desta doença desde os 15 (quinze) anos de idade, aproximadamente, quando foi diagnosticado.

Desde o diagnóstico, a família vem submetendo Eduardo a tratamentos médicos ininterruptos, através de acompanhamento com psicólogos e psiquiatras, fazendo uso de medicamentos controlados, inclusive.

No final do ano de 2018, diante da piora de seu quadro clínico, a família de Eduardo houve por bem em ingressar com pedido de sua internação compulsória perante a Comarca de Londrina/PR, onde residem, entretanto, nesse ínterim o acusado fugiu, estando seus pais, desde então, em busca de seu paradeiro.

Infelizmente, Eduardo, em evidente surto paranoide, cometeu o delito em questão, sem ter qualquer consciência de seus atos, fato que já está provado nos autos com os laudos médicos juntados, bem como será corroborado pela perícia judicial que será realizada durante o processo.

Por fim, insta ressaltar que Eduardo não cometeu o referido delito por preconceito, ódio ou qualquer outra razão ligada ao fato da vítima ser do sexo feminino, nem mesmo por motivo fútil ou cruel, como alega o Ministério Público na denúncia. Pelo contrário, na verdade o acusado não tinha e não tem qualquer consciência de seus atos e de quem seja a vítima, sendo certo que, logo após o delito, quando foi abordado pelas autoridades policiais, estava claramente em surto paranoide.

Desta feita, a defesa discorda da denúncia oferecida pelo MM Promotor de Justiça, e tem certeza de que a perícia comprovará que Eduardo é portador de doença mental, seriamente agravada nos últimos meses, devendo responder pelo ocorrido, nesta situação.

Portanto, Eduardo apresentará a sua defesa no processo após ser devidamente citado, através de seu pai, o qual reafirma que o delito cometido por ele foi uma fatalidade. Por último, a família de Eduardo, na pessoa de seu pai, aproveita a oportunidade para externar sua consternação e profunda tristeza com o ocorrido, solidarizando-se com a vítima, sua família, amigos e população de Ribeirão Preto.

                                                                   


Foto: Reprodução

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