Mata de Santa Tereza terá recuperação definida em agosto

Mata de Santa Tereza terá recuperação definida em agosto

Projeto será apresentado no próximo mês; expectativa é que recuperação comece ainda em 2015, com plantação de mudas na época de chuvas

Há pouco menos de um ano dos incêndios que destruíram 58% da Mata de Santa Tereza em Ribeirão Preto, muito pouco foi feito para restaurar os estragos na fauna e flora do local. A Fundação Florestal, responsável pela preservação da mata, diz já haver um termo de recuperação para a vegetação da Estação Ecológica de Ribeirão Preto (EERP) do local. O plano de trabalho será apresentado em agosto deste ano. 

Em nota, a Fundação Florestal afirma que o termo de referência foi entregue à Secretaria de Meio Ambiente do estado de São Paulo em fevereiro deste ano. E nele contém, segundo o órgão, o plano de trabalho que indicará as ações a serem executadas pela empresa escolhida a renovar a mata de Santa Tereza. 

Por enquanto, uma empresa terceirizada executa um plano emergencial de manejo da fauna para combate a incêndios, com treinamento de brigadistas da própria unidade e execução de aceiros no entorno da EERP.

A apresentação do Plano de Trabalho está prevista para agosto de 2015, quando será submetido à aprovação do Grupo de Trabalho do Conselho Consultivo da Estação Ecológica Ribeirão Preto com as ações de recuperação da mata.

Segundo a bióloga Roberta Paolino, o processo de recuperação de uma área atingida pelo fogo depende de análise e condições dos regenerantes, assim como de condições ideais para o plantio de mudas nativas, quando necessário, pois demandam procedimentos específicos e períodos apropriados.

A execução cuidadosa e detalhada do Plano de Trabalho deverá proporcionar uma restauração ecológica exitosa. “A estimativa é que no final do ano na época chuvosa comecem as plantações”.

A Prefeitura de Ribeirão Preto afirma que após aprovação do Estado e início do plantio, o município se colocará à disposição da Fundação Florestal no que couber para efetiva restauração da Estação Ecológica de Ribeirão Preto. Logo após os incêndios, a Administração Municipal ofereceu mudas do Horto Municipal.

Reunião em Ribeirão

Em outubro do ano passado o assunto foi discutido em uma reunião que contou com a participação técnicos e autoridades, quando o então secretário estadual do Meio Ambiente (hoje secretário adjunto) Rubens Rizek anunciou a criação de uma comissão de técnicos para tratar do assunto.

Antes do encontro, Rubens Rizek, o presidente da Fundação Florestal Ítalo Pompeo Sérgio Mazzerela, e o deputado federal Duarte Nogueira – atual secretário estadual de Logística e Transporte, sobrevoaram a mata incendiada.

“Vamos criar a comissão por resolução e reunir vários técnicos que irá olhar não só a necessidade de replantio, mas também a fauna, corredores dentro da mata, conectividade com Áreas de Preservação Permanente (APPs), e construir um bom projeto de compensação ambiental”, disse Rubens Rizek.

Não foi feita uma estimativa de prazo para que a mata seja recuperada, mas há a possibilidade de o trabalho durar cerca de 20 anos para que a reconstituição aconteça. Rizek até disse em alguns meses a mata voltaria a ficar verde, mas não com a qualidade biológica que a caracteriza. Presente à reunião, a prefeita Dárcy Vera (PSD) cobrou agilidade para a recuperação da mata.

Consciência

A professora, bióloga e membro do conselho consultivo da Estação Ecológica de Ribeirão Andrea Cristina Tomazelli, ressalta a importância da mata de Santa Tereza para Ribeirão Preto. “A mata de Santa Tereza representa o maior fragmento de Mata Atlântica de nossa cidade. Sendo assim, esse ecossistema é extremamente importante para a conservação e preservação da biodiversidade local”, aponta.

Vem também da mata a contribuição para a regulação do clima local e para o regime das chuvas. “Uma cidade sem árvores, torna-se um local mais seco, quente e pouco agradável para as pessoas”, comenta.

Andrea lembra que caso a mata continue a ser devastada, espécies que lá habitam desaparecerão, ou terão que buscar abrigo e alimento em outros lugares, como na própria cidade. “Com certeza, seria uma enorme perda para a população também, que não teria o prazer de conhecer uma mata nativa e entender sua importância para o equilíbrio dos ecossistemas”.

Para a bióloga, a educação ambiental é de extrema importância, porque somente com conhecimento as pessoas saberão a real importância de se preservar esse ecossistema tão importante para a conservação da biodiversidade.

“Ações de educação ambiental são fundamentais para a proteção e conservação dos recursos naturais da região, uma vez que com o conhecimento e a participação da população é possível trilhar caminhos viáveis para a construção de uma sociedade consciente de seu papel na preservação e conservação dos recursos naturais” finaliza a bióloga.

Campanhas contra incêndio

No próximo dia 15 de julho a Associação Brasileira do Agronegócio da Região de Ribeirão Preto (Abag/RP) lançará uma campanha de combate a incêndios, em parceria com associações de produtores rurais e usinas. A ação pretende despertar a população para atitudes que evitem incêndios, criar uma rede de comunicação entre os agentes produtivos e ampliar os canais de comunicação com a sociedade.

Campanha começa no início do período mais seco do ano quando a ocorrência do fogo é, historicamente, maior. A própria mata Santa Tereza teve seus 90 hectares queimados graças a velas acesas na zona de amortecimento da mata num momento de baixa umidade do ar.

Revide On-line
Pedro Gomes (Colaborador)
Fotos: Divulgação e Arquivo Revide

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