Responsabilidade afetiva em pauta
Segundo Aliene Lago, a responsabilidade afetiva é um ponto de equilíbrio em tempos de relacionamentos “líquidos”

Responsabilidade afetiva em pauta

Em tempos de relacionamentos passageiros, a responsabilidade afetiva entrou em pauta e precisa ser discutida, a psicóloga Aliene Lago respondeu algumas perguntas sobre o assunto

Conversar sobre responsabilidade afetiva nunca foi tão necessário. O assunto precisa estar em pauta no dia a dia dos seres humanos, independentemente do tipo de relacionamento que os envolvem. Para explicar melhor o tema, a Revide convidou a psicóloga Aliena Lago para responder algumas perguntas. Confira, a seguir, a entrevista:

 

 

O que é responsabilidade afetiva?

É quando a pessoa é consciente e compromissada com as expectativas e os sentimentos que outra pessoa pode desenvolver em uma situação específica.

 

Qual a importância da responsabilidade afetiva na atualidade?

Hoje em dia, com o advento das tecnologias e o avanço da internet, tudo ficou mais fluido e superficial. Os relacionamentos (de qualquer tipo) ficaram mais ‘líquidos’ (como dizia Bauman) e isso desobriga cada vez mais as pessoas a terem empatia e cuidado com o próximo. Então, a responsabilidade afetiva vem para equilibrarmos toda essa frieza do mundo atual.

 

Ela se emprega em qualquer tipo de relacionamento ou apenas nos amorosos?

A responsabilidade afetiva está mais relacionada ao mundo amoroso, enquanto a responsabilidade emocional é sobre qualquer tipo de relação.

 

Como a pessoa pode reconhecer que não tem responsabilidade afetiva?

Ela pode se perguntar com frequência: a expectativa que eu quero alimentar em outra pessoa está alinhada com as minhas reais intenções? Estou sendo sincero com o outro? Estou demonstrando o que eu realmente sinto? Estou tendo respeito e empatia pelo próximo?

 

Como ter a responsabilidade afetiva? É um processo de aprendizagem e consciência ou ela já faz parte da personalidade de cada um?

Sempre há a possibilidade de desenvolver uma habilidade. Algumas pessoas terão mais facilidade do que outras, mas todos podem aprender a ter responsabilidade afetiva. Para isso, tudo começa de dentro para fora. Então, vale a pena investir em autoconhecimento e autocuidado, para termos mais respeito conosco e mais consciência dos nossos desejos e expectativas. A partir disso, conseguiremos desenvolver empatia, respeito, sinceridade, comunicação e alinhamento de expectativas com o outro.

 

A responsabilidade afetiva está relacionada às expectativas que os indivíduos criam durante a vida?

Sim. Somos formados por meio das experiências que vivemos. Então, ter ou não responsabilidade afetiva possui relação com as expectativas que já criamos na vida.

 

Como igualar as expectativas em relação aos relacionamentos que vivemos durante a vida?

Desenvolvendo a habilidade da comunicação. Quanto mais se comunica sobre suas reais intenções e objetivos, mas a pessoa tem a chance de alinhar as expectativas com o outro. Lembrando, mais uma vez, da importância do autoconhecimento para ter consciência dos sentimentos que possui e dos objetivos que a pessoa quer dentro de uma relação.

 

O que a falta dessa responsabilidade afetiva pode causar no indivíduo que criou expectativas em relação a um determinado relacionamento?

A pessoa pode se sentir frustrada. Dependendo de como tudo aconteceu, ela também pode se sentir enganada, manipulada, humilhada, usada, abandonada, trocada e, em casos mais graves, ela pode ficar desconfiada nos próximos relacionamentos e se sentir muito insegura.

 

Qual é o processo de cura de uma pessoa que sofreu a falta de responsabilidade afetiva de um outro indivíduo?

É necessário que ela entenda os 50% que ela possui de responsabilidade nessa situação. Por que eu atraí alguém que não teve respeito e empatia por mim? Não é uma pergunta fácil de responder, mas ela pode abrir caminhos para entender a situação e tratar as dores e traumas para que eles não se repitam.

 

Qual a importância de um acompanhamento de um especialista nestes casos?

Um profissional irá deixar mais leve o caminho de entender e lidar com uma grande dor. Um especialista é uma muleta, um atalho, uma ponte para passarmos por uma situação de sofrimento. Quem tem dor tem pressa e um profissional pode encurtar o caminho até a superação.


Foto: Pixabay (Ilustrativa)

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