Professor diz que escola alterou local onde aluno morreu, em Ribeirão Preto
Local foi alterado um dia antes da visita do Ministério Público, acusa professor

Professor diz que escola alterou local onde aluno morreu, em Ribeirão Preto

Estudante Lucas da Costa de Souza morreu dentro da escola municipal Eduardo Romualdo de Souza

Um professor da escola municipal Eduardo Romualdo de Souza acusa a direção da instituição de ter alterado o local da morte do estudante Lucas da Costa de Souza . A denúncia foi protocolada ao Ministério Público do Estado de São Paulo,

O estudante morreu no dia 30 de novembro, ao tentar escalar uma grade no pátio da escola. De acordo com o boletim de ocorrência registrado no dia, a suspeita era de choque elétrico.

Segundo o professor, funcionários da escola acompanhados de dois eletricistas retiraram fios que estavam à mostra próximos da grade e de outros pontos na escola.

Leia um trecho do depoimento do professor:

"Na quarta-feira, dia 05/12 e durante toda a manhã do dia seguinte, homens, possivelmente eletricistas, percorreram diversos espaços do prédio removendo fios e cabos que estivessem à vista. Inclusive, em locais próximos ao acidente. Nessa mesma manhã de quinta-feira, funcionários da escola afixaram avisos de perigo, até então inexistentes, nas portas das caixas de energia.

No dia seguinte aos reparos, uma diligência do Ministério Público foi até a escola para averiguar o local. E no dia 13 de dezembro, foi a vez dos vereadores que fazem parte da Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga o caso.

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Laudo do IML

Além do depoimento do professor, o laudo necroscópico do Instituto Médico Legal (IML) também dá indícios de que a causa da morte possa ter sido por conta da corrente elétrica no local.

Veja um trecho do laudo:

“Com base na presença dos fios energizados na laje superior do corredor, nos resultados positivos para a condução de corrente elétrica no rufo metálico e no piso molhado, é possível inferir que, havia risco de choque elétrico na laje superior do corredor localizado na porção direita do CEMEI Professor Eduardo Romualdo de Souza”.

O documento também atesta que os fios próximos à calha da escola estavam em curto-circuito. Além disso, o laudo averiguou que não haviam sinais de concussão no corpo do garoto. Ou seja, é possível afirmar que a causa da morte não foi a queda da grade, como especulado pela Prefeitura na época do incidente.

Secretaria da Educação

Por meio de nota, a Secretaria Municipal da Educação comentou que o laudo ainda não é definitivo, portanto a Secretaria aguarda a conclusão final das investigações da Polícia Civil.

“A Pasta ainda esclarece que prestou todo o apoio à família do aluno e continuará prestando no que for preciso”, declarou. A Secretaria não comentou sobre a denúncia do professor.

O caso

Segundo registros policiais, Lucas e outros alunos se preparavam para ir embora, quando, segundo imagens da câmeras de segurança, o menino escalou a grade. Logo em seguida, o estudante foi encontrado caído, já sem sinais de vida.

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado e o procedimento de reanimação cardiopulmonar foi realizado por, aproximadamente, 50 minutos, mas sem sucesso. 

Os peritos solicitaram a vistoria de um eletricista. Ele apurou que na parte superior da laje, próximo à grade, foram encontrados fios desencapados de 220 volts.

Na época, a Prefeitura de Ribeirão Preto, por meio da Secretaria Municipal da Educação, alegou que, imediatamente, acionou o Samu após o aluno ter caído ao subir em um portão de dois metros de altura. E que, quando a equipe de resgate chegou à escola, encontrou a vítima em parada cardíaca. 

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Foto: Allan S. Ribeiro/Câmara Ribeirão

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