No caminho de casa até prefeitura, Nogueira vê buracos, mato alto e lixo nas ruas
Portal Revide percorreu trajetos feitos pelo prefeito até o Palácio Rio Branco e viu o que ele vê quando passa pelas ruas

No caminho de casa até prefeitura, Nogueira vê buracos, mato alto e lixo nas ruas

Cerca de 10 quilômetros separam os dois pontos, que foram percorridos em três caminhos alternativos sugeridos por aplicativos de geolocalização

Os motoristas ribeirãopretanos já se habituaram a enfrentar alguns desafios diários. Pouco provável que haja, por exemplo, aquele que não passe por, pelo menos, uma rua esburacada em seu trajeto cotidiano, indo e voltando do trabalho. Além dos famigerados buracos, mato alto, vazamentos e sujeira são comumente encontrados pelas ruas da cidade. 

Problemas como esses, certamente, fazem parte, também, do cotidiano do prefeito de Ribeirão Preto em seu caminho para o trabalho. Para verificar com o que se depara Duarte Nogueira (PSDB), o Portal Revide percorreu possíveis trajetos partindo do endereço residencial do prefeito, na Zona Sul de Ribeirão Preto, até o Palácio Rio Branco, no Centro da cidade. Cerca de 10 quilômetros separam os dois pontos, que foram percorridos em três caminhos alternativos sugeridos por aplicativos de geolocalização.

As rotas permitem passar por diferentes pontos da cidade. Trechos de rodovia, grandes avenidas e a região central compõem os trajetos. No caminho, alguns moradores expuseram suas reclamações. “[Os políticos] olham e passam. Fazem o quê? Ficamos tristes com isso. Cadê o dinheiro que roubaram da cidade? Quando vão devolver e investir para acabar com os buracos nas ruas?”, questiona o comerciante Edilson Constante, que espera uma solução para os problemas que enxerga no dia a dia. 

O caminho

Partindo do trevo de acesso à Rodovia Antônio Duarte Nogueira, o Anel Viário Sul, próximo ao bairro em que vive o prefeito, na Zona Sul, o primeiro trajeto proposto — e também mais longo — seguiu pela Rodovia até a Avenida Adelmo Perdizza, um dos acessos à região Central de Ribeirão Preto. Logo na entrada da avenida, há problemas no asfalto, reclamação antiga dos motoristas, que enfrentam uma via estreita, com situações de alagamentos em períodos mais chuvosos. 

Logo na entrada da Avenida Adelmo Perdizza, há problemas no asfalto, reclamação antiga dos motoristas

Os buracos, visíveis assim que a avenida é acessada, continuam pela via e anunciam o que vem pela frente. A mesma avenida acumula diversos pontos onde o asfalto está danificado, problema bem evidente na esquina com a Rua José Benedito César, mas não o único. Mato alto no canteiro central da via e bocas-de-lobo quebradas também compõem o cenário. No trajeto em direção ao Palácio Rio Branco também fica nítido o balançar do carro em razão do asfalto irregular presente em boa parte do caminho. No trecho entre as avenidas Luzitana e Caramuru, o carro trepida.

Atravessar é difícil

Na Avenida Caramuru, além dos problemas já mencionados, que continuam, verifica-se, ainda, a presença de lixo em locais inapropriados e a sinalização precária. Entre os descartes que podem ser observados nas calçadas da vida estão, inclusive, um armário velho. Muitas placas indicativas estão caídas no chão, dificultando a localização de pedestres e motoristas. Mais adiante, uma grande poça de água bem em frente a um ponto de ônibus mostra que esperar pelo transporte no local designado pode ser uma experiência desagradável.

Na Avenida Caramuru, o mato alto no canteiro central é uma constante

Segundo o comerciante Edilson Constante, que trabalha há sete anos no local, houve poucas mudanças no período. O comércio de Constante fica perto da Escola Estadual Alcides Corrêa, que torna um desafio perigoso a vida de quem circula na região por volta do meio dia, quando os estudantes encerram as aulas da manhã. “Não tem faixa de pedestre no local, não tem corrimão na escada para atravessar a avenida e não tem segurança. Já vi, por exemplo, uma menina sendo assaltada no ponto de ônibus. É um vandalismo danado”, afirma o comerciante. Edilson espera pelo dia em que os recursos desviados por políticos sejam devolvidos e empregados na solução dos problemas do município.

Ainda na Caramuru, o prefeito passa pelo Parque Roberto Genaro, opção de lazer para a população que está fechada desde 2013, por conta de riscos de deslizamento em uma encosta. Seguindo em frente o prefeito cruza pela avenida Jerônimo Gonçalves e a Rua Américo Brasiliense até a rua Barão do Amazonas, também esburacada. É preciso percorrer mais dois quarteirões até a rua General Osório, passando nos arredores das praças XV de Novembro e Carlos Gomes, chegando ao destino final, o Palácio Rio Branco.

