Diagnosticado com paralisia, jovem da região cursa faculdade de Medicina
Ele diz que, mesmo com o preconceito, não desiste de realizar os seus sonhos

Diagnosticado com paralisia, jovem da região cursa faculdade de Medicina

Com o sonho de ser médico, Fábio Soffiati Filho passou no vestibular em Uberaba, no Estado de Minas Gerais

Desde o mês de abril, o jovem batataense Fábio Soffiati Filho, de 21 anos, mudou-se para Uberaba (MG) para cursar Medicina na Universidade Federal do Triângulo Mineiro, depois de anos dedicados aos estudos. Ele foi diagnosticado com uma paralisia cerebral, possivelmente decorrente de prematuridade, que resultou no comprometimento dos seus membros inferiores.

Fábio frequentou a Apae Batatais do nascimento aos nove anos de idade, retornando, mais tarde, entre os 14 e os 16 anos para acompanhamento. Durante a passagem pela instituição, recebeu atendimentos nas áreas de fisioterapia, fonoaudiologia, psicologia, neurologia, psiquiatria e terapia ocupacional. Atendimentos que, segundo Fábio, foram cruciais para o desenvolvimento.

“Foi na Apae que tive o primeiro contato com pessoas como eu, onde minha deficiência foi tratada para que as sequelas fossem minimizadas e onde eu aprendi a lidar com essa situação toda”, ressalta.

Foi também ali que ele entendeu a importância da participação da família na vida das pessoas com deficiência. “Um fator extremamente importante para mim, e que pretendo trabalhar no futuro, é que os pais saibam lidar com a deficiência. Todo mundo tem limitações, mas o jeito de lidar com isso se transforma em estímulo. Eu consegui me desenvolver e chegar aonde cheguei porque eu tive pessoas da minha família que disseram que eu era capaz”, diz.

A deficiência, conta o jovem, sempre foi uma motivação para dedicar-se aos estudos e alcançar o sonho de ser médico. “Eu aprendi a ler com cinco anos. Eu lia e leio muitos livros. Sempre gostei de estudar e acredito que, quanto mais você aprende, mais tem a aprender. É isso que me faz amar o que faço”, afirma o estudante.

Apesar de toda determinação, o futuro médico diz que sofre com o preconceito e pensou em desistir do sonho. Fábio relata que muitas pessoas o enxergam na condição de doente, frágil e incapaz. O período escolar também não foi fácil. Segundo ele, o ensino e a escola não são inclusivos e, até hoje, é ele quem se adapta.

“Muitos diziam que eu não ia conseguir e deveria optar por profissões mais ‘fáceis’. Sofri muito, mas a dor me ensinou muitas coisas. O importante é transformar esse sentimento em alguma coisa produtiva”, aconselha.

Fábio é conhecido como um exemplo de dedicação e superação, mas, quando questionado sobre essa fama, ele prefere minimizar o destaque. “Só passei num vestibular e, se posso dizer que isso é ter sucesso, eu dedico ele a todas as pessoas que me ajudaram e ainda me ajudam”, enfatiza.

Para todos aqueles que buscam a concretização de sonhos, ele aconselha. “Não desista, por mais que as pessoas digam que é ou que pareça impossível. Existem várias coisas que não dependem da gente, mas não tentar é que é uma deficiência”, complementa.

Apesar de estar no início dos estudos, o jovem já tem um propósito a seguir durante sua carreira. “Mais importante do que um diagnóstico é saber como a pessoa se sente, seu anseio, do que ela precisa e em que contexto está inserida. É dar às pessoas a esperança que um dia me foi dada”, finaliza.


Foto: Divulgação

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