Paulo Rezzutti estará em Araraquara nesta quarta-feira, 10

Paulo Rezzutti estará em Araraquara nesta quarta-feira, 10

Bate-papo será gratuito, às 20h, no Sesc; maior best-seller da atualidade, ele lançou livros com cartas de amor inéditas trocadas por Domitila e Dom Pedro II

Sabe quando a gente percebe que uma história está mal contada, que não foi bem assim que aquilo tudo aconteceu? O Paulo Rezzutti trata logo de investigar melhor. Depois de pesquisar documentos e outras informações, publica tudo em livros, vídeos e podcasts para crianças, adolescentes e adultos. E como tem muita gente como ele, que adora conhecer a verdade a fundo, o youtuber, escritor, historiador e biógrafo brasileiro Paulo Rezzutti ficou famoso nas redes sociais e nas livrarias. No Youtube, onde ele tem mais de 450 mil seguidores, o vasto conteúdo publicado tem cerca de 1 milhão e 700 mil visualizações por mês. 

 

Um dos maiores escritores best-sellers da atualidade no Brasil, Rezzutti também é autor da coleção “A história não contada”, cujos 14 livros já venderam mais de 500 mil exemplares. Suas obras infantis e infanto-juvenis são adotadas por escolas públicas e particulares e contam a história não contada de reis, rainhas, princesas, escravas e muitas outras pessoas. Gente que entrou para a história porque fez a diferença. Nesta quarta-feira, dia 10 de abril, ele participará de um bate-papo gratuito, às 20h, no Sesc Araraquara.

 

A mediadora do encontro será Melissa Velludo, curadora e organizadora de inúmeros clubes de leitura em Ribeirão Preto, onde é proprietária da livraria e sebo A Degustadora de Histórias. “A maioria de nós estuda a história deturpada; conhecer os fatos na íntegra é revelador. O acesso à obra do Rezzutti me contou muito, tenho certeza de que este evento promete boas surpresas ao público”, disse Mel Velludo, que aposta no poder da literatura para  transformar a sociedade.

 

Confira a entrevista concedida por Rezzutti:

 

1. Quando começou sua paixão por ver e rever a história?


Desde muito jovem. Eu lia tanto que nem sei quantas histórias tenho na cabeça. E tenho livros prontos que ainda não publiquei e outros que não estão terminados. 

 

2. Teve alguma história que te impressionou mais que as outras? 


Todas me impressionam de alguma forma. Por isso, em todos os livros que escrevo, procuro trazer à tona o maior número de fatos da história não contada daquele personagem ou situação histórica. Em ‘Dona Leopoldina’, foi o fato de ela ter batalhado pela Independência do Brasil. No caso de Dom Pedro II, a busca eterna pelo pai ausente e o total esquecimento por parte da mãe, desde um ano de idade. Já Dom Pedro I era fascinante, engajado politicamente em todos os fatos e, ao mesmo tempo, um compositor que dominava todos os instrumentos. Todas essas facetas me impressionam e ajudam a humanizar as personagens, levando o leitor para perto delas.
 

3. E por qual personagem você é mais apaixonado? 
 

O mais rico, de facetas mais variadas, foi Dom Pedro I. Além das características citadas, ele não se escondia como homem. Diferentemente de Dom Pedro II, que se escondia por trás da máscara de majestade imperial, ele era totalmente escancarado; todo mundo sabia o que ele pensava e sentia em cada situação.

 

4. ‘Titília’ e ‘Demonão’ eram à frente do seu tempo ou um lugar-comum?


Eles eram um lugar-comum enquanto amantes, enquanto pessoas que se amam profundamente. Tudo o que está nas cartas e bilhetes trocados entre Dom Pedro e a Marquesa de Santos são coisas que até hoje você encontra em relacionamentos amorosos, que hoje são trocados no whatsapp de dois namorados ou amantes. Então, apesar da tecnologia hoje, apesar da passagem do tempo, os sentimentos que permeiam a nossa sociedade são os mesmos.

 

5. E foi Leopoldina, uma mulher, quem arquitetou a Independência do Brasil? 


Ela ajudou bastante, assim como Dom Pedro e José Bonifácio, com apoio do povo brasileiro e do povo português. No livro, destaco a visibilidade que ela teve nesse processo, por meio de cartas e outros registros da época.

 

6. Acha que o machismo colaborou para o apagamento do papel dela nesse episódio?


É a questão da estrutura patriarcal. Até o século 20, você tem o homem público, ou seja, o homem ocupa os espaços públicos, enquanto a mulher era restrita ao ambiente íntimo. Não se imaginava uma mulher agindo politicamente. Mas algumas agiam, apesar das restrições. Então fica muito complicado olhar para uma mulher, que não era considerada relevante, e reconhecer seu papel num movimento histórico como a Independência. Mas apesar disso, nas missas e outras cerimônias públicas da época, logo após a Independência, Dona Leopoldina era reverenciada pelo povo como figura importante para este movimento. Foi depois, aos poucos, que o protagonismo dela foi sendo apagado pelos homens que escreveram a história.  

 

7. Quando esteve aqui para a Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto, Tariq Ali contou que todas as personagens femininas dos livros dele sobre o Paquistão foram inventadas, pois não havia nenhum registro histórico sobre mulheres no país. Alguns feitos femininos podem ter sido apagados ou creditados aos homens?


A escritora britânica Virginia Woolf dizia que por muito tempo, na história, o “anônimo” foi uma mulher. Ou seja, a mulher acabava sumindo da história. A Michelle Perrot, uma historiadora francesa, disse que a mulher só entra para a história por duas vertentes, ou pela santidade ou pela devassidão.Sempre como um exemplo moral. Foi por isso que, durante muito tempo, a Leopoldina foi exemplo da mãe, da esposa, da santa, enquanto a Domitila foi a amante que destruiu o relacionamento dos primeiros imperadores do Brasil. Um estereótipo que se repete na história do mundo todo. Então a resposta é sim, isso é bem provável.

 

8. O que uma história mal contada ou não contada provoca? 

A ignorância. 
 

9. E por que você conta histórias bem contadas?


Para colaborar com a verdade. E por mais que as histórias que eu conte pareçam loucas, porque muitas vezes são novas versões da velha história, ou de uma história que foi “mal contada” por muito tempo, elas são embasadas em fatos e fontes que podem ser checados.

 

10. O que achou de ser convidado para falar sobre tudo isso em Araraquara?


Eu me senti muito honrado pelo convite para participar desse bate-papo no Sesc Araraquara. Eu  ainda não conheço e estou feliz pela oportunidade de conhecer a cidade. Muito obrigado por me receber, espero vocês.


Serviço
Bate-papo "Paulo Rezzutti e As histórias não contadas"

Mediação de Mel Velludo
Quando: quarta-feira, 10, às 20h
Onde: Convivência - Sesc Araraquara - rua Castro Alves, 1315
Quanto: entrada gratuita 


Foto: divulgação

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