Nascem os gêmeos Maria Flor e Noah, gerados pela avó em barriga solidária
Parto foi realizado na noite desta terça-feira, 3, no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto

Nascem os gêmeos Maria Flor e Noah, gerados pela avó em barriga solidária

Valdira das Neves, de Serrana, ajudou o filho, Marcelo das Neves, a realizar o sonho de ser pai

Os gêmeos Maria Flor e Noah, de Serrana, nasceram na noite dessa terça-feira, 3, no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto. As crianças foram concebidas por meio da barriga solidária de Valdira das Neves, de 45 anos, que é a avó dos bebês. O pai é Marcelo das Neves Junior, de 24 anos, filho de Valdira.

Maria Flor nasceu com 2,250 quilos e Noah, com 2,190 quilos, para atendimento, o menino foi levado à Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Pediátrica. Ainda não foi informado qual tipo de parto realizado. 

A história peculiar dessa família da Região Metropolitana de Ribeirão Preto começou há quase quatro anos, quando Valdira perdeu a pequena Helena, irmã de Junior. Com sete meses de gravidez, foi necessário fazer uma cesárea de emergência para tentar salvar a vida da menina, que faleceu.

Com vontade de engravidar novamente, Valdira procurou por uma clínica de reprodução humana assistida para saber quais seriam as opções disponíveis. Ao escutar do médico que as melhores chances de a mãe conseguir gerar um bebê mais uma vez seriam se ela utilizasse o óvulo de uma doadora anônima, Junior propôs que ela o ajudasse a realizar o sonho de ser pai.

“Sugeri que, já que ela iria ter que usar o óvulo de uma pessoa desconhecida, ela poderia ser a barriga solidária para gerar meu filho”, explica ele. Junto com o pai, Marcelo das Neves, a família então amadureceu a ideia e decidiu pelo óvulo doado, fertilizado com os espermatozoides de Junior.

Depois de três tentativas frustradas, a quarta vez veio para selar o destino com mais do que sorte. Valdira enfim engravidou e hoje carrega os netos na barriga, além de celebrar a oportunidade de gerar para o filho não apenas um bebê, mas dois. “Quando fomos fazer o ultrassom, o Junior já viu de cara que eram dois e estragou a surpresa que o médico queria fazer”, conta ela, emocionada. “Ser mãe e avó é indescritível, não há palavras para descrever o sentimento disso tudo que está acontecendo”, conclui.

Produção independente masculina

O caso de Junior é ainda um dos poucos de produção independente masculina no Brasil. Homossexual assumido, ele sabia que não conseguiria formar uma família sem a ajuda de uma barriga solidária.

“Nesses casos, além da barriga solidária, que pode ser de alguma parente, é necessário recorrer a um banco de óvulos de doadoras anônimas”, explica o médico Anderson Melo, especialista em reprodução humana assistida do Centro de Fertilidade de Ribeirão Preto (CEFERP).

De acordo com o médico, todos os envolvidos precisam de avaliação psicológica, e o pai biológico tem que garantir o seguimento médico durante a gravidez, o parto e após os primeiros meses do nascimento. “Essa técnica também é a mesma utilizada para casais homoafetivos masculinos terem seus bebês”, comenta.


Foto: Arquivo Pessoal

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