Escotismo: a arte de educar e aprender brincando

Escotismo: a arte de educar e aprender brincando

Grupo 59º Escoteiro Aimorés, de Ribeirão Preto, que completará 70 anos no próximo mês, oferece atividades que ajudam no desenvolvimento do caráter

O escotismo é um movimento que tem como o principal objetivo educar crianças e jovens, por meio de atividades extracurriculares. Os escoteiros aprendem a se desenvolver para participar ativamente na sociedade, a ter autonomia, a servir, contribuir com as pessoas e a realizar trabalhos em equipe.

É o que explica a chefe da sessão do ramo dos Lobinhos, Mônica Luzia Bidoia Couto, chamada de Akelá – nome dado à Mônica, chefe da sessãoresponsável pelo ramo – no Grupo 59º Escoteiro Aimorés. “O propósito do escotismo é educar, mas é um extracurricular mesmo, a intenção é que esse jovem se desenvolva para participar de atividades na sociedade, respeitar o próximo, servir, realizar boas ações, ter autonomia e trabalhar em equipe”, explica Mônica, que há cinco anos participa do grupo 59.

Segundo a chefe da sessão, as atividades do grupo são trabalhadas por meio de brincadeiras, que proporcionam aprendizado e valores aos envolvidos do Ramo Lobinhos, que são as crianças de seis a 10 anos. “Nós trabalhamos muito valores, que é o que a sociedade precisa mesmo, os lobos eles vão aprendendo com brincadeiras, claro todas elas com objetivos, que acabam trabalhando o caráter, a afetividade, a espiritualidade, o social e o físico dessas crianças”, diz Mônica.

Neste ramo, as crianças aprendem por meio de trabalhos desenvolvidos em cima da Lei do Lobinho, que traz cinco artigos: O Lobinho ouve sempre os Velhos Lobos; O Lobinho pensa primeiro no outros; O Lobinho abre os olhos e os ouvidos; O Lobinho é limpo e está sempre alegre; O Lobinho diz sempre a verdade. “Trabalhamos sempre com esses artigos, todas as atividades nós nos baseamos neles, às vezes algumas crianças tentam mentir, mas nós sempre nos lembramos das leis e por meio das brincadeiras nós reforçamos isso”, conta Mônica.

Dulcinea, a mãe loba Para Dulcinea Nogueira Franceschini, chamada por Raksha, a mãe loba do ramo, e que está há 22 anos no Grupo 59º, os artigos sempre ajudam a criança a ter atitudes corretas perante a sociedade. “Muitas vezes, já aconteceu de uma pai pedir para que o filho mentisse em relação a alguma coisa do grupo, como não realizar a atividade que tenha sido pedida, e essa criança não conseguir. Eles realmente assumem a promessa que fazem”, explica.

Ao entrarem para o escotismo, as crianças assumem um compromisso, que deve ser oficializado por meio de um “ritual”, em que os pais também precisam estar cientes e convencidos. “Para entrar, eles precisam ter certeza do que querem. Após não terem nenhuma dúvida disso, eles passam por um 'ritual', em que os pais também devem estar cientes, pois as crianças terão que assumir este estilo de vida, não mentir e fazer boas ações, como todos os Lobinhos”, conta Dulcinea.  

Ao passar pelo “ritual”, o Lobinho passa a ter que cumprir tarefas que são propostas pela Alcateia, nome dado aos grupos escoteiros. “Todo Lobinho tem que cumprir, todos os dias, uma boa ação, e boa ação não é obrigação. Ir bem na escola é uma obrigação, arrumar a cama é uma obrigação, cuidar do animal de estimação é uma obrigação. E tem as boas ações, que são ajudar alguém a atravessar a rua, ajudar com sacolas de compras, pedir um auxílio para os pais sobre alguma boa que podem fazer, então eles vão de pouquinho tendo essa responsabilidade. No começo eles ficam meio aflitos, tipo 'ai, preciso fazer porque o Chefe vai perguntar', e com o passar do tempo vira rotina deles e acabam assumindo o seu próprio desenvolvimento. Esse é o verdadeiro intuito do escotismo, que o jovem assuma o seu próprio desenvolvimento”, explica Mônica.

História

O Escoteiro Aimorés foi fundado em 19 de setembro de 1947, na Escola Estadual Sinhá Junqueira, pelo Professor Lourival Rodrigues e o amigo José Benedito Campos Leite. O grupo, que completará 70 anos no próximo mês, foi criado com mais quatro em Ribeirão Preto, que eram vinculados a outras escolas estaduais.

Entretanto, com o passar do tempo, os grupos de escoteiros foram encerrando suas atividades, permanecendo apenas o Aimorés. Segundo Dulcinea, após alguns anos, o Grupo 59º também encerrou suas atividades por falta de adultos, mas acabou voltando após a pausa. “Algumas pessoas que haviam participado do Ramo Lobinho se reuniram e deram continuidade ao grupo” conta Dulcinea.

Lobinhos

Como participar?

Não há uma idade máxima para se tornar um escoteiro. No Grupo 59º Escoteiros Aimorés, são bem-vindas pessoas de todas as idades, a partir dos seis anos e meio, por se tratar de uma criança que já está sendo alfabetizada. Na Alcateia existem vários ramos: Ramo Lobinho; Ramo Escoteiro; Ramo Pioneiro, Ramo Sênior.

“O nosso lema é sempre fazer o melhor possível, independente da idade da pessoa, então não há uma idade máxima, só precisa, para começar, ter seis anos e meio, pois a criança tem que ser alfabetizada. Às vezes tem até algumas crianças que entram e ainda não são alfabetizadas, mas nós prezamos isso, para que ela pelo menos entenda e compreenda”, explicam as escoteiras.

Os encontros acontecem aos sábados, das 14h às 17h, no Parque Dr. Luiz Roberto Jábali (Curupira). Mais informações podem ser obtidas por meio da página do Grupo 59º ou (16) 4141-3440.


Fotos: Arquivo pessoal e Gabriela Maulim

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