Mudança em sistema de emissão de notas fiscais gera descontentamento entre empresários de Ribeirão

Mudança em sistema de emissão de notas fiscais gera descontentamento entre empresários de Ribeirão

Prefeitura deixou de subsidiar o serviço com recursos públicos e repassou o custo aos empresários

A Prefeitura de Ribeirão Preto alterou o sistema de emissão de notas fiscais eletrônicas no município, o que gerou descontentamento entre os empresários. Antes, o serviço era gratuito aos donos de empresas, pois contava com subsídios do governo municipal. Com a mudança, o custo pelas emissões terá de ser arcado pelos empresários.

No final de junho, a Secretaria de Administração da Prefeitura deu início ao processo de dispensa de licitação para a contratação de um serviço informatizado para a gestão do ISSQN (Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza). No dia 24 de julho, no Diário Oficial do Município, foi anunciado que a empresa Nota Control foi a vencedora, com uma proposta de R$ 3,8 mil ao ano.

A empresa oferecerá 100 licenças de uso do seu software ao Executivo, além de treinamento aos servidores, hospedagem dos dados e suporte online. Antes, todo esse processo era custeado pela Prefeitura pelo valor de R$ 2,7 milhões ao ano. Durante os quatro primeiros meses que o novo contrato vigorar, os empresários ainda terão direito à gratuidade do serviço. 

"A partir de agora, além da economia, este valor deverá ser pago apenas pelos prestadores de serviços e não mais pelos munícipes, mesmo aqueles que não são emissores de notas fiscais, tornando assim, o valor a ser pago, de responsabilidade apenas do usuário emissor das notas. A medida possibilitará que o valor economizado com o novo contrato seja revertido para Saúde e Assistência Social, por exemplo", explicou a Secretaria da Fazenda em nota.

Questionado sobre o motivo da dispensa de licitação, o Executivo disse que, pelo valor do contrato ser baixo, de R$ 3,8 mil, ele está dentro do que é previsto na lei."A Comissão Técnica não constatou nenhuma irregularidade com a empresa em questão. A mesma também está apta perante o Tribuna de Contas do Estado de SP e pela BEC (Bolsa Eletrônica de Compras). Também foi consultado o cadastro de empresas inidôneas e suspensas do Governo Federal, onde não foi apontado nenhum impedimento da empresa", alegou a Fazenda municipal.

Empresas desaprovam

A Associação Comercial e Industria de Ribeirão Preto (Acirp) ingressou com um mandado de segurança coletivo na Vara da Fazenda Pública para suspender o contrato da Prefeitura com a Nota Control. Os empresários alegam que mais uma cobrança, em um momento de profunda crise, não seria oportuno, além de criticarem a transparência do processo. O Ministério Público de Ribeirão Preto também abriu um inquérito civil para apurar a dispensa de licitação. 

“Infelizmente a administração municipal insiste em não agir com transparência. Além de repassar para os empreendedores o custo operacional da emissão na Nota Fiscal, a prefeitura não deu a publicidade devida sobre os motivos que levaram à contratação da nova empresa sem licitação”, declarou Dorival Balbino, presidente da Acirp.

Para Larissa Eiras, advogada da Associação, não existe fundamento legal para a cobrança pela emissão de nota fiscal por parte do poder público. “Além de não haver motivos para urgência na contratação, uma vez que desde a formalização do atual contrato a administração pública tinha conhecimento que ele se encerraria em julho de 2020, essa cobrança não tem fundamentação jurídica", afirma.
 


Foto: Acervo Revide

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