Mulheres conquistam lugar em profissões tradicionalmente dominadas por homens
O empoderamento sempre faz parte da rotina da soldado Mayra Rodrigues Ferreira, 28 anos, do 9° Grupamento do Corpo de Bombeiros

Mulheres conquistam lugar em profissões tradicionalmente dominadas por homens

Veja histórias de mulheres que são exemplos da força e do empoderamento feminino em Ribeirão Preto

As mulheres são maioria na população de Ribeirão Preto. Segundo o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), elas representam 52% dos habitantes do município. A estimativa populacional 2020 da Fundação Seade, do Governo do Estado de São Paulo, mostra que são 354,8 mil mulheres em Ribeirão Preto e 328,9 mil homens.

O Censo do IBGE também mostra que, em 41% dos lares de Ribeirão Preto, são elas as responsáveis sozinhas pelas contas e família. No ano 2000, essa porcentagem era de apenas 27%. A participação delas no mercado de trabalho também avançou e as mulheres já ocupam praticamente metade das vagas com carteira assinada em Ribeirão Preto segundo a Secretaria de Trabalho do Ministério da Economia. Os dados da última Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) mostram que 48% dos empregos formais são ocupados por elas na cidade.

E entre as maiores conquistas está a ampliação de atuação em áreas tradicionalmente dominadas por homens. A copiloto Silvia de Freitas Baptista, 44 anos, que atua na companhia Voepass, é um exemplo do espaço que as mulheres possuem no setor de aviação. De acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o número de mulheres com licença para voar como piloto comercial de avião subiu 64% de 2015 a 2018.

“Hoje percebo um respeito muito grande também, tem crescido o número de mulheres na aviação”, conta Silvia, destacando a forma como as mulheres são vistas no setor. Ela começou a carreira há aproximadamente 13 anos, em São José do Rio Preto. “Logo fui voar em uma usina no Triangulo Mineiro, como copiloto, até adquirir a experiência necessária para piloto em comando, no qual trabalhei por 11 anos, voando com um. Agora, estou me realizando em na aviação comercial”, descreve.

Silvia de Freitas Baptista é copiloto há mais de dez anos: "união entre as mulheres" / Foto: Arquivo Pessoal

Silvia também destaca a força e a união que as mulheres com objetivos em comum demonstram. “Sempre ouço palavras de apoio, orgulho e empoderamento.” Incentivo que pode ampliar ainda mais a participação delas nesse mercado, pois, ainda segundo dados da Anac, dos mais de 70 mil profissionais de aviação com licenças ativas em 2018, contando comissários, pilotos e mecânicos, apenas 13% eram mulheres.

A soldado Mayra, única mulher da equipe, diz que as mulheres podem estar e fazer o que quiserem / Foto: Luan Porto

O empoderamento sempre faz parte da rotina da soldado Mayra Rodrigues Ferreira, 28 anos, do 9° Grupamento do Corpo de Bombeiros de Ribeirão Preto. Ela é uma das sete bombeiros feminina que atua na cidade, em um universo de 164 bombeiros no total. “No começo, senti o impacto porque minha rotina mudou demais. Nunca tive convivência com tantos homens. Mas nunca me senti excluída ou preconceito por ser mulher dentro da corporação”, conta Mayra, que antes de entrar para a carreira na Polícia Militar, há quatro anos, atuava como esteticista. “Trabalho desde cedo e sempre tive o objetivo de fazer as coisas sozinha, por minha conta. Tenho formação acadêmica em estética e, por muitos anos, exerci essa profissão, em um universo muito feminino, sempre trabalhei só com mulheres.”

A soldado Mayra conta que a decisão por ingressar na PM veio de uma influência familiar, que sempre valorizou a carreira pública. “Meus pais trabalharam no serviço público e cresci aprendendo o valor desse setor. Mesmo já tento minha profissão como esteticista, quando vi uma oportunidade do concurso na polícia, decidi mudar e prestar. Quando passei e entrei para a academia, minha vida mudou completamente”, conta Mayra, que saiu de Montes Claros, Minas Gerais, para fazer a academia na capital paulista e depois foi transferida para Ribeirão Preto.

“Penso que, em qualquer profissão, temos de chegar e fazer por merecer. Para conquistar destaque e espaço, é preciso amar a profissão e ter admiração pelo que você exerce. Tenho um orgulho muito grande de estar nos Bombeiros e de tudo que conquistei. Aqui, somos testados a todo momento e sempre aprendemos. É uma superação diária. Já tive o receito de não ser aceita, mas aprendi que, com determinação, conseguimos conquistar o que queremos”, conta.

Para a tenente Mingarino, do Baep, presença feminina deve ser encarada com naturalidade / Foto: Luan Porto

Determinação também é palavra-chave para Driely Rezende Mingarino, 26 anos, a tenente Mingarino do 11° Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep), de Ribeirão Preto. Ela comanda uma equipe de soldados em operações arriscadas e conta que, mesmo em um ambiente tradicionalmente dominado por homens, nunca sentiu preconceito. “Hoje é muito natural. Não existe mais competição ou diferença entre homens e mulheres.  As mulheres aumentaram a presença e conquistaram seu espaço. Vejo jovens muito determinadas a alcançar esse objetivo, com muita garra”, conta a tenente.

Ela diz que a presença feminina na PM deve ser encarada com naturalidade, mas ainda causa surpresa algumas vezes. “A mulher com uma farda, às vezes, causa essa surpresa. Mas algo positivo, legal. Principalmente crianças, que olham e falam: ‘olha, uma policial mulher’”, conta. A tenente Mingarino acredita que, com determinação e empenho, as mulheres podem preencher os espaços e seguir conquistando sonhos e objetivos. “Estou vivendo um sonho e encontrei meu lugar. Me sinto realizada e acredito que a determinação, fazer sacrifícios e a disciplina foram essenciais”, conta ela, que antes de ser aprovada na Academia de Polícia Militar Barro Branco, estudava para prestar vestibular de veterinária.


Fotos: Luan Porto e Arquivo Pessoal

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