Prefeitura não tem controle sobre bocas de lobo em Ribeirão Preto
Especialista comenta sobre a falta de fiscalização municipal

Prefeitura não tem controle sobre bocas de lobo em Ribeirão Preto

Administração Municipal, no entanto, reconhece deficiência na rede e aponta os bairros com maiores problemas

A Prefeitura de Ribeirão Preto não tem controle sobre bocas de lobo da cidade. É o que apontam as respostas divulgadas pela assessoria de imprensa do Poder Executivo ao Portal Revide. De acordo com a Coordenadoria de Comunicação Social, via Lei de Acesso à Informação, as bocas de lobo em Ribeirão Preto não estão catalogadas.

“Desde o ano de 1977 os empreendimentos imobiliários, seja particular ou público, necessitam, nos termos da legislação, ter as bocas de lobo interligadas com as galerias pluviais. No entanto, não há registro numérico que  as quantifique. A totalidade de bocas de lobo previstas nos projetos originais estão conectadas às galerias de águas pluviais, exceto aquelas que foram irregularmente lacradas pelos munícipes”, afirma a prefeitura.

Questionada sobre os locais considerados pontos de captação do escoamento de água quando existe deficiência de rede, a resposta foi de que em vários locais existe este problema, alguns deles são: Parque São Sebastião Ipiranga (Rua Mato Grosso, Av Rio Pardo, Rua Acre) Centro Sumarezinho Campos Elíseos (Av Saudade, Rua Luiz Barreto) Jardim Iguatemi Vila Virginia Adelino Simioni City Ribeirão Vila Elisa (Rua Coimbra). Ainda de acordo com a administração municipal, não há previsão de melhorias nos locais citados.

Creso de Franco Peixoto, especialista no tema, explica que o sistema de drenagem de vazões oriundas de chuvas deve garantir o efetivo afastamento para sistemas naturais, como rios ou lagos ou até oceano, evitando alagamentos que interfiram no tráfego, de pedestres a veículos automotores.

“As galerias têm, como premissa básica, função de proteger os cidadãos contra o flagelo da invasão hídrica, não raro poluída e sempre de caráter destruidor, em suas casas ou estabelecimentos”, diz Peixoto.

Falta de fiscalização pode trazer problemas para a cidade

Segundo Peixoto, as prefeituras podem e devem ter, com certa facilidade, o cadastro dos elementos principais de drenagem - desde a microdrenagem, composta por elementos como bocas de lobo ou sarjetas, à macrodrenagem, composta por canais abertos ou fechados (galerias sob avenidas). "As fechadas, normalmente, se encontram em pior situação, por não terem o estado de assoreamento visível, que diminui a capacidade de drenagem e aumenta as enchentes", explica.

Além do aumento das enchentes, com as irregularidades no controle das bocas de lobo, pode haver o risco de esgotos clandestinos, que geram carga de vapores sulfurosos que podem acarretar oxidação em armaduras de lajes que suportam as vias e podem ruir sem aviso. “O controle destas galerias, as fechadas, é o de maior problema nas cidades brasileiras de médio a grande porte. Não há sistemas de observação de seu estado interno”, diz o especialista.  
 
Para melhorar a atual situação, o professor afirma que a limpeza destes elementos da microdrenagem é fundamental e uma responsabilidade não apenas por funcionários: é necessário que haja campanhas educativas para não jogar lixo fora das lixeiras - temas urbanos recorrentes. “Já quanto ao projeto da macrodrenagem, composta por galerias e canais, é importante que se evitem construir galerias fechadas sempre que possível, mas, quando feitas, que as mesmas tenham sistema de monitoramento por câmeras”, conclui.


Fotos: Pedro Gomes

Compartilhar: