Cenário de Covid-19 mais favorável ainda requer cautela e atenção, diz Fiocruz
Pandemia no Brasil: Fiocruz orienta que o país acelere e amplie as campanhas de vacinação e cobertura vacinal

Cenário de Covid-19 mais favorável ainda requer cautela e atenção, diz Fiocruz

Pesquisadores da fundação recomendam que a população deve manter os protocolos de distanciamento físico, higienização das mãos e uso de máscaras

A nova edição do Boletim do Observatório Covid-19 Fiocruz aponta para uma tendência de estabilização dos principais indicadores da transmissão da Covid-19. De acordo com os pesquisadores do Observatório, esses números mostram os bons resultados que o Brasil tem obtido com a campanha de vacinação, que tem como um dos seus principais objetivos a redução do impacto da doença. Eles salientam que a dose de reforço também mostra impactos positivos, com a redução das internações e mortes entre idosos. Apesar do cenário favorável, o boletim, divulgado nesta quinta-feira, 2, recomenda que a população deve manter os protocolos de distanciamento físico, higienização das mãos e uso de máscaras, nesse último caso sobretudo em locais fechados. 

Na Semana Epidemiológica (SE) 47 (21 a 27 de novembro), verificou-se uma tendência à estabilização dos principais indicadores da transmissão da Covid-19. Foram notificados, ao longo da SE 47, uma média diária de 9,2 mil casos confirmados e 230 óbitos por coronavírus no Brasil. Esses valores representam um pequeno aumento do número de casos registrados (1,6% ao dia) e de mortes (2,4% ao dia) em relação à semana anterior (14 a 20 de novembro).

Ainda de acordo com o boletim, as taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos no Sistema Único de Saúde (SUS) obtidas em 29 de novembro mostram tendência de queda ou relativa estabilidade do indicador, com exceção de três unidades da Federação: Rondônia, Pará e Distrito Federal. Entre as capitais, três (Porto Velho, Brasília e Porto Alegre) estão na zona de alerta intermediário. Outras 20 capitais, que tiveram taxas divulgadas, estão fora da zona de alerta. E quatro delas (Belém, Fortaleza, Recife e Aracaju) não têm as suas taxas divulgadas separadamente dos índices estaduais, já que nessas cidades não há leitos ativos de UTI destinados exclusivamente à Covid-19.

O boletim também faz uma análise da disparidade de aplicação de vacinas no mundo. Mesmo na União Europeia, onde há países com largas parcelas de suas populações com alta cobertura vacinal completa, existem grandes disparidades. Se, na Alemanha, a cobertura vacinal completa alcança 67,9% da população, na Romênia e na Bulgária esse número despenca para, respectivamente, 38,8% e 25,6%. No continente africano, esses indicadores são muito piores e a cobertura vacinal completa média é de 7,3%, sendo que em alguns países a campanha de imunização ainda nem começou.

Os pesquisadores reforçam que “as iniquidades na distribuição e acesso às vacinas no nível global, combinadas com o limite das campanhas de vacinação em países com disponibilidade e acesso às vacinas, vêm contribuindo para o surgimento de variantes de preocupação. Mais recentemente, foi identificada a Ômicron, já presente em vários países e identificada por pesquisadores da África do Sul”. O boletim lembra que não haverá proteção para alguns países e populações se não houver vacinas para todos, sendo que, no Brasil, o princípio da equidade é um pilar do SUS.

Os pesquisadores afirmam que o SUS tem mostrado, “neste processo, o quanto seus princípios são diferenciais para superar os desafios de planejar a saúde pública em um país tão desigual. Portanto, além de manter o aumento da cobertura da vacinação completa, deve-se insistir na busca por pessoas que ainda não tomaram as primeiras doses, seja por resistência ou por dificuldade de acesso”.

Por fim, o boletim destaca que, diante da proximidade do verão, um período de festas populares, não se pode ser indiferente às precauções adotadas em outros países. Os alertas são indicativos para que o Brasil acelere e amplie as campanhas de vacinação e cobertura vacinal, para que se atinja pelo menos 80% da população geral com o esquema completo. Por fim, é necessário ter muita cautela e precaução na adoção de medidas de flexibilização, bem como de exigência de dados atualizados, oportunos e transparentes para o monitoramento de qualquer sinal de mudança.

*Com informações da Agência Fiocruz de Notícias


Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

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