Resgate do Centro

Resgate do Centro

Crescente onda de assaltos, obras paradas e sensação de abandono são alguns dos pontos criticados pelo presidente da Acirp, Dorival Balbino, em relação ao Centro de Ribeirão Preto

Para Dorival Balbino, presidente da Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp), a criminalidade no Centro da cidade não se trata apenas de um problema de segurança pública. São necessárias políticas de urbanização, de assistência social e até de saúde pública. Em entrevista à Revide, o presidente falou sobre a crescente onda de assaltos no Centro e os possíveis caminhos a serem tomados para proporcionar mais segurança aos lojistas.

Por que a Acirp não é mais a responsável por cuidar do monitoramento de câmeras no Centro da cidade?

A Acirp criou e dirigiu por 12 anos, em parceria com a Polícia Militar, o projeto Olho de Águia, com a gestão de mais de 20 câmeras de segurança. Desde 2018, entretanto, a Prefeitura optou por assumir a responsabilidade sobre a administração do projeto. A Acirp, mesmo não estando mais à frente do projeto, segue acompanhando questões de segurança pública e cobrando que o monitoramento continue funcionando e seja ampliado.

Quais medidas de segurança a associação tem cobrado do poder público?

A Acirp vê as questões ligadas à segurança de forma mais ampliada. A Associação entende, por exemplo, que a ausência de políticas públicas eficientes, conjuntas e interligadas para áreas como assistência social, saúde ou, até mesmo, urbanismo, têm reflexo direto no aumento dos índices de insegurança. Por isso, ao lado dessas políticas que visam combater as causas, é necessária a adoção de ações de combate às consequências, como o aumento do policiamento nas ruas, a intensificação dos projetos de videovigilância, ampliando-os para as demais regiões da cidade, aumento da iluminação nas praças e a sua progressiva ocupação com projetos culturais e de lazer, inclusive à noite. A Acirp também entende que, da mesma forma como é imprescindível a aplicação de políticas conjuntas de combate às causas da insegurança pública, é necessário um diálogo mais permanente entre todas as entidades que estão ligadas à gestão da segurança pública, como a Prefeitura, Câmara municipal, polícias Militar e Civil, Consegs, associações de moradores e de classe, como é o caso da Acirp. 

Além das medidas de segurança, quais outros fatores o senhor apontaria como prioritários para serem tratados no Centro da cidade? 

Em termos micro, temos solicitado da Prefeitura a intensificação da fiscalização sobre o comércio ambulante e, também, a implantação de uma zona azul eletrônica. Mas, a Acirp entende que já é chegada a hora de se discutir não apenas ações para o Centro, mas o próprio Centro, que tipo de Centro queremos para os próximos anos.


A revitalização da região da baixada tem sido discutida com a Prefeitura? Acredita que esse projeto poderia ajudar os lojistas de alguma forma?

O projeto de revitalização da Baixada precisa ser melhor discutido, não apenas com a Acirp, mas com demais entidades representativas da sociedade civil. Precisa sair dos gabinetes e invadir a cidade, sobretudo porque falamos de uma área de interesse histórico. O projeto de revitalização, na nossa opinião, pode adquirir uma força maior se estiver integrado em um projeto mais amplo de valorização e reformulação do Centro de Ribeirão Preto. Esse é o ponto. Por isso, em fevereiro do próximo ano, a Acirp está organizando um evento de três dias, com o intuito de discutir o Centro, os seus principais problemas e eventuais soluções. O ponto de partida para esse evento é, na verdade, a resposta à pergunta: “que Centro queremos daqui a uma ou duas décadas?”. Como se pretende lidar com a crescente fuga de moradores e de empresas do Centro? De que forma o incentivo ao uso misto de áreas comerciais pode trazer pessoas e empresas de volta para esta área da cidade? Que tipo de incentivos legais podem ser criados e, por fim, de que forma a aposta em áreas como a economia criativa pode ser um fator de fortalecimento dessa região? E, o que entendemos mais importante, é não deixar que as sugestões fiquem no papel. Por isso, vamos produzir um caderno de projetos e soluções, que será entregue à administração pública, com sugestões da própria Acirp e de parceiros que pretendemos convidar para participar do evento. 

As obras paradas na região da Avenida Nove de Julho e as obras na Avenida Independência têm atrapalhado os lojistas naquela região?

Quais foram as últimas ações da Acirp em relação a esse problema? Desde o início das obras, encontramos dificuldades com o processo de informação aos empresários, a respeito dos trechos atingidos pelos trabalhos, pela precariedade na sinalização das alternativas viárias. Neste sentido, solicitamos diversas vezes o cronograma de obras para cumprir esse papel de informar os empresários. Precisamos de mais transparência por parte da Prefeitura na relação com uma entidade que reúne o setor que será mais afetado pelas obras. A Acirp solicitou por diversas vezes, via ofício, que as obras fossem concluídas o mais rapidamente possível, para que o ambiente de negócios local, em especial comércio e serviços, pudesse retomar as suas atividades normalmente. Entendemos que a pandemia do coronavírus alterou completamente o cenário financeiro das empresas e da própria administração, mas é importante que a Administração Municipal esteja mais aberta a sugestões e propostas por parte da Acirp, por uma razão bastante óbvia: os nossos associados vivem, todos os dias, os problemas provocados pelas obras e podem apresentar sugestões que podem melhorar a qualidade e a rapidez dos trabalhos. A ACIRP já deixou claro, em muitas situações, que está disposta a ajudar, mas precisamos saber se a Prefeitura quer ser ajudada. 


Foto: Rafael Cautella

Compartilhar: