Petição reúne 11 mil assinaturas para acabar com animais em rodeios de Ribeirão Preto
Movimento em defesa dos animais reúne assinaturas para petição desde 2011

Petição reúne 11 mil assinaturas para acabar com animais em rodeios de Ribeirão Preto

Por considerar o evento como tortura, o movimento “Rodeio Sem Animais” luta com o auxílio de advogados e da população

O movimento popular “Rodeio Sem Animais” reúne 11 mil assinaturas em uma petição para acabar com o uso de animais em rodeios de Ribeirão Preto. Criado em 2011 por Vinícius Pereira, o movimento alega que as competições realizadas no rodeio da cidade são torturas animais e busca conscientizar a população sobre o assunto.

“Eles pensam que os maus-tratos aos animais fazem parte da cultura, que o animal gosta, como se fossem argumentos para usar equipamentos de choque e pauladas neles”, comenta Vinícius. Ele revela que quatro empresas desistiram de patrocinar o próximo rodeio em Ribeirão Preto por serem contra a tortura animal.

Em junho do ano passado, o Plenário da Câmara dos Deputados aprovou uma proposta de Emenda à Constituição que permite a vaquejada, atividade em que dois vaqueiros montados a cavalo derrubam bois pelo rabo com um laço, e rodeios em todo o País. Na prática, a emenda não considera as atividades com animais como cruéis, mas como manifestações culturais.

Prática da vaquejada foi considerada como manifestação cultural pelo Congresso Nacional

Diante desses obstáculos, ações em prol do bem-estar animal vêm sendo realizadas não só pela população, mas por ONGs e advogados que também lutam pela causa. O “Rodeio Sem Animais” conta com o auxílio da ONG de Proteção Ambiental “Pau-Brasil” e da Comissão de Defesa dos Direitos dos Animais da OAB de Ribeirão Preto.

Coordenadora da comissão da instituição, a advogada Patrícia Atta promove palestras e encontros na OAB sobre o rodeio e participa de ações na Câmara Municipal e no Ministério Público. Ela afirma que, apesar de a organização do rodeio ter tentado evitar e impedir a agressão física aos animais, ainda há uma grande resistência para que o evento continue.

“É uma questão que envolve poder econômico e político, dizem que é importante para a economia da cidade. Eu acredito que o povo vai para se divertir, paquerar e escutar música sertaneja e não para ver animais sendo torturados nessas competições. Eles não podem ser submetidos a tanta violência, stress e dor assim”, explica a advogada.

Recentemente, na contramão à lei federal que tornou as atividades desportivas com animais uma prática cultural, um juiz do Distrito Federal proibiu a vaquejada em rodeios de Brasília e estabeleceu uma multa de R$ 50 milhões para cada evento que descumprir a regra.

Por meio de ações na Praça XV de Novembro, distribuições de panfletos e adesivos em defesa da causa, o movimento vem conquistando principalmente os jovens que estão se conscientizando sobre o cuidado com os animais ao assistirem documentários e lerem textos em prol dos animais na mídia.

“Não faz sentido eu gostar e respeitar os animais, mas, ao mesmo tempo, financiar um negócio que fatura com a exploração deles. Li artigos e assisti a documentários sobre a causa e resolvi procurar grupos que pensam de uma forma parecida. Percebi que entre os jovens essa ideia é muito bem aceita e eles são os que mais fazem questão de assinar a petição”, diz Paula Nayara, recém-integrante do movimento.

De acordo com o criador do “Rodeio Sem Animais”, são necessárias pelo menos 20 mil assinaturas para criar um projeto de lei de iniciativa popular junto à Câmara Municipal e o movimento popular espera chegar a 15 mil em 2018. "O caminho correto é tentar conscientizar a população não só na época do rodeio mas também durante todo o ano", diz Vinícius.


Foto: Guto Silveira/Arnaldo Alves/SECS

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