"Lava Jato é desafio a jornalistas", diz presidente da Abraji
Herdy trabalha na sucursal do Jornal O Globo, em São Paulo

"Lava Jato é desafio a jornalistas", diz presidente da Abraji

O jornalista Thiago Herdy participou das comemorações dos 30 anos da Revista Revide

“Gostei bastante. Deu para tirar as minhas dúvidas. Gastei o meu caderno inteiro para escrever o que ele disse. Foi uma aula”, enfatizou o estudante de jornalismo Germano Neves assim que terminou o bate-papo com o jornalista Thiago Herdy, presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), nesta terça-feira, 17.

Herdy, que trabalha na sucursal do Jornal O Globo em São Paulo, foi o convidado da quinta palestra sobre comunicação, que faz parte das comemorações de aniversário de 30 anos da Revista Revide. Ele falou sobre o papel da imprensa na operação Lava Jato, o futuro da comunicação e do “bom jornalismo”.

Para Herdy, a Operação Lava Jato é um grande desafio para os jornalistas, que se torna ainda maior por esta acontecer junto de duas crises: as dos meios de comunicação e a econômica.

Para ele, a Lava Jato é um aprendizado para o jornalismo no Brasil, porque foi a primeira vez que foi compreendido que todas investigações envolvendo políticos deveriam ser divulgadas na íntegra.

“[O juiz Sérgio] Moro entendeu que era preciso jogar luz nestes casos. Mas isso é uma enxurrada de informação. Não digo que é o maior caso de corrupção da história do País, mas é o maior descoberto, e coube aos jornalistas traduzirem isso. Infelizmente estamos vivendo uma crise, talvez se fosse há cinco anos a cobertura seria melhor, porque é um trabalho imenso”, adverte o presidente da Abraji.

Por este motivo, Herdy afirma que não tem dúvidas de que para se fazer jornalismo de qualidade é preciso dinheiro, e que o “bom jornalismo” é totalmente necessário para se construir uma sociedade melhor, “ainda mais neste momento que vivemos. Precisamos de gente que traga isso para a população”, salienta.

Apesar das dificuldades, ele reforça que ser jornalista é ser idealista, porque desde que a pessoa escolhe esta profissão, ela tem ciência de que não é uma carreira fácil, e que não vai encontrar a estabilidade que outras carreiras podem dar. “É idealismo. Você tem que contar uma história que as pessoas precisam saber, ou porque ela é boa, ou porque querem esconder este assunto delas”, propõe Herdy.

Para ele, isso vai fazer com que os meios de comunicação não padeçam diante do desenvolvimento de novas mídias, pois isso transforma a imprensa mais livre, em razão da pluralidade dos canais, pois tem mais plasticidade para abordar determinados assuntos, mas que ainda necessitam de mais investimento e também de “energia para continuarem trabalhando”.


Foto: Ibraim Leão

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