Mãe ribeirãopretana cria blog para descrever rotina da filha com prematuridade extrema

Canal, que de início era apenas para informar sobre o assunto, hoje ajuda mães do Brasil inteiro

25 Dez 2017 11:13

Após o período de internação, Agda Dias ficou incomodada com a falta de informação e generalização a respeito da prematuridade. Mas, o que parecia dificuldade, se transformou em uma oportunidade para compartilhar conhecimento e experiências. Agda é a responsável pelo blog Mãe da Amora, que tem como objetivo contar o que aprendeu no período em que esteve no hospital e o que aprende no cotidiano com a filha, dando dicas e trocando experiências com outras mães.

Hoje em dia, além de ter contato com mães de todo o país, Agda também ministra palestras na Escola de Enfermagem da USP sobre prematuridade e afirma que o próximo passo é criar um canal no Youtube. “O que mais me perguntam é como que eu lidei quando soube que a Amora tinha paralisia cerebral. As mães se assustam muito quando escutam este termo”, conta a mãe.

Agda foi diagnosticada com pré-eclâmpsia e precisou realizar o parto com 27 semanas. Amora nasceu com 760 gramas e ficou 111 dias internada entre CTI Neonatal, berçário de cuidados semi-intensivos e alojamento conjunto. Em razão da gravidez prematura, inclusive, quase perdeu a visão. “Ninguém fala de prematuridade. Mesmo quando o meu médico falava que tinha a possibilidade dela nascer prematura, eu não tinha noção do que era. Eu achava que eu ia entrar em trabalho de parto antes da hora, não imaginava que eu teria uma intercorrência que me fizesse interromper a gestação para salvar a minha vida”, diz Agda.

Hoje, com dois anos e três meses, a rotina de Amora é baseada em tratamentos fisioterapêuticos, terapêuticos ocupacionais, fonoaudiólogos e sociais. Segundo a Fisioterapeuta de Amora, Camila Almeida, é muito importante que além das estimulações durante as sessões de fisioterapia, também haja estimulações diárias e a todo o momento. Essas estimulações podem ser realizadas pelos próprios pais durante o dia a dia.

Além disso, ela destaca a importância da rotina social para o desenvolvimento dos bebês prematuros. “A rotina social é de extrema importância, pois permite o contato da criança com ambientes ricos em estímulos. Esses ambientes permitem que a criança tenha o contato com a história daquele lugar e seja condicionada a ficar em posições corporais corretas. Proporcionar experiências que expõem a criança prematura às mesmas condições que outras crianças da idade dela ajuda muito no desenvolvimento”, explica a especialista.

A expectativa é que Amora corrija as complicações. O processo mais complexo para a correção do atraso é em relação ao desenvolvimento motor, sistema extremamente variado de acordo com o grau de prematuridade e intercorrências após o nascimento.

Neste caso, Amora teve paralisia cerebral, sequela da lesão encefálica por conta da prematuridade, o que torna a situação do sistema motor ainda mais agravada.

A música como aliada

Agda conta que a música está presente na rotina da Amora desde a gestação, mas foi ao dar início à estimulação da visão com vídeos com contrastes que a mãe percebeu que a reação era mais positiva com o vídeo da música o Sol e a Lua, do grupo Pequeno Cidadão. Desde então, Amora é fã do grupo e adora a voz de Arnaldo Antunes. ‘’Ela fica muito feliz quando assiste ao vídeo e escuta a voz dele, eu percebo que a voz chama muito a atenção dela’’, enfatiza Agda.
Amora em seu primeiro contato com o ídolo Arnaldo Antunes
O Grupo mantém contato com o blog da mãe pelas redes sociais, mas foi durante a Feira do Livro deste ano que Amora teve o seu primeiro contato com o ídolo. O músico, poeta e ex-integrante do Titãs recebeu a Amora no camarim após a conferência realizada no Teatro Pedro II.

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