Obras no quadrilátero Central prometem melhorar o trânsito, mas geram apreensão em lojistas

Obras no quadrilátero Central prometem melhorar o trânsito, mas geram apreensão em lojistas

Prefeitura dá início a obras de mobilidade no quadrilátero Central de Ribeirão Preto; iniciativa promete melhorar o fluxo do transporte público, mas empresários locais estão apreensivos

Foi dada a largada para uma das fases mais importantes – e delicadas – do programa Ribeirão Mobilidade: as obras no Quadrilátero Central de Ribeirão Preto. A Secretaria Municipal de Obras Públicas divulgou o cronograma de trabalho enviado pela DGB Engenharia, empresa responsável pela construção do corredor de ônibus no local.

 

Com 4 km de extensão e previsão de entrega para maio do ano que vem, o corredor vai cruzar por várias ruas e avenidas do Centro e custará R$ 20,7 milhões. As adequações devem reduzir as vagas de estacionamentos em algumas vias, que se tornarão corredores de ônibus.


Segundo Pedro Pegoraro, secretário Municipal de Obras Públicas, as medidas visam melhorar o fluxo de trânsito, bem como atender usuários do transporte público. “Com o crescimento da população e do município, temos um fluxo cada vez maior de usuários e veículos circulando na cidade. O que tornam necessárias obras viárias que tornem o trânsito mais fluido e seguro. Naturalmente, elas trazem consigo mudanças”, explica.

 

Para o chefe da pasta, tais mudanças estão em consonância com o formato de mobilidade ideal para os grandes centros. “Para isso, estamos criando os 11 corredores de ônibus, vias exclusivas que ligarão a cidade de ponta a ponta, com asfalto reforçado para suportar o grande impacto, sinalização semafórica interligada, que permitirá o monitoramento dos horários, e, a partir do início deste próximo semestre, a substituição da frota de ônibus atual por veículos novos, com ar condicionado, compressão a ar e rede wi-fi”, acrescenta Pegoraro.


No dia 9 de maio, a Prefeitura recebeu entidades representantes do comércio para definir detalhes da obra. Segundo o Executivo, ficou acertado que as obras vão levar em conta as datas importantes para o comércio, além de outras definições para que não interfiram nas vendas, também, nos dias comuns. As obras serão feitas trecho a trecho, de modo que apenas um ponto seja interditado por vez. Com isso, o motorista que passar pelo local só terá de fazer uma volta no quarteirão.

 

Mesmo com essas tratativas, as obras têm gerado apreensão entre lojistas e empresários do Centro. Segundo Carlos Ferreira, gestor de Marketing e Relações Institucionais da Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp), as obras de mobilidade marcam uma importante transição no trânsito e no funcionamento do Centro da cidade. “A experiência que tivemos em outras regiões com obras vai ser aplicada na região Central. No que se refere ao comércio dessa área, estamos atuando para que não aconteçam intervenções em períodos de grande fluxo, como datas comemorativas, e vamos manter os lojistas atualizados para que possam escolher datas para férias coletivas. A ideia é que estejam preparados e possam otimizar suas operações”, comenta. 


Já em relação às vagas de estacionamento, a área azul, Ferreira avalia que o sistema digital tem ajudado e o uso de vias paralelas às avenidas e rotas mais movimentadas já é uma realidade, pois raramente o cliente consegue estacionar em frente ao seu destino exato. “É fato que será um processo de adaptação e isso precisa ser muito bem coordenado pela Transerp para não causar mais transtornos do que o já previsto pelas obras. A Acirp acredita que estas obras devem fazer parte da revitalização da região Central, melhorando o acesso da população”, afirma. Ainda de acordo com o representante da Acirp, há um diálogo constante entre a Prefeitura e as entidades de classe.

 

“Temos conversado, também, com a Transerp e a Prefeitura, para acompanhar as modificações dos itinerários de ônibus, as mudanças de trajeto aqui no Centro. Então, nossos pedidos têm sim sido atendidos, respeitaram o calendário das datas sazonais que propusemos”, conclui. 

 

Secretário Pedro Pegoraro fala durante reunião com lojistas para tratar do impacto das obras
 

Paulo Roberto Laimgruber, dono de um bar no Centro, está preocupado com a mobilidade, cumprimento de prazos e, principalmente, a aceitação do consumidor. “Resultados negativos das obras só serão minimizados caso a Prefeitura, por meio da Transerp, aceite sugestões nas indicações de trânsito e não crie faixas exclusivas de ônibus, mas sim, preferenciais. Assim, tentaríamos evitar que a mobilidade de carros vire um caos. Perderemos inúmeras vagas do estacionamento rotativo, dificultando ainda mais para o consumidor”, ressalta. Robson Zioti, dono de restaurante há 30 anos na Rua Cerqueira César e também morador do local, observa com cautela a situação.

 

Para ele, é necessário que os órgãos públicos fiscalizem de maneira rigorosa o cumprimento do cronograma de entrega e, principalmente, para que a empresa vencedora da licitação não abandone a obra, como já ocorreu em outras ocasiões. “As obras vão causar um transtorno para os comerciantes. Isso é inegável, mas, é uma obra necessária e tem que ser feita devido à mobilidade urbana. Os interesses da coletividade se sobrepõe aos interesses pessoais”, avalia Zioti. 


O empresário também engrossa o coro contra o corredor exclusivo de ônibus no Centro. Para ele, a melhor opção seriam corredores preferenciais. “O Quadrilátero Central não é como uma avenida. O Centro tem uma peculiaridade: são ruas estreitas, que não foram planejadas para um grande tráfego de ônibus”, pontua. Sobre as críticas, Pegoraro argumenta que, no início, as obras podem gerar desconforto para grupos específicos de usuários, até que as adaptações sejam incorporadas nas rotinas.

 

 “Com as mudanças que o programa Ribeirão Mobilidade trará, a Prefeitura poderá tornar os espaços públicos e de circulação coletivos cada vez mais democráticos, beneficiando a todos: empreendedores, consumidores, usuários do transporte público e individuais dos mais diferentes modais, inclusive as bicicletas”, defende o secretário. 

 

Onde serão implantados os corredores de ônibus

 

• Avenida Francisco Junqueira (começando na altura da rua Barão do Amazonas e seguindo até o cruzamento com a Jerônimo Gonçalves)

 

• Avenida Jerônimo Gonçalves (começando no cruzamento com a Francisco Junqueira e seguindo até o terminal Evangelina de Carvalho Passig, perto da Câmara Municipal)

 

• Ruas Florêncio de Abreu e Lafaiete, que seguem paralelas (com início na altura da Jerônimo Gonçalves, seguindo até a esquina com a Avenida Independência, onde se encontra com outro corredor, já pronto)

 

• Ruas Visconde de Inhaúma e Barão do Amazonas, paralelas entre si (a partir da Francisco Junqueira até o cruzamento com a Nove de Julho, onde se encontra com o corredor da Nove, que também será iniciado em breve)

 


Foto: Divulgação

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