A explosão de casos de  coronavírus e de gripe

A explosão de casos de coronavírus e de gripe

Com o grande aumento de casos de Covid-19 e de Influenza, médicos alertam sobre o reforço das medidas sanitárias e a importância da vacinação para evitar as doenças

Logo nos primeiros dias de 2022, aconteceu uma explosão de casos de infecção por Covid-19 e por Influenza em todo o Brasil. Uma pesquisa do Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (SindHosp), divulgada na última segunda-feira, 10, indica que 90% dos hospitais privados paulistas registraram aumento de atendimento presencial ou em telesaúde, em ambulatório e nos prontos-socorros, de pacientes com coronavírus e com gripe. Além disso, 58% dos hospitais declararam estar com o atendimento aumentado em 110%, ou seja, mais que o dobro em relação há 15 dias.

Em Ribeirão Preto, os números de casos das duas doenças e da dupla infecção têm aumentado. Uma das pessoas infectadas foi a relações públicas e assessora de imprensa Fabiana Albuquerque Campos, de 43 anos. Ela fez um teste que confirmou que estava com coronavírus. Mas, por conta dos sintomas, ficou na dúvida se estava com gripe ou com Covid-19. “Senti como se fosse uma sinusite leve. Depois comecei a tossir, por isso fiz o exame. Mas os sintomas duraram apenas quatro dias. Tomei medicamentos receitados pelo médico, muita água e repouso, além do isolamento”, detalhou.

Fabiana Campos teve coronavírus, mas, por conta dos sintomas, ficou na dúvida se estava com gripe ou com Covid-19

Há, ainda, diversos casos de dupla infecção, quando a pessoa é diagnosticada com as duas doenças. Neste caso, os médicos deram o nome de Flurona. A infectologista da Nova Bene e docente do Centro Universitário da Estácio de Ribeirão Preto, Ângela Ginbo, explicou que o termo mistura duas palavras: “flu”, que significa gripe em inglês, e “corona”, de coronavírus. “A expressão está sendo usada para designar os casos de infecção simultânea pela Influenza e pela Covid-19. Embora Flurona tenha ganhado rápida popularidade em nível mundial, é importante ressaltar que não se trata de um vírus novo”, explicou. 

De acordo com a médica, a pessoa infectada ao mesmo tempo por Covid-19 e Influenza poderá iniciar seu quadro clínico com febre, normalmente súbita, com tosse ou dor de garganta, além de outros sintomas, como dor de cabeça, dor no corpo ou dor em articulações. “Coriza pode estar presente, assim como perda do paladar e do olfato. Sensação de falta de ar ou desconforto respiratório indicam maior gravidade e o paciente deve procurar assistência médica imediata”, alertou.

Dra Ângela Ginbo explicou que o termo está sendo usada para designar os casos de infecção simultânea pela Influenza e pela Covid-19

Segundo a infectologista do Sistema Hapvida, Sílvia Fonseca, com o aumento de pessoas vacinadas contra Covid-19, aparecem casos mais leves da infecção. “Agora volta a recomendação das pessoas evitarem os prontos-atendimentos se tiverem sintomas leves de resfriado ou gripe. A telemedicina veio para ser um aliado nestes casos. Está disponível em redes públicas e privadas. A população só deve procurar assistência médica presencial em casos de falta de ar, tonturas, febre que não cede ou no caso dos idosos, crianças pequenas, pessoas com problemas do coração, pulmões ou rins, pessoas em tratamento de câncer ou com uso de drogas que baixam a imunidade, como os corticoides”, ressaltou.

A médica ainda explica por que houve uma explosão de casos de gripe, coronavírus e Flurona nos últimos dias. “No caso da Covid-19, estamos com uma variante de transmissão muito acentuada, a Ômicron, que alguns cientistas consideram ser muitas vezes mais transmissível que as outras variantes. Já no caso da Influenza, este fenômeno da ‘gripe sazonal’ acontece todos os anos, quando as pessoas se aglomeram mais, geralmente no inverno. Com o relaxamento no uso de máscaras e no distanciamento social por conta das festas de fim de ano, observamos uma disseminação mais rápida destes dois vírus”, afirmou.

Importância da vacinação 

Além disso, Sílvia enfatiza a importância da vacinação e o reforço dos cuidados para evitar as doenças. “As vacinas contra a Covid-19 têm um papel muito importante para evitar hospitalização e morte, e têm desempenhado este papel no mundo todo. Principalmente no Brasil, onde chegamos a documentar milhares de óbitos por dia por coronavírus. A vacina da gripe sempre foi importante para evitar hospitalizações e mortes; na atual gripe, temos a circulação de uma variante de H3N2 que não está na vacina da gripe do ano passado, mas, ainda assim, quem puder tomar a vacina da gripe do ano passado deve fazê-lo, pois estará protegido de outros três tipos de gripe. Aglomerar sem máscaras, provavelmente, facilitou a disseminação desta variante de Covid-19 muito transmissível (Ômicron) e da H3N2 não contemplada na vacina do ano anterior”, salientou.

Dra Silvia Fonseca disse que os cientistas consideram a Ômicron muitas vezes mais transmissível que as outras variantes do coronavírus

O infectologista do Hospital São Lucas, Luiz Fernando Freitas, disse que, em tempos de negacionismo, a resposta sobre a importância da imunização vem da ciência. “A gente tem visto uma população de não vacinados para a Covid-19 que está adoecendo com uma gravidade muito maior. Conforme as cepas vão variando, a tendência é que haja uma proteção reduzida para as variantes. No entanto, mesmo com a proteção reduzida, ainda que não iniba a infecção do indivíduo, a vacina abrevia o curso da doença e reduz a gravidade. Se a população não tivesse sido vacinada, nós estaríamos vivendo aquele horror do início de 2020. Sobre a gripe, a gente já viu que as vacinas são feitas anualmente, a partir dos vírus identificados no ano anterior, por isso a explosão de casos de H3N2”, ressaltou. Ele explica que, mantendo os cuidados anteriores, com distanciamento social, uso de máscara, a limpeza das mãos com álcool em gel e evitar aglomerações, é possível prevenir as infecções pelas duas doenças. 

Dr Luiz Fernando Freitas alertou que as pessoas que não se vacinaram contra o coronavírus estão adoecendo com uma gravidade muito maior

Nas redes sociais e no WhatsApp, é comum as pessoas compartilharem receitas de chás, indicarem o uso de vitamina D e outras sugestões para evitar as infecções por coronavírus e gripe. No entanto, o infectologista e docente da Unaerp, Cláudio Penido Campos Júnior, alertou que essas dicas não são eficazes. “Não é conhecida nenhuma medida de receitas caseiras que comprovadamente diminua o risco de Covid-19. Sobre a utilização de vitaminas, não há comprovação científica robusta que justifique uma orientação geral desse tipo de substância para a doença”, destacou. 

Dr. Cláudio Penido Campos Júnior ressaltou que não é conhecida nenhuma receita caseira que comprovadamente diminua o risco de Covid-19


Fotos: Revide

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