Pôquer só é vício quando não há controle individual, analisa especialista

Pôquer só é vício quando não há controle individual, analisa especialista

Polêmica foi levantada por novela, que discute os perigos dos excessos

A novela das 21h da TV Globo, “A Força do Querer”, levantou uma polêmica acerca dos perigos dos vícios e dos excessos no pôquer. No caso retratado, Silvana, personagem interpretada pela atriz Lília Cabral, não tem qualquer controle quando joga pôquer, um dos esportes de maior ascensão do Brasil na última década – segundo levantamento da Confederação Brasileira de Texas Hold’em (CBTH), entidade oficial da categoria, o País já conta com mais de 7,5 milhões de competidores.

“De um modo geral, os vícios se iniciam quando, a partir da exposição a certo estímulo - como a tecnologia, por exemplo -, o indivíduo passa a precisar de cada vez mais exposição para sentir o mesmo prazer. Assim, se antes o indivíduo sentia prazer com duas horas de exposição à tecnologia, passa a precisar de oito horas para sentir a mesma sensação”, explica a psicóloga Eliana Salim Xavier, especialista em psicologia clínica.

“Momentaneamente, o vício está associado ao prazer, o que pode ser visto como uma válvula de escape. Qualquer hábito, a partir do momento em que passa a trazer algum tipo de prejuízo ao indivíduo, passa a se tornar um problema. A linha que separa o ‘saudável’ do ‘problema’ é determinada pelo grau de prejuízo que o indivíduo passa a ter em alguma esfera de sua vida (profissional, pessoal e social) associado ao sofrimento que isso provoca”, adiciona Eliana.

A administradora Juliana Fantasia joga pôquer há seis anos e concorda com a psicóloga. “É importante a novela mostrar isso. Que o vício existe em qualquer esporte, qualquer pessoa, qualquer lugar. Tudo em excesso é veneno, faz mal. Isso com o pôquer também. É preciso mostrar isso, mas muita gente acaba ‘culpando’ o pôquer. Pelo fato de rolar o dinheiro ali na hora, as pessoas concentram mais a negatividade nisso”.

No caso de Juliana, a paixão tornou-se uma oportunidade. Ela está se profissionalizando e é a atual campeã brasileira da modalidade entre as mulheres. “O pôquer é algo para vida. Para trabalho, relacionamento interpessoal, tomada de decisões, pensar de uma maneira diferente. Conseguimos levar para a vida. Fazemos amigos. A comunidade é abrangente e muito unida. Quem entra no ambiente, faz amizade na hora. Encontrei meu namorado no pôquer. É um jogo de pessoas, mais do que de cartas”, conclui.
 
 


Foto: Pixabay

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