Vereador afirma que Cemitério Bom Pastor realiza exumações de maneira irregular
Prefeitura nega acusação e afirma que todo o processo é realizado seguindo as normas de segurança padrão
O vereador Orlando Pesoti (PDT) afirmou que o Cemitério Bom Pastor, em Ribeirão Preto, realiza a exumação dos corpos de maneira incorreta. Segundo o vereador, restos de ossadas, cabelo, roupas e partes do caixão foram deixadas em um terreno a céu aberto, ao lado do cemitério, antes de serem transportados ao aterro.
A denúncia foi feita durante a sessão desta quinta-feira, 13, na Câmara dos Vereadores. Pesoti apresentou fotos e vídeos do que seria um descarte irregular de uma exumação realizada pelo cemitério. Em uma das imagens, é possível ver um osso, fios de cabelo, pedaços de madeira e pano que, segundo o vereador, seriam restos de roupas e pedaços de caixão.
“Acredito que algo está completamente errado dentro do Cemitério de Ribeirão Preto. Enviarei esta denúncia imediatamente ao Ministério Público”, declarou o parlamentar, que pretende abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar o caso.
A pedido do vereador, o biólogo da Universidade de São Paulo (USP) Erlon Silva Honorato, elaborou um relatório sobre a situação. Segundo o especialista, o sistema de gestão de resíduos sólidos do Cemitério Bom Pastor “produz riscos severos de contaminação em seus procedimentos de exumação, transporte interno, armazenamento de resíduos e transporte externo, produzindo riscos de contaminação em suas diversas etapas.”
Durante a elaboração do laudo, ainda de acordo com o vereador, o caminhão da limpeza urbana que transportou o lixo do cemitério, juntamente dos restos mortais, teve como destino o aterro sanitário da cidade de Guatapará. Durante todo o trajeto, o veículo seguiu com o baú sem nenhum tipo de proteção.
Por meio de nota, a prefeitura informou que que a exumação de corpos é um procedimento inerente a todos os cemitérios. Declarou também que o Cemitério Bom Pastor cumpre todas as normas regulamentadas pela Resolução SS - 28, de 2013.
“Os restos mortais, devidamente identificados, ficam acondicionados no próprio jazigo ou encaminhados ao ossuário geral, conforme previsto na Resolução. Os resíduos sólidos resultantes da exumação dos corpos, isentos de restos humanos, possuem destinação ambiental e sanitária adequada também como prevê a resolução. O cemitério realiza em média 60 exumações mês, sendo que a maioria é acompanhada por familiares.”, informou o Executivo.
A Resolução da qual a prefeitura se refere foi proposta pelo governo Estadual. O texto disciplina os serviços de necrotério, serviço de necropsia, serviço de somatoconservação (preparação de cadáveres) de cadáveres, velório, cemitério e as atividades de exumação, cremação e locomoção.
No item "Exumação", a resolução determina que elas devem ser feitas utilizando máscaras e equipamentos de segurança necessários. Todavia, segundo a denúncia de Pesoti, a exumação e o transporte dos restos mortais foram feitos sem o uso dos equipamentos. Ainda de acordo com a resolução, nos processos de exumação os profissionais devem separar todos os restos mortais dos materiais como o concreto dos jazigos, terra e demais componentes.
Fotos: Assessoria Vereador Orlando Pesoti
