Combustíveis em Ribeirão Preto já foram reajustados
Empresários produtores de etanol da região afirmam que produto perde competitividade com reajuste do PIS/Confins
No dia seguinte ao anúncio do Governo Federal sobre cobrança do PIS/Cofins dos combustíveis, esses produtos já apresentaram reajuste nesta sexta-feira, 21. O etanol, que até a manhã desta sexta custava R$ 1,99 o litro, subiu para R$ 2,59 em alguns postos de combustíveis de Ribeirão Preto.
O economista da Associação Comercial e Industrial (Acirp) Gabriel Couto acredita que o principal impacto vai vir a seguir. Isso porque, os produtos no País são muito dependentes do frete e do transporte e com aumento do tributo no combustível, esses serviços também vão ficar mais caros.
“O principal é o impacto nas cadeias, principalmente no transporte, que tem a tendência de ter o frete aumentado”, explica Couto, que afirma quer o consumidor já vai sentir, e o que deve ser constatado nos índices de inflação no próximo mês. “Porém, não acredito que vá atingir a perspectiva de inflação para o País neste ano de forma abrupta, mas certamente não vai ajudar em nada a economia”, afirma o economista.
Leia mais:
Imposto sobre gasolina sobe R$ 0,41 por litro a partir desta sexta, 21
Quem também está preocupado com o aumento do imposto é quem o produz. O diretor de usina sucroenergética Antônio Eduardo Toniello Filho acredita que o aumento do PIS/Cofins no etanol (R$ 0,01 para produtores e R$ 0,19 para distribuição, que não pagava o tributo) vai desestimular o investimento na indústria na região de Ribeirão Preto.
“Nós até esperávamos o aumento deste imposto, mas apenas para os combustíveis fósseis, não para o etanol. Nós sempre lutamos para manter essa alíquota zerada para o etanol, como ficou nos anos de 2014 e 2015. Quando ela voltou no ano passado, pedimos para zerar, porque o governo tem que cumprir meta de redução de CO² que ele assinou na COP 21”, lamenta Tonielo.
O empresário acredita que o governo deveria apenas reajustar o imposto na gasolina e no diesel, para incentivar a cadeia produtiva do etanol, que, de acordo com ele, perde capacidade de realizar investimentos com a medida, enquanto o contrário poderia contribuir para a alavancada da indústria.
“Se ele só aumenta a gasolina e o diesel, isso é política pública, porque ele tem que cumprir com as metas ambientais. Mas acabou nos atingindo, o que é ruim, porque perdemos competitividade. Esse ano, o etanol já estava 10% mais barato do que os preços praticados em 2016. O aumento destes impostos desestimula o investimento no setor, que é uma indústria nacional, gera empregos no país e é sustentável”, conclui o empresário.
Foto: Leonardo Santos