Brechós derrubam preconceitos e passam a ditar tendências
Brechós derrubam preconceitos e passam a ditar tendências

Brechós derrubam preconceitos e passam a ditar tendências

Mudanças culturais e econômicas contribuíram para que os artigos usados caíssem no gosto do consumidor ribeirãopretano

Por um longo tempo, muitas pessoas associaram os brechós a roupas velhas e em mal estado de conservação. Porém, em meio ao momento de ajustes na economia brasileira, este preconceito vem sendo desmistificado com o aumento da adesão do público ao nicho de mercado. Nesse sentido, a mudança cultural dos consumidores tem sido um dos efeitos colaterais positivos da crise econômica.

De acordo com Kiko Baruffini, diretor e organizador de um dos bazares mais tradicionais de Ribeirão Preto, as vendasKiko Baruffini e amigas com peças de brechós cresceram 35%. Ele também conta que os brechós, atentos às demandas dos novos consumidores, conseguem conciliar fatores atrativos como um bom custo-benefício, qualidade, variedade de opções e novidades.

“As pessoas têm interesse em brechós porque sabem que podem adquirir não só produtos com preços totalmente diferenciados, mas peças que elas jamais conseguiriam comprar em uma loja convencional, que vão desde simples marcas até marcas de luxo”, explica.

Para a proprietária de um brechó infantil Camilla Stelli, os negócios de artigos usados precisam estar atualizados de acordo com as tendências da moda. “Nós adquirimos peças que estão sendo usadas pela maioria das crianças que conhecemos e vemos. Além de roupas da moda, temos fantasias, trajes para festas juninas, vestidos de festas, ternos e roupas básicas”, conta.

Além de comprar roupas a preços mais acessíveis, as pessoas também podem recuperar parte do dinheiro gasto com a compra de roupas novas ao ofertar produtos para brechós revenderem.

No entanto, a dona de brechó Sara de Falco Venturi ressalta que, para atender as exigências dos clientes, na hora da compra pela loja, são utilizados critérios rigorosos no controle de qualidade e na atribuição de preço. “As roupas têm que estar em ótimo estado de conservação, caso contrário, não as compramos. A avaliação depende da qualidade da peça; assim, o preço varia de acordo com a marca também”, explica.

De acordo com Sara, em média, a diferença no valor entre uma peça usada e uma nova da mesma marca chega a ser menor que a metade do preço. “Enquanto uma peça da mesma marca custa R$ 180 numa loja, em um brechó você encontra por R$ 40”.

Sara vende roupas no seu brechó

Baruffini, por sua vez, chama a atenção para a importância das redes sociais como aliadas na divulgação dos produtos e no estreitamento da relação com o cliente. “A propaganda nas redes sociais influencia bastante através de pessoas que têm muitos seguidores, blogueiros, it girls, personalidades e formadores de opinião, e digital influencers”.

A contadora Camila Messias Silva compra em brechós há 16 anos e, independente da crise, sempre manteve a mesma frequência nas lojas. Ela também acrescenta que nestes espaços há compradores de diversas camadas sociais. “Sou completamente apaixonada por um brechó, adoro andar na moda, poder variar e economizar. Pude perceber com o tempo que não são só os clientes das classes mais baixas que compram em brechós, conheço muita gente de condição financeira elevada que também consome neles”, destaca.

Sustentável e na moda

O consultor de moda Luis Paulo dos Santos destaca que quem consome produtos de brechós, além de econômico e descolado, se torna sustentável. “Quando a pessoa adquire uma peça de roupa usada, ela preserva o meio ambiente, sendo que a indústria da moda é uma das que mais poluem. Ou seja, reutilizando você polui menos”.

Santos também acrescenta que é possível encontrar peças de grifes por metade do preço original. Por isso, ele diz, “os clientes que frequentam brechós são pessoas que possuem um olhar diferenciado e estão atentos a um bom corte, um bom tecido, uma boa padronagem, criando a sua própria estética e formando um conceito”, completa.


Foto: Arquivo Pessoal

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