Pandemia aumenta em 43% a sobrecarga na rotina das mulheres que são mães
Márcia Lira e Lara Nabut aprenderam a equilibrar a rotina e aproveitar melhor os momentos

Pandemia aumenta em 43% a sobrecarga na rotina das mulheres que são mães

A "tripla jornada" faz com que as mães precisem de cuidados especiais na saúde emocional

Com a pandemia, o home office, as atividades domésticas e  a educação dos filhos aumentaram em 43% a sobrecarga das mulheres que são mães, segundo um estudo do Instituto Ipsos, em parceria com a Organização das Nações Unidas - ONU Mulheres. Essa jornada tripla de trabalho faz com que as mães que trabalham em casa necessitem de cuidados especiais na saúde emocional para não sofrerem exaustão e desencadearem quadros de doenças físicas e psicológicas.

De acordo com Ivana Teles, psicóloga do Sistema Hapvida do Grupo São Francisco, os principais fatores que estão relacionados são as situações do cotidiano. “As mães são mulheres que acabam se sobrecarregando de atividades, de responsabilidades e chegam à exaustão. Seja por se cobrarem para serem supermães, ou tentarem atender às expectativas da sociedade”. 

A assessora de investimentos da BlueTrade Márcia Lira, mãe de Gabriel de 4 anos, explicou que, depois do dia em que caiu no choro sem saber o que fazer, mudou a forma de encarar o trabalho. Ela se planejou para estar em alguns períodos mais presente na vida do filho, e em outros períodos, focava em melhorar seu desempenho profissional. "No primeiro mês foi desesperador, enquanto a bolsa de valores despencava, o trabalho da casa se multiplicava, assim como o contato dos clientes preocupados com seus investimentos".  

Uma pesquisa realizada pelo Instituto de Geografia Estatística (IBGE), em 2017, aponta que as mulheres brasileiras gastam, em média, 20 horas por semana com afazeres domésticos e cuidados pessoais. O tempo é o dobro em relação aos homens que gastam em média 10 horas por semana. 

Outro caso parecido foi da também assessora de investimentos, Lara Nabut, que engravidou na pandemia, e conta que o medo inicial era de ter uma gestação conturbada, que a afastasse do trabalho. Mas, com a organização, ela conseguiu melhorar o desempenho profissional. "Trabalhei até a véspera do parto, tive uma gestação muito tranquila e consegui me planejar para estar inteira, tanto com a minha equipe, quanto com os clientes".

Em menos de dois meses depois do parto, Lara já estava de volta ao trabalho. O planejamento e o foco no trabalho exigem disciplina nos horários para dar conta de amamentar, cuidar da equipe, cuidar das carteiras dos clientes, da casa e da família. 

Uma das alternativas para dar apoio às mães nessa nova versão do ambiente doméstico é desenvolver atividades que reduzam a sobrecarga de afazeres. "É importante receber apoio e suporte, formar uma rede onde as pessoas possam se revezar para ouvir, acolher e ajudar nas atividades do dia a dia", diz a psicóloga Ivana Teles.

"Mãe não é máquina, não é perfeita. Ela também precisa receber cuidado, apoio e suporte. Além de cuidar de si e lembrar de seus próprios limites é preciso construir uma responsabilidade de forma real e pedir ajuda para família", finaliza.

 


Imagem: Arquivo Pessoal/ Márcia Lira e Lara Nabut

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