Ausência nos postos de vacinação

Ausência nos postos de vacinação

Segundo a Secretaria Municipal da Saúde, cerca de 128 mil pessoas não tomaram sequer a primeira dose dos imunizantes contra a Covid-19 ou estão com o ciclo vacinal incompleto na cidade

*Matéria publicada na edição 1101 da revista Revide.

Alívio. Esse é o sentimento da enfermeira Viviane Macônego Pereira Flauzino, de 38 anos, ao ver sua família vacinada contra a Covid-19. Ao lado de sua filha Mariana Macônego Flauzino, de seis anos, e de sua mãe, a dona de casa Joana Darc Macônego Pereira, de 63 anos, ela conta que tem sido muito complicado trabalhar na área da saúde durante a pandemia, pois muitas pessoas ainda não têm a consciência de se imunizar.

“Por conta disso, temos de ter todo cuidado para não pegar e não transmitir o vírus para nossos amigos e familiares. Agora, com todos da minha família vacinados, fico mais feliz, tranquila e aliviada, pois nós estamos protegidos. Aconselho que todos pensem que o imunizante é para o nosso bem, pois só assim teremos uma vida mais tranquila”, explica a enfermeira.

No entanto, essa não é a realidade em todos os lares de Ribeirão Preto. De acordo com o secretário municipal da Saúde, José Carlos Moura, em uma coletiva realizada no último dia 16, 128 mil pessoas não tomaram sequer a primeira dose das vacinas contra a Covid-19 ou estão com o ciclo vacinal incompleto. Ele detalhou que 87% das pessoas aptas a serem imunizadas tomaram a primeira dose, mas 13% ainda não foram aos postos de saúde, o que representa cerca de 90 mil moradores sem qualquer vacina. No caso da segunda dose, há 38 mil faltosos.

Os números são bastante expressivos. A diretora do Departamento de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal da Saúde, Luzia Márcia Romanholi Passos, afirma que a pasta tem reiterado as orientações sobre a importância da vacinação contra o coronavírus. Porém, apesar do oferecimento diário de agendamentos para a imunização, com cerca de quatro mil vagas por dia, muitas pessoas ainda não se decidiram pela vacinação. “Acreditamos que as muitas ‘fake news’ sobre o assunto têm contribuído para fomentar dúvidas quanto a possíveis eventos adversos.

Aproveitamos para reafirmar a segurança das vacinas contra o coronavírus, aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e a importância dos imunizantes na prevenção das formas mais graves da doença. As vacinas são comprovadas cientificamente como seguras e a secretaria orienta a todos a se vacinarem contra a Covid-19”, recomenda.

Luzia ressalta que os agendamentos para vacinação são disponibilizados diariamente no site da Prefeitura de Ribeirão Preto, com divulgação pela imprensa oficial e geral e redes sociais oficiais, além de manifestações e orientações dadas pelos profissionais que atuam na rede municipal de saúde. No momento, os imunizantes disponíveis e aprovados no Brasil são Coronavac, Pfizer, Janssen e Astrazeneca. Pode ser imunizado quem tem a partir de 5 anos, sem limite máximo de idade. Até a última terça-feira, 22, 645 mil pessoas morreram por causa da Covid-19 no país.Joana Darc, Mariana e Viviane estão aliviadas agora que toda a família está imunizada contra a Covi d-19

Proteção coletiva

Docente do curso de Medicina do Barão de Mauá, a infectologista Karen Morejón esclarece que a vacina é um pacto da sociedade e, quanto mais pessoas estiverem imunizadas contra a Covid-19, maior será a proteção coletiva contra a doença e o vírus terá menos chances de circular. Além disso, ela relata que tem sido observado que pacientes vacinados, quando se infectam, fazem quadro com menor gravidade da doença e isso se reflete na redução de internações.

A médica acredita que tantas pessoas ainda não se vacinaram em Ribeirão Preto porque não acreditam na gravidade que a Covid-19 pode alcançar em alguns pacientes, e outras podem ter dúvidas sobre a qualidade e a eficácia dos imunizantes disponíveis contra o coronavírus. Por isso, é muito importante que tenham acesso à informação de qualidade.

“Todas as vacinas produzidas passam por uma sequência de etapas obrigatórias antes de serem comercializadas. São várias fases, começando na pesquisa da molécula, passando por testes em animais, até as fases de testes em voluntários. As vacinas que estão sendo utilizadas passaram por essas etapas e foram aprovadas pela Anvisa. Dessa forma, elas têm a qualidade necessária para que as pessoas as utilizem com segurança”, informa. 

A infectologista defende que, ampliando as coberturas vacinais, maiores serão as chances de controle da pandemia. “É difícil prever que a pandemia acabará logo, mas podemos dizer que, com o auxílio de todos, podemos ter um maior controle da circulação do vírus. Por isso, orientamos que as pessoas busquem pela vacina, para que assim estejam protegidas e protejam o próximo. Os imunizantes sempre são sobre ‘eu e você’. Eu te protejo e você me protege”, completa Karen. 


Foto: Revide

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