Vereador quer retirar tombamento da Avenida Nove de Julho, em Ribeirão Preto
Parlamentar aponta dificuldades de trânsito na via, em razão do pavimento de paralelepípedos
A Avenida Nove de Julho, uma das principais referências de Ribeirão Preto, tem a peculiaridade de ser coberta de paralelepípedos, em um trecho de sua extensão. Esse trecho, inclusive, é tombado pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural (Conppac). No entanto, há uma proposta na Câmara Municipal para que essa situação mude.
O vereador Rodrigo Simões (PDT) propõe que seja retirado o tombamento da via, para que o calçamento seja substituído, além sugerir que o canteiro da avenida dê lugar a uma ciclovia. Ele afirma que está difícil transitar, em razão das imperfeições.
“A gente precisa de atitude para resolver o problema da Nove de Julho. Do jeito que está, não dá. O tombamento, em minha opinião, foi algo infeliz que fizeram. Hoje você não tem quem cuida dos paralelepípedos, não tem especialista. E nós temos uma estrutura de saneamento básico que é da década de 1940 e precisa ser renovada”, declara Simões.
Ele aponta que vai se reunir com a Prefeitura para discutir a proposta, já que aponta que a medida deveria ser tomada por meio de uma decisão judicial em conjunto com o município. “A ideia é trabalhar sobre isso. O primeiro passo é revogar o tombamento e o município tem que apresentar um projeto para a revitalização da avenida em todos os aspectos”, aponta.
Para o historiador José Antonio Lages, essa não seria a medida correta, já que ele aponta que o tombamento não impede a conservação da avenida. “Com a autorização do Conppac, é possível fazer o que é preciso ser feito para melhorar as condições de uso”, afirma.
“É o nosso único calçamento em paralelepípedo. Merece ser devidamente conservado, restaurado e condicionado para as condições mais pesadas do tráfego de uma via comercial, como a [avenida] Nove de julho”, complementa.
O historiador relata um caso parecido em 2003, quando ele mesmo era membro do Legislativo Municipal. Na ocasião, o então prefeito Gilberto Maggioni sugeriu o destombamento da Cianê, para instalação da rodoviária no local. “Fui o único voto contrário. Depois o Ministério Público impediu o destombamento. Isso acaba sempre no MP”, lembrou.
O presidente do Conppac, o advogado Anderson Polverel, acredita que a medida pode ter um longo caminho, caso tentem por em prática. Ele diz que o destombamento não é possível por de uma Lei municipal, e deve ser submetido a análises do comitê de patrimônio do Conpacc.
Foto: Ibraim Leão