Desrespeito ao isolamento social foi um dos motivos para prorrogação da quarentena, diz governo

Desrespeito ao isolamento social foi um dos motivos para prorrogação da quarentena, diz governo

Segundo governo do Estado, houve um aumento de 3.330% da pandemia no interior e no litoral do Estado no mês de abril

O período de quarentena foi prorrogado em todos os municípios do Estado de São Paulo, até o dia 31 de maio. A informação foi dada durante coletiva de imprensa convocada no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, pelo governador João Doria (PSDB), nesta sexta-feira, 8.

"Queria dar uma notícia diferente, mas o cenário é desolador: teremos que prorrogar a quarentena até o dia 31 de maio", declarou Doria. Inicialmente, as primeiras medidas de relaxamento da quarentena estavam programadas para a próxima segunda-feira, 11.

Sobre a possibilidade de tomar medidas mais duras, como um lockdown, Doria declarou que a medida ainda não está descartada. "Nós não estamos propondo um lockdown, mas não está descartado. Nós esperamos que isso não tenha que ser praticado, mas para isso vamos ter que depender muito de vocês que estão em casa", alertou.

Segundo um estudo da Universidade de São Paulo (USP) mencionado por Doria, em média, são salvas 51 vidas por dia no Estado devido às medidas de isolamento social.

"Nenhum país do mundo conseguiu realizar a flexibilização com a curva de contaminação em alta. Infelizmente, nas ultimas semanas, houve um desrespeito pela quarentena e o número de casos aumentou dramaticamente", disse o governador.

De acordo com o governo do Estado, houve um aumento de 3.330% da pandemia no interior e no litoral do Estado no mês de abril. Na região metropolitana de São Paulo, o aumento foi de 770% durante o mês.

"Estamos atravessando o pior momento dessa pandemia. Só não reconhecer aqueles que estão cegos pelo ódio ou pela ambição pessoal. Autorizar o relaxamento agora, seria colocar em risco milhares de vida, o sistema de saúde e a recuperação econômica", afirmou Doria.

Segundo Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, a taxa de isolamento social ideal seria em torno de 70% e o mínimo para se manter níveis aceitáveis seria de 55%. Em Ribeirão Preto, durante o mês de abril, a média foi de 47%.

Para chegar ao número de pessoas em casa, o governo estadual utiliza o monitoramento via sinal de celular, que é feito nas 104 cidades com mais de 70 mil habitantes.  Segundo o diretor, são estimadas, até o final do mês, entre 90 e 100 mil casos em todo o Estado e uma estimativa de 9 e 11 mil mortes.

"Nós não conseguimos alterar essa curva com as medidas que nós tomamos hoje, porque isso já está em curso. Vamos ter o poder de alterar a curva a partir de duas semanas", alertou Covas.

Flexibilização e economia

Para que haja uma flexibilização e uma saída do período de isolamento social o governo leva em consideração a taxa de ocupação de leitos e o índice de contágio.

Ambos os indicadores são afetados, diretamente, pelo respeito às medidas de isolamento social. Segundo Covas, o período mínimo para se realizar uma análise dos efeitos das medidas é de 14 dias.  Indicadores semelhantes são utilizados nos Estados Unidos, Alemanha, Áustria e Nova Zelândia.

No momento, segundo o secretário de Saúde, José Henrique Germann, a ocupação de leitos no interior do estado é de 70% para UTIs e de 51% para enfermagem. 

Paralelo ao trabalho da Saúde, a equipe econômica do governo também estuda as medidas para a reabertura do comércio e serviços. Os economistas avaliaram quais são os segmentos mais afetados pelo coronavírus, tanto do ponto de vista da saúde, quanto da crise econômica.

Segundo o estudo, serviços domésticos, academias, salões de beleza e estética e parte do comércio, estão entre os mais vulneráveis e que deverão ser priorizados no momento em que for determinada a flexibilização. Todavia, ainda não há prazo para que isso ocorra.

Segundo o secretário de Economia e Planejamento, Henrique Meirelles, há um equivoco em se relacionar a crise econômica diretamente ao isolamento social.

"Parece óbvio, mas a crise é causada pela pandemia e não pelo isolamento. Por exemplo, o setor do serviços domésticos foi um dos mais afetados, mesmo sem nenhuma restrição. Isso por conta da preocupação das pessoas", ilustrou Meirelles.

Para o secretário, quanto mais rápido for controlada a evolução da pandemia, mais rápido será a recuperação dos empregos e rendas. Meirelles citou a situação do Reino Unido, que demorou para tomar medidas mais rígidas de isolamento e, agora, projeta uma queda de 14% na economia para o ano. 

Ribeirão Preto

Antes do início da coletiva, o prefeito de Ribeirão Preto, Duarte Nogueira (PSDB) foi até a capital para tratar de assuntos referentes ao isolamento social. Ao lado de outros seis prefeitos, Nogueira foi convidado pelo para ser membro do Conselho Municipalista de Transição e Retomada do governo do Estado, a primeira reunião será realizada no dia 11 de maio.

O prefeito convocou uma coletiva para esta sexta-feira, às 17h30, para divulgar as medidas que serão adotadas em Ribeirão Preto a partir da próxima segunda-feira.


Fotos: Governo do Estado de São Paulo

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