Em Sertãozinho, procuram-se doadores de carinho e afeto
Apadrinhamento Afetivo quer dar direito a convivência familiar para crianças e adolescentes com poucas chances de adoção

Em Sertãozinho, procuram-se doadores de carinho e afeto

Fórum da cidade da região lança o programa de Apadrinhamento Afetivo

Para você, quanto vale um carinho? Uma demonstração de afeto? Pode ser pouco, ou até nada. Porém, para muitas crianças e adolescentes, são gestos que fazem falta. Por que então, não doá-los? É essa a intenção do Programa de Apadrinhamento Afetivo, que foi lançado nesta quarta-feira, 16, pelo Fórum da Comarca de Sertãozinho.

Para o menino Fernando*, que vive em um abrigo para menores no município, o afeto é fundamental para que as pessoas possam se sentir bem. “Afeto é coração, é carinho e amor. Felicidade, paixão, e desejo de ser feliz”, cita o garoto.

Já para Juliana*, que tem 15 anos de idade e há nove vive no abrigo, o carinho é necessário para que ela, e outras crianças e adolescentes que estão na mesma situação, possam ter uma vida normal. “Por mais que tenhamos uma vida normal, de fim de semana não temos o que fazer. É importante ter alguém para conversar e para ter carinho”, declara.

São por frases como essas, que o juiz da Vara da Infância, Hélio Benedini Ravagnani, acredita que seja fundamental um projeto de Apadrinhamento Efetivo. De acordo com o magistrado, atualmente 40 crianças e adolescentes vivem nos abrigos de Sertãozinho. Dessas, cerca de 15 têm poucas chances de serem adotadas, por serem mais velhas. Isso porque, a preferência dos casais na fila de adoção é por crianças pequenas.

No entanto, o juiz recorda que, mesmo assim, essas crianças e adolescentes precisam ter um convívio familiar, nem que sejam momentos periódicos, aos fins de semana ou nas férias. De acordo com ele, a figura de uma pessoa familiar é fundamental para que esse jovem tenha referências para a vida adulta.

O programa de apadrinhamento afetivo consiste em dar apoio a crianças e adolescentes em situação de pouca ou quase nenhuma de adoção e que, mesmo assim, têm a necessidade de uma grande convivência familiar. “As doações de brinquedo e financeiras são importantes, mas não são o foco do projeto. O objetivo é a doação do afeto”, afirma Ravagnani.

Neste programa, as crianças podem viajar com os padrinhos ou passar datas festivas na casa deles. Os padrinhos, por sua vez, também podem participar de atividades da escola do afilhado, por exemplo. No entanto, há alguns critérios para participar. O interessado em fazer a doação de afeto e carinho precisa ter mais de 21 anos de idade; ser pelo menos 16 anos mais velho que o apadrinhado; ter disponibilidade de tempo e com regularidade nos contatos a que se comprometer a estabelecer com a criança e adolescente; demonstrar comprometimento com as etapas do programa; não estar inscrito no cadastro de adoção; ser habilitado como padrinho/madrinha por decisão judicial.

Além disso, os candidatos a ingressarem no programa passar por um processo de preparação e entrevista psicológica e social.

*Os nomes foram alterados na reportagem do Portal Revide para preservar a identidade das crianças.


Foto: Arquivo Revide

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