Coronavac é 94,9% efetiva contra mortes por Covid-19, afirma Butantan
Segunda coleta de sangue para avaliação da imunidade de longo prazo nos vacinados do Projeto S

Coronavac é 94,9% efetiva contra mortes por Covid-19, afirma Butantan

Instituto informa que dados de análise do Projeto S, em Serrana, garantem efetividade da vacina

Os dados da primeira análise do Projeto S, estudo de efetividade da vacina CoronaVac que o Instituto Butantan conduziu  em Serrana, no interior de São Paulo, mostram uma efetividade direta da vacina de 80,5% do imunizante contra casos sintomáticos de Covid-19, de 95% contra hospitalizações e de 94,9% contra mortes. A pesquisa também indica que, com 52% da população vacinada com as duas doses, os efeitos indiretos começam a se manifestar, protegendo inclusive quem não tomou o imunizante. Além disso, na época do estudo (entre fevereiro e maio deste ano), a maioria dos casos era provocada pela variante gama (P.1, amazônica) do SARS-CoV-2, o que evidencia novamente que a CoronaVac é eficaz contra essa cepa – que predominou no Brasil em todo o primeiro semestre deste ano. 

Os resultados da pesquisa – conduzida por cientistas do Instituto Butantan, do Hospital Estadual de Serrana, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP) e da Secretaria Municipal da Saúde de Serrana – estão descritos em um artigo científico divulgado nesta semana na plataforma de preprints SSRN.

O Projeto S é o primeiro estudo clínico controlado que demonstra a eficiência de um imunizante no mundo real e seu efeito indireto na população não vacinada, tendo sido realizado durante uma pandemia e sem utilizar grupo controle. A pesquisa é pioneira ao demonstrar que uma vacina de vírus inativado utilizada como medida de emergência de saúde pública primária pode mudar o curso de uma epidemia. Além disso, o Projeto S – um ensaio clínico do tipo randomizado escalonado – mostra que as vacinas são o pilar para conter o número de casos e a transmissão viral e para controlar os efeitos devastadores da Covid-19.

Os voluntários do Projeto S foram vacinados com a CoronaVac, vacina do Butantan e da farmacêutica chinesa Sinovac, em um esquema de duas doses com um intervalo de quatro semanas. No total, completaram o esquema vacinal 81,3% da população adulta e 60,9% da população urbana de Serrana, o equivalente a cerca de 27 mil pessoas. Deste número, 16% eram idosos com mais de 60 anos.

A eficácia geral do imunizante foi estimada comparando a incidência de casos pré e pós-vacinação para toda a população urbana. A eficácia direta foi avaliada na relação entre a incidência de casos em indivíduos totalmente vacinados e não vacinados. Entre os totalmente vacinados, a efetividade direta da vacina foi de 80,5% na prevenção de casos sintomáticos; de 95% contra hospitalizações; e de 94,9% para prevenir mortes. Durante o período do estudo, 1.447 casos de Covid-19 foram reportados em Serrana; destes, 361 (24,9%) foram sequenciados, indicando uma incidência da variante gama de 92% a 100% na cidade.

Ao analisar o impacto da vacinação na população idosa (maiores de 60 anos), a efetividade direta da CoronaVac permanece muito alta: 86,4% na prevenção de casos sintomáticos, 96,9% contra hospitalizações e 96,9% (IC 95%, 73,9 a 99,6) para prevenir mortes.

Os pesquisadores salientam que não é possível fixar um nível mínimo de imunização para controlar a Covid-19 em uma área, mas que os resultados do Projeto S demonstram que quando 52% da população havia recebido as duas doses da vacina, os efeitos indiretos de proteção começaram a ser observados nos outros grupos que ainda não haviam completado a imunização – sugerindo um indicador de imunização para controlar a variante gama do SARS-CoV-2. Além disso, durante o período do estudo, o número de infecções entre crianças também foi reduzido, indicando o efeito indireto da CoronaVac nesta população, que não foi imunizada. No entanto, relatam que os efeitos diretos da vacinação foram superiores aos indiretos, reforçando a necessidade de se vacinar o maior número possível de pessoas e rapidamente. 

Com informações do Instituto Butantan


Foto: Divulgação/Instituto Butantan

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