As pessoas que transitam pela Praça Barão do Rio Branco, em frente à Prefeitura, costumam estar apressadas, mas há quem consiga reservar alguns minutos para registrar suas cobranças por melhorias. “Bem em frente à empresa onde trabalho tem um buraco, aberto recentemente pela chuva. Já perto de casa, precisamos reclamar  bastante para que um terreno , que estava com mato pelas alturas, fosse limpo”, diz Milena Oliveira, que chegou há pouco tempo em Ribeirão Preto, vindo de Franca, em busca de emprego. No entanto, Milena reconhece que a população precisa colaborar com o poder público não jogando lixo nas vias, por exemplo. “As pessoas precisam ter consciência e manter a cidade limpa”, afirma Milena.

Novas rotas

A reportagem segue mais um caminho indicado pelo aplicativo de geolocalização. Seguindo pela Avenida Francisco Junqueira, é possível verificar mais bocas-de-lobo danificadas em trechos diferentes da avenida. O caminho sugerido passa pelas Avenidas Maurílio Biagi e Celso Charuri que, por imperfeições no asfalto, incomodam bastante motoristas e passageiros. O caminho utiliza vias de maior movimento onde também é possível vislumbrar o mato alto.

O trajeto segue na direção da Avenida Wladimir Meirelles, próxima ao Parque Luís Carlos Raya, até chegar na Avenida João Fiusa. Aqui, mais uma vez, são encontrados buracos na via, com especial destaque para a esquina com a rua Francisco Augusto Cesar.

A avenida João Fiusa não escapa dos buracos no asfalto

O caminho segue pela Avenida Presidente Vargas, no sentido Centro, até a Rua Olavo Bilac, onde há um vazamento na esquina com a rua Rui Barbosa, percorrida pela equipe até a rua Marcondes Salgado, em direção à Duque de Caxias até o Palácio Rio Branco. Por coincidência, Duarte Nogueira chegou à Prefeitura junto com a equipe da Revide. Questionado, afirmou que não costuma percorrer o mesmo caminho entre um ponto e outro todos os dias. “Meus caminhos são diversos. Assim, tenho chance de passar por diferentes lugares da cidade. Por onde passo, fico atento aos buracos, aos vazamentos e à zeladoria em geral, como limpeza, iluminação e sinalização”, afirma o prefeito.

Segundo Nogueira, buracos e vazamentos são fotografados, quando possível, e a localização é registrada para encaminhamento aos setores responsáveis, seja a Secretaria de Infraestrutura, o Departamento de Água e Esgoto de Ribeirão Preto (Daerp) ou a Empresa de Trânsito e Transporte de Ribeirão Preto (Transerp), por exemplo. “Circular por rotas diferentes me ajuda bastante a ver pessoalmente, como prefeito, os locais que precisam de melhorias”, conclui. O último percurso da reportagem sai da rua Cerqueira Cesar e segue até a Lafaiete, onde, próximo a esquina com a Avenida Independência, mais um buraco é registrado.

Retorno

O Portal Revide questionou a Prefeitura sobre as situações encontradas nos trajetos realizados. Sobre os problemas averiguados na Avenida Adelmo Perdizza, a Prefeitura informou que a duplicação de parte da via já esta programada, o que implicará em outras melhorias nos serviços de infraestrutura. De acordo com a administração municipal, o projeto técnico das obras, incluindo a drenagem de águas pluviais e a pavimentação, será desenvolvido pela Secretaria de Obras Publicas, porém, o município não conta com recursos para a execução. Para sair do papel, um projeto para a obtenção da verba através do Desenvolve SP está sendo estruturado.

Sobre os buracos encontrados ao longo da via, a Prefeitura afirma que agendará visitas aos locais indicados pela reportagem. Enquanto isso, a roçada no mato no canteiro da avenida, segundo a Prefeitura, tiveram seus trabalhos iniciados na última semana.”

Sobre a sinalização, a Transerp informa que encaminhará um técnico do Departamento de Trânsito ao endereço citado pela reportagem para realizar os levantamentos indicados. Caso for constatada a necessidade e a viabilidade, as providências para a melhoria das condições gerais de segurança e fluidez do trânsito no local serão tomadas.

Sobre o lixo nas vias públicas apresentado pela reportagem, equipes da Prefeitura serão escaladas para averiguar a situação, assim como o vazamento encontrado na rua Olavo Bilac e as bocas de lobo danificadas.

Em relação ao Parque Roberto Genaro, a Prefeitura diz que há obras no local para reforçar o muro de contenção que deverão custar R$ 225 mil. A previsão de término é de dois meses. A partir daí, serão definidas as demais ações necessárias para a definição de uma data para a reabertura do parque. 


Arte: Alexandre Nascimento | Fotos: Pedro Gomes

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