Brasil é o país que mais mata transexuais
Na ultima semana, uma travesti foi assassinada em um quarto de motel em Ribeirão Preto

Brasil é o país que mais mata transexuais

Uma travesti ou transexual é morta a cada 48 horas no Brasil, de acordo com dados levantados em 2017 pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais

Na madrugada de um domingo, em um quarto de motel na Zona Norte de Ribeirão Preto, Laysla Oliveira, de 21 anos, uma travesti, morreu violentamente nas mãos de um homem. O motivo da agressão, segundo o acusado, seria porque ele não sabia se tratar de uma travesti. Uma funcionária do motel entrou no quarto e se deparou com o corpo de Laysla, já sem vida, com o rosto e a cabeça machucados e um suposto afundamento no crânio.

Como ela, uma travesti ou transexual é morta a cada 48 horas no Brasil, de acordo com dados levantados em 2017 pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra). Em levantamento publicado pela organização europeia Transgender Europe, o Brasil lidera o ranking de países com mais homicídios de pessoas transgêneras. "É importante dizer que só entram nesses dados os LGBTs que foram assassinados por conta de preconceito ou discriminação, transfobia", diz Washington Ricardo, um dos diretores da Ong Asgattas, que apoia transexuais e travestis de Ribeirão Preto.

O estudo considera a situação um extermínio da população de travestis e transexuais e os crimes, quase sempre, são violentos com requintes de crueldade, assim como foi a morte de Laysla. "Isso é um dado alarmante, que mostra a necessidade de buscar soluções por meio de uma ação conjunta entre diversas esferas de poder, não apenas a segurança pública", comenta Ricardo. Ele ainda ressalta que Ribeirão é uma das poucas cidades grandes que ainda não têm um setor que cuide exclusivamente destes casos.

"Me sinto assassinada a cada morte que vejo publicada", fala Mariah Agatha Lima, fundadora da Ong Asgattas.

O preconceito e a discriminação ainda assustam grande parte da população LGBT, principalmente as transexuais e travestis. "Muitas vivem escondidas por conta do medo, saindo de casa somente durante a noite, quando a maioria das pessoas já está em casa", diz Agatha. Hoje, ela superou essa barreira e se tornou empresária, mas muitas ainda sobrevivem do mercado da prostituição, assim com Laysla, já que o emprego formal para essa parcela da população ainda é difícil.

Ricardo percebe um empenho maior da Justiça em casos como esses, por conta do trabalho de associações que defendem essas pessoas. "Hoje temos um apoio muito maior da população, já que a comoção é muito grande e a imprensa tem colocado luz nesses casos", coloca. "Mas me espanta o fato de que o agressor ainda está solto, mesmo confessando o crime".


Foto: Pixabay

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