Estudo da USP-RP mostra como a tecnologia contribui para violência nas relações
Análise afirma que controle das redes sociais do parceiro é um problema que deve ser discutido

Estudo da USP-RP mostra como a tecnologia contribui para violência nas relações

Pesquisa analisou jovens com idade entre 15 e 18 anos e maioria dos entrevistados acredita que vale tudo pelo amor

O controle das redes sociais do parceiro é uma "prova de amor", e não uma violência, para jovens de Ribeirão Preto. A conclusão é de um estudo, que avaliou o comportamento de 39 pessoas, com idades entre 15 e 18 anos, desenvolvido na Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (EERP/USP). O trabalho afirma que as novas tecnologias têm contribuído para a propagação da violência nos relacionamentos.

A pesquisa da socióloga Ana Beatriz Campeiz indica que as redes sociais permitiram uma maior ingerência entre parceiros dentro de uma relação. “Ficou bem evidente que as redes sociais como o Instagram, Facebook e WhatsApp facilitam o controle e a manipulação da vida do companheiro, pois os adolescentes insistem em ter acesso a todo conteúdo dos celulares, além de impedir que o parceiro tenha amizades com pessoas do sexo oposto”, afirma Ana Beatriz.

Ela acredita que essas reações expõem a fragilidade das relações e reforçam a violência. Isso porque, de acordo com o estudo, os jovens avaliados acreditam em um “amor romantizado”, que deve superar todas as dificuldades encontradas no caminho, o que, de acordo com a socióloga, ajuda na propagação de ideias machistas e misóginas. “Nesta pesquisa, os adolescentes desqualificam a mulher o tempo todo”, relata a pesquisadora.

A auxiliar-administrativo Paola Cabrera, que já passou por uma situação parecida, acredita que o problema não é a rede social, mas o fato de o parceiro se sentir “dono” do outro. “Você começa a sentir como se fosse um objeto”, relata Paola, que conta que já terminou um relacionamento quando um amigo no Facebook curtiu fotos seguidas dela, em sua página. “Um ex-namorado não gostou, mas aquilo não tinha nada a ver comigo. Ele que me via como propriedade. Eu sequer curti foto do cara, nem conversei com ele”, conta.

Paola disse que esse foi um ponto importante que ela considerou quando decidiu terminar a relação. “O certo é o casal conversar e os dois ‘delimitarem’ o tolerável”, diz a auxiliar administrativo, que conta que, no atual relacionamento, tanto ela, quanto o namorado, têm a senha do celular de um e do outro. “Isso não me incomoda”, complementa. “Se o seu parceiro se incomoda tanto com sua rede social, é melhor você rever seu namoro”, finaliza.


*Com informações Jornal da USP


Foto: Pixabay

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