Veículos na mira

Veículos na mira

Números mostram queda em furtos e roubos de veículos em Ribeirão Preto no ano de 2023. Especialista fala sobre medidas de prevenção e os papéis do Estado e comunidade na inibição desses crimes

Quem nunca ouviu relatos sobre furtos de veículos de pessoas próximas ou até mesmo já teve o seu furtado em Ribeirão Preto? No município, dados da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP) apontam que só em janeiro deste ano ocorreram 22 roubos e 132 furtos de veículos. De acordo com a SSP, a atuação das polícias resultou na queda de 15,1% nos furtos de veículos e redução de 11,9% nos roubos de veículos em Ribeirão Preto, comparados a 2022. “Além disso, no período, 15.941 pessoas foram presas, 1.058 armas de fogo foram retiradas das ruas e 3.319 veículos foram recuperados. A pasta enfatiza que suas forças policiais monitoram de perto os índices de criminalidade e atuam de forma estratégica para coibir os crimes contra o patrimônio no município”, informou a SSP por meio de nota enviada à Revide.  


Segundo o criminólogo, professor universitário, mestre pela Unesp e especialista pela USP Jean Martins Alves, a tecnologia pode ser aliada na prevenção desses crimes. “O Brasil tem  incorporado estratégias sobre os delitos patrimoniais como delitos de oportunidade, seguindo uma perspectiva criminológica chamada prevenção situacional do crime.  Essa linha se resume a redução de oportunidades num determinado ambiente e o aumento dos riscos para o criminoso no caso de execução ou tentativa do delito, isto é, aumentar a chances de identificação e, consequentemente, de prisão.  Com efeito, a implantação de tecnologia para o combate à criminalidade patrimonial é uma vertente eficiente nas cidades, em especial o monitoramento por vídeo através de câmeras de segurança”, explica o especialista.


Alves aponta, também, que a comunidade local tem papel importante nessa prevenção.  “No geral, as pessoas pensam que o problema da criminalidade é de competência exclusiva do Estado. Embora a preservação da segurança pública seja mesmo constitucionalmente atribuída a ele, a dinâmica da realidade e a ciência demonstraram que o Estado, sozinho, não conseguiu e jamais conseguirá ser eficiente na prevenção dos delitos. Vários exemplos poderiam ser citados, como a articulação de lideranças comunitárias através das associações de moradores”. 


 “Outros exemplos, ainda mais importantes, estão no investimento de ações e políticas não criminais, especificamente voltadas à comunidade jovem, dentro de um recorte territorial. Ouseja, capacitar os moradores locais para a formação de atividades culturais, esportivas e de lazer, numa integração entre público e particular, com foco nos jovens, são estratégias que de longe se mostram as mais eficientes em diversas cidades do mundo”, completa. 

Para amenizar os impactos de forma emergencial, o especialista aponta que locais com boa iluminação, circulação de pessoas, monitoramento, seja por vigias particulares ou câmeras de segurança, podem auxiliar na inibição do crime. “Em outras palavras, evitar locais escuros e de baixa circulação é uma boa prática emergencial, assim como o investimento em alarme, travas e outros sistemas de segurança. Porém, insisto, essas práticas são emergenciais e não eficientes a longo prazo. Tudo que é duradouro demanda ações com planejamento, integração e força de vontade”.

É PRECISO REGISTRAR


Por fim, Alves ressalta a importância do registro da ocorrência criminal. “As pessoas, de um modo geral, deixaram de dar credibilidade ao registro, seja pela burocracia, seja pelo sentimento de não acreditar na recuperação ou reparação. Porém, o registro contribui para as estratégias de segurança pública, como exemplo, cito que a Polícia Militar, responsável pelo patrulhamento ostensivo e preventivo, possui forças especializadas, como o BAEP e a Força Tática, que são agrupamentos de patrulha especializados em ambientes que apresentam maior índices criminais, ou seja, esses policiais são direcionados de forma estratégica, com base nos índices oficiais”, finaliza. 


Foto: Freepik e acervo pessoal

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