Celebração da Páscoa traz mensagem de esperança em meio à pandemia do coronavírus
Representantes da igreja católica, da igreja evangélica, do espiritismo e do budismo relembram o verdadeiro significado dessa data
A pandemia da Covid-19 é um assunto sério e, por isso, tem atraído todas as atenções nas últimas semanas, mas, mesmo com esse clima de insegurança que paira no ar, a Páscoa, comemorada hoje, 12, não pode passar despercebida. A data –uma das mais importantes do calendário cristão– marca a ressurreição de Jesus Cristo e costuma ser bastante festejada, tanto em celebrações religiosas nas igrejas, quanto em reuniões familiares em casa. Este ano, justamente por causa do novo coronavírus, o cenário será diferente, já que a orientação do governo e de entidades da saúde é manter o isolamento social para evitar a disseminação da doença.
O fato das confraternizações terem que ser canceladas, no entanto, não faz com que a Páscoa perca seu significado. Pelo contrário.
Segundo o Padre Igor Lima, esse período trará lições valiosas. “Essa pandemia mexeu com nosso cotidiano, nosso trabalho e nossas relações humanas. Em meio a tanto sofrimento, chega a Páscoa. Não será possível nos reunirmos nas igrejas para celebrar o grande mistério da nossa fé. Muitos não poderão estar em família. Vivenciar uma data especial durante a quarentena é um convite à reflexão. Temos que entender que a Páscoa deve acontecer, primeiramente, dentro de cada um de nós. Na fé cristã, a Páscoa significa a passagem da morte para a vida, da dor para o alívio, da tristeza para a alegria. Jesus, antes de ressuscitar, ficou por três dias guardado em um túmulo com uma pedra. Hoje, encontramo-nos fechados pela Covid-19, mas não há espaço para o desespero. É tempo de olharmos para o nosso coração, valorizarmos o que temos e nos fortalecermos na fé na esperança para termos a certeza de que dias melhores estão por vir”, afirma o padre.
O pastor Pablo D’Ambrosi, da Igreja Bola de Neve Ribeirão Preto, também enaltece a importância dessa data. “A Páscoa, a ressureição de Jesus Cristo, é o ápice daquilo que cremos. A eternidade junto a Deus é a base da nossa fé. A preocupação com a saúde e com a economia diante do novo coronavírus é, sem dúvida, legítima, mas não podemos nos perder nesse caos e esquecer da Páscoa em sua essência. Jesus pagou nossas dívidas, livrou-nos do peso da condenação pelos nossos pecados. Por meio de seus ensinamentos, Ele nos transforma, nos fortalece e nos dá bom ânimo para enfrentarmos situações difíceis como essa. Só assim, apoiados pela fé, conseguimos sentir a verdadeira paz”, argumenta Pablo.
Espiritismo
Segundo o médium Romildo Arantes Meirelles, a Páscoa não tem nenhum significado especial dentro da doutrina espírita. No entanto, o fundador e presidente da Sociedade Espírita Cáritas faz questão de deixar uma mensagem de confiança em meio aos tempos sombrios que a humanidade enfrenta atualmente. “Tudo o que está acontecendo é para despertar o ser humano. Devemos passar por essas dificuldades para amadurecermos, para desenvolvermos resistência e consciência em relação à realidade espiritual, dando valor a nossa existência e a do próximo. Não podemos nos deixar levar pelo medo ou pela ansiedade, pois são sentimentos que só trazem mais complicações. Somos filhos de um pai que nos criou para sermos felizes, para vencermos os obstáculos que surgem pelo caminho, não para sermos vencidos.
Travamos uma batalha contra inimigos internos e externos, mas a fé em Deus nos guia. Isso vai passar e, então, teremos uma nova era de paz, luz e entendimento”, finaliza.
Budismo
A Páscoa também não tem relação direta com o Budismo. Entretanto, vivendo em um país cujas crenças se alicerçam nas tradições judaico-cristãs, não há como não reconhecer sua grande importância para a maioria da população. De acordo com o monge Kojun Sensei, fundador da comunidade Zen Budista de Ribeirão Preto, ao analisar a data sob seu aspecto simbólico, é possível encontrar aproximações entre as crenças. “Em seu sentido mais primitivo, a Páscoa representava a passagem do inverno para a primavera. É a exaltação da vida em seu estado nascente. Portanto, esse é um momento de renovação. Podemos tomá-lo como uma oportunidade de nos observarmos, implementando mudanças que tragam algo positivo para nós mesmos e para o próximo”, orienta o monge. Ainda segundo Kojun, a realização da Páscoa nesse período delicado é uma bênção. “Esse contexto nos convoca à reflexão acerca daquilo que temos feito com nosso planeta. Ficam evidentes a interdependência, a impermanência da vida, agora totalmente modificada e reclusa, e a urgência por repensarmos nossa existência. Temos que estabelecer novos valores e praticar a compaixão para cuidar, preservar, respeitar e beneficiar todos os seres da terra”, conclui.
Fotos: Arquivo Revide/ Arquivo Pessoal e Pixabay Banco de Imagens
