Moradores de rua reclamam da distância para chegar à Cetrem
Alguns se queixam que local fica muito longe dos hospitais

Moradores de rua reclamam da distância para chegar à Cetrem

A Central de Triagem e Encaminhamento ao Migrante/Itinerante e Morador de Rua é um local onde pessoas podem passar a noite

Ribeirão Preto tem programas que auxiliam pessoas que vivem nas ruas, como Centro de Referência Especializado para Atendimento à População em Situação de Rua (Centro POP), que funciona durante a manhã e tarde, oferecendo apoio para quem vive na rua com banhos, alimentação e documentação. Existe na cidade, também, a Central de Triagem e Encaminhamento ao Migrante/Itinerante e Morador de Rua (Cetrem), projeto mais conhecido, onde os moradores de rua são acolhidos temporariamente, principalmente para dormir.

Apesar de existirem esses dois projetos, alguns moradores de rua ainda preferem dormir nas calçadas ou embaixo de viadutos. O Portal Revide foi até o Centro da cidade para conversar com quem vive nas praças e entender por que escolheram ficar nas ruas e não em um local de acolhimento. Também visitou a Cetrem, no Salgado Filho, que fica a cerca de 12 km da Praça XV de Novembro, um dos lugares em que a reportagem conversou com os moradores de rua e com quem dorme por lá.

Aparecido de Souza, 62, estava deitado em um dos bancos da Praça XV de Novembro. Para ele, que tem asma, a Cetrem fica muito longe do hospital e ele não consegue transporte para ser atendido quando precisa. Além disso, Souza também reclamou que foi maltratado nas vezes que dormiu no local. "Do jeito que me tratam lá, eu prefiro me virar aqui", diz.

Aparecido de Souza dorme na Praça XV

A distância dos hospitais da cidade também foi a queixa de um homem que vive embaixo do viaduto Jandyra Camargo Moquenco, que liga as avenidas Meira Júnior e Independência. Na Praça das Bandeiras, Robson, que não quis ter sua imagem revelada. disse que os guardas eram muito agressivos nas vezes em que ele foi até a Cetrem.

Viaduto Jandyra Camargo Moquenco

Reinaldo Inocêncio, 36, estava no calçadão da Rua General Osório. Inocêncio já foi à Cetrem, mas disse que não pode continuar por falta de documentos. "Não tenho dinheiro pra ir fazer e não me ofereceram", ele diz. Ele também não consegue transporte até ao Poupatempo.

Reinaldo inocêncio dorme no calçadão da General Osório

Locomoção foi a queixa de um homem que chegava à Cetrem no momento em que o Portal Revide foi até lá. Este homem, que não quis se identificar, havia tirado um gesso da perna e voltava, a pé, descalço, do hospital. Ele disse que ligou para a Cetrem pedindo para o buscarem, mas foi informado que não havia carro disponível.

Das pessoas que estavam na fila para entrar na Cetrem quando os portões fossem abertos, a maioria vinha do Centro Pop, que fica localizado próximo, na Vila Elisa. Uma delas era Nilton Charles Rodrigues dos Santos. Um dos problemas, para ele, é não poder sair do local depois de entrar. “Eles não deixam sair sem permissão, tem que comprovar para onde vai". Apesar disso, o Centro Pop disponibiliza passagem de ônibus pra quem tiver compromisso durante a tarde.

Nilton Charles Rodrigues dos Santos passa o dia no Centro Pop e dorme no Cetrem

A Prefeitura

A Secretaria Municipal de Assistência Social informou que as pessoas que vão até o Centro Pop tem até as 9h para entrar e pode sair em dois horários específicos: 13h e 16h30. Em caso de trabalho comprovado e com autorização da Assistência Social é possível entrar e sair em horários diferenciados e o mesmo vale para a Cetrem. Sobre as queixas de locomoção dos moradores de rua, documentos ou os guardas a Secretaria não respondeu.


Fotos: Amanda Bueno/Gustavo Ribeiro

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