Tragédia no Museu Nacional reforça alerta de historiadores de Ribeirão ao município
Em 2016, parte do forro do Museu Histórico de Ribeirão Preto caiu sobre o acervo

Tragédia no Museu Nacional reforça alerta de historiadores de Ribeirão ao município

Com museus fechados, historiadores afirmam que é preciso que sociedade discuta a importância dos espaços para a cidade

O incêndio que destruiu o acervo do Museu Nacional, na noite de domingo, 2, no Rio de Janeiro, reforçou o alerta de historiadores para a preservação e manutenção dos museus de Ribeirão Preto. Em 2016, o forro de madeira do Museu Histórico de Ribeirão Preto desabou sobre parte do acervo do local.

A historiadora e pesquisadora Tânia Registro lamenta o ocorrido no Rio de Janeiro e cobra que mais investimentos sejam realizados para a preservação dos espaços. Para ela, o assunto deve ser debatido pela sociedade e pelos políticos - lembrando que as eleições, em outubro, se aproximam.

“Se a nossa sociedade não fizer investimentos em cultura e educação, continuados e fortes, corremos o risco de sofrer com tragédias em todos os equipamentos de cultura. A tragédia maior é a falta de oportunidades que as gerações futuras terão de contato com a própria história com a possibilidade compreensão do percurso que as sociedades fizeram para chegar ao ponto que estamos hoje”, alerta a historiadora.

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Tânia lembra que Ribeirão Preto tem um rico acervo histórico e cultural, e que os principais museus do município guardam uma estreita relação afetiva com a população. “Em Ribeirão Preto, nós temos uma riqueza histórica e cultural muito grande, mas, se não houver um investimento maior e um olhar com mais seriedade para os nossos museus, nós corremos, sim, o risco de tragédias”, pontua.

A historiadora acredita que tem sido feito um importante projeto de catalogação do acervo dos museus do Café e Histórico, pela atual chefe da divisão dos museus, Maria Luiza Clapis Pacheco Chaves, só que é preciso mais investimentos, já que ela reforça que são necessárias reformas no prédio que abriga os estabelecimentos.

“Que seja um alerta para que nós possamos, como sociedade, evitar que isso aconteça com outros equipamentos Brasil afora, e aqui em Ribeirão Preto. O Museu Histórico e do Café tem laços de afetividade das pessoas. É um alerta para que a sociedade e os cidadãos se posicionem e exijam que a pauta da educação seja tratada com seriedade pelos políticos”, conclui.

Atualmente, o acervo dos Museus Histórico e do Café, que estão fechados, é formado por cerca de 6 mil peças, e está sendo catalogado e fotografado, passando por um diagnóstico das necessidades de conservação e restauro.

"Abandono"

O historiador Felipe Souza, que é presidente da Associação Amigos do Arquivo Público e Histórico de Ribeirão Preto, afirma que os patrimônios históricos do município estão abandonados. “Nosso Arquivo Público e Histórico está jogado em um prédio que não o atende bem. Não tem sede própria. E a Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto ainda queria transferi-lo para um prédio menor e com sérios riscos ao acervo, lá na Avenida Francisco Junqueira”, avalia.

“Se não exigirmos cuidado com o que é nosso, se não exigirmos a reabertura dos nossos museus, se não exercermos nossa cidadania, tudo que nossas antigas gerações construíram será perdido. Ribeirão Preto ‘queima’ seus museus e seus acervos todos os dias com seu descaso. Com seu abandono”, lamenta Felipe, que também acredita que a tragédia no Rio de Janeiro serve como alerta para a população cobrar o poder público.

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Foto: Arquivo Revide

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