A força do empreendedorismo materno em Ribeirão Preto
Haline está à frente do Projeto Coração de Mães e da loja Flor de Joca, que estimula o empreendimento materno

A força do empreendedorismo materno em Ribeirão Preto

Diante de um mercado de trabalho que, muitas vezes, fecha as portas para as mulheres com filhos, grupo se une em rede colaborativa para impulsionar seus negócios

Entre as várias mudanças que chegam com a maternidade, uma das maiores é a relação com o trabalho. Esse novo momento da vida da mulher, acompanhado por uma série de demandas específicas que, inevitavelmente, provocam conflitos no cumprimento de um expediente convencional, nem sempre é compreendido pelas empresas. Segundo uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV), 48% das mães ficam desempregadas no primeiro ano após o parto. Também é alto o índice de mulheres que, mesmo encontrando um ambiente acolhedor em seu retorno, não conseguem se adaptar à rotina antiga e às longas horas longe dos filhos. É importante ressaltar que esse sentimento, no entanto, não implica em diminuição da força produtiva. Muito pelo contrário. O crescimento do empreendedorismo materno pelo país mostra que essas mulheres podem e querem manter o lado profissional ativo e com qualidade.

Em Ribeirão Preto, esse movimento vem ganhando destaque graças a uma rede de apoio que começou de forma bem despretensiosa. “Aqui na cidade, temos vários grupos de suporte à mãe que está passando pelo puerpério, para troca de vivências, acompanhamento da evolução dos bebês e validação das emoções. Em um deles, conheci a Priscilla Parisi, uma mãe empreendedora. A Maria Flor, minha primeira filha, tinha acabado de nascer e me apresentado esse rico universo da maternidade. Eu também tinha desenvolvido minha própria marca, a Feito Bebê, hoje especializada na confecção de colares afetivos exclusivos e em importação de âmbar. Em uma das nossas conversas, percebemos que faltava uma iniciativa para ajudar as mães nesse campo dos negócios”, revela Haline Prado. 

“Estou adorando integrar essa rede ao lado de mulheres inspiradoras”, afirma Tatiana

A ideia atraiu mais uma mãe empreendedora, Rebeca Ortolan, e saiu do papel com o surgimento do Projeto Coração de Mães. O primeiro evento do grupo, uma Feira de Empreendedorismo materno, aconteceu no dia 7 de março deste ano, véspera do Dia Internacional da Mulher. “O nosso objetivo era atestar para essas mulheres que elas podem, sim, ser úteis e produtivas, sem deixar a maternidade de lado. Queríamos impulsionar e dar visibilidade a esse mercado tão carente, e que traz produtos e serviços tão carregados de amor. Muitas mães trabalham sozinhas e fazem as vendas no boca a boca. É um trabalho de formiguinha”, explica Haline. O encontro foi muito bem recebido pelo público e acabou motivando a criação de um espaço colaborativo, a loja Flor de Joca.

Bianca destaca a importância de se estabelecer boas parcerias para crescer no mundo dos negócios

A inauguração, prevista para o dia 20 de março, teve que ser cancelada por causa da pandemia do novo coronavírus, mas as vendas estão sendo feitas pela internet, com sistema drive-thru e delivery gratuito.

Tatiana Serra Dutra Gianeti esteve como expositora na feira e é uma das 26 colaboradoras da loja com a empresa Mamy Mamy, que foi criada há sete anos e é focada em carregadores de bebês ergonômicos, slings e cangurus. “Sou mãe do o Gustavo, que vai fazer 12 anos, e do João, que tem 8, e trabalhava na área de Engenharia Química. Meu caçula sofria de refluxo severo. Pesquisei soluções e descobri que ele teria que ficar verticalizado. Conheci os slings, fiz alguns para mim, depois para minhas amigas, passei a receber encomendas e, assim, o negócio foi crescendo. Encontrei uma paixão e o empreendedorismo aconteceu de maneira natural. Optei por seguir nessa nova função, busquei especializações e meu marido foi um grande incentivador nessa transição. Muitas portas se fecharam, mas eu busquei determinação para continuar. Estou adorando integrar essa rede ao lado de mulheres inspiradoras. Estou sempre aprendendo e contribuindo com o meu melhor”, afirma Tatiana. 

A maternidade também ressignificou a vida de Bianca Lemos. “Sou jornalista e atuava como assessora de imprensa em São Paulo. Quando eu e meu marido decidimos ter um filho, vi que a presença de um bebê não se encaixava na minha rotina e comecei a repensar a carreira. Queria encontrar outra atividade, em que eu pudesse ser a dona da minha agenda. Em 2012, fui acompanhar o nascimento do filho de uma prima e o marido dela me entregou uma câmera, pedindo que eu registrasse o momento. Foi ali que a minha chave virou. Eu vi que sabia fotografar, que conseguia mostrar sensibilidade nas imagens, e decidi investir nisso, conciliando alguns eventos com o meu trabalho principal. O Pedro nasceu, voltei de licença-maternidade e fui demitida. Fiquei feliz. Era o sinal que precisava para mergulhar nesse sonho. Não parei mais”, recorda Bianca. 

Depois de um ano, a fotógrafa teve que se mudar para Ribeirão Preto e recomeçar. “Fiz boas parcerias e me conectei com as pessoas certas aqui. Sou muito grata por cada uma delas, incluindo o Projeto Coração de Mães e a Flor de Joca. Vi o quanto estar cercada por mulheres me emociona e sei que posso ajudar para que essas mães acreditem no potencial que elas têm para progredir dentro do empreendedorismo. Estamos, de fato, juntas em um mesmo propósito”, finaliza. Para saber mais sobre o projeto, acesse: @flordejoca.

 


Foto: Divulgação e Bianca Lemos

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