Jovens que se aventuram na arte são destaques em Ribeirão Preto
Jovens que se aventuram na arte são destaques em Ribeirão Preto

Jovens que se aventuram na arte são destaques em Ribeirão Preto

Em meio a um dia a dia agitado, eles revelam todo talento; alguns já expõem o trabalho na cidade

 Em meio a um dia a dia agitado, jovens de Ribeirão Preto revelam todo talento que possuem atrás da imaginação.

A adolescente Mariana Oliveira, de 15 anos, por exemplo, já expos por duas vezes na cidade. Atualmente, suas telas podem ser vistas no Ribeirão Shopping e em uma Egrégora localizada nos Campos Elíseos.

“A arte, em minha opinião, significa tudo aquilo que de certa forma nós sentimos. São os efeitos profundos e excêntricos sobre minhas experiências conscientes. Quanto mais intuitivo for e menos cerebral, eu adoro fazer. Não ponho limites nas minhas criações. Sempre tem os momentos certos e deliciosos de se produzir, é algo que transborda e quando eu vejo a arte está pronta”, conta Mariana.                        

Atualmente, a adolescente está na criação de um livro chamado Ando Jururu. Na obra, cada ilustração terá seu próprio cenário. “Gosto que as pessoas vejam minhas obras e pensem o que elas quiserem sobre. Sem querer ser narcisista, mas desconfio que eu mesma seja minha própria inspiração. Claro que muitos artistas me inspiram de inúmeras maneiras, mas o que mais vale a mim são as experiências que eu vivo”.

Estilo inconsciente

Francisco Sousa Romão, de 22 anos, é mais um talento que Ribeirão tem reservado em suas terras. O jovem traz detalhes do que produz e afirma que suas obras saem de seu inconsciente. “Eu não penso em nada antes de pintar e às vezes até consigo interpretar alguns dos meus trabalhos”, diz.  

Além de pintor, Romão é escultor e ainda faz artesanato. O destaque vai para a maior tela que pintou, a parede de seu quarto. “A arte sempre esteve presente em minha vida. Desde minha infância eu sempre brinquei com lençóis, fazendo cabanas, esculturas, mexia com madeira, pedra sabão, sucatas, ferro, argila... Tudo isso sempre foi algo que me intrigou e me instigou, além de sempre ter gostado de desenhar”, conta.

Entre os estilos favoritos do jovem estão o surrealismo e o cubismo, mas ele diz que não usa muita referência. “Com o passar dos anos fui procurando novas técnicas. Sempre me senti atraído por cores, pelas imagens, é como uma válvula de escape, eu começo a pintar a trabalhar produzir. A minha maior satisfação é ver a obra finalizada. Neste momento, percebo a recompensa do que fiz”.

Arte instantânea

Ana Luiza De Campos Carlomagno, de 16 anos, fala que gosta de fazer sua arte a qualquer momento do dia. “Eu comecei a fazer arte no sétimo ano da escola. Desenhava o tempo todo, mas nunca tinha passado na minha cabeça que eu podia fazer daquilo a minha vida. Ao ficar mais velha, comecei a participar de coisas mais culturais e abri minha visão para o mundo da arte”, conta.

Ana lembra que, por conta disto, começou a ter mais envolvimento com a música, com seus desenhos, com suas poesias e com danças. “Eu me apaixonei, é uma coisa que me completa. Vejo expressões artísticas em tudo. Como trabalho em um salão de beleza, sou rodeada por arte e artistas, pois, afinal de contas uma maquiagem não é só uma maquiagem, são cores, pincéis e um rosto, um corte, um penteado e assim vai”, diz.

Por fim, a adolescente diz que no desenho tudo vale. “Às vezes em uma observação de algo bem pequeno surge um desenho enorme, uma ideia gigante e isso é uma delicia. É maravilhoso ter algo

em mente e conseguir passar ao papel. Você pode ser quem você quiser e isso é delicioso, te dá a sensação de fuga, parece que o caos que existe some”, afirma.

Arte nos textos

Assim como a artista anterior, Bethania Sousa Romão, de 17 anos, ama fazer arte, mas com papel e caneta. “Como dizia Ferreira Gullar: A arte existe porque a vida não basta. Desde que eu me considero gente, eu tenho vínculo com as manifestações artísticas. Meus pais foram quem me deram todo meu amparo cultural, assim que me deixei afetar pelas palavras e utopias”, explica.

Para Bethania, a poesia é a possibilidade de criar novos horizontes, de aflorar nos outros aquela essência humana já quase esquecida ou subverter às ordens do mundo.

“A minha criação é espontânea, vem de outro tempo, não daquele cronológico, e sim o meu espaço com o papel, dependendo muito do modo como o mundo me afeta, me provoca, me deixa inquietada, então não tem uma receita”, finaliza a poeta.

Confira uma das poesias da jovem artista:

Regando a dor

Queda surda, poeira e corpo caindo na terra ardida.
Mandacaru não flori-o
O menino das costelas expostas aprendeu o que ninguém ensinou

Dói pisar descalço
O chão já não é terra macia
É brasa
É carne fritando uma da tarde
É lança lançada, é mão calejada
É a chinela que chia
Dia após dia
É terra infértil
É sol em ponto de fusão consumindo todo tipo de vida
Aqui se planta, planta, planta, planta e a semente enrruga no útero da terra, sufocada, sem broto de ser gente.
Terra rachada
Boca rachada
Olho rachado
Rachada a esperança
E no meio desses rachados que a gente vive.
Em meio de tantos Ramos e angústias eu pergunto, eu indago de punhal nas mãos...

Quantas mortes cabem em um Severino ou quantas vidas secas cabem em um Fabiano?
É de engolir seco, aqui o caminho não é de pedrinhas de brilhantes. Nunca foi.
 


Foto: Arquivo Pessoal

